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- Elisa - minha mãe chamou do outro lado da porta. - Abre a porta.

Eu levantei a cabeça do travesseiro e criei coragem para me levantar e caminhar até a porta.

Assim que abri a porta para minha mãe, voltei para cama, me deitando de bruços.

- Seu pai me falou o que aconteceu - ela disse, se sentando na minha cama.

Não falei nada em resposta. Apenas fiquei com a cabeça deitada no travesseiro.

- Eu já conversei com ele - ela continuou. - Você não está mais de castigo.

Ah, ótima notícia.

Mas mesmo assim não movi nenhum músculo e nem falei nada. Só fiquei esperando para ver se ela iria dizer mais alguma coisa.

- Levanta dessa cama - disse ela. - Você  precisa comer alguma coisa.

Eu suspirei e me sentei na cama. Eu me sentia horrível, pois tinha certeza de que meus olhos estavam inchados por eu ter derramado algumas lágrimas e além disso, eu não queria ver a cara do meu pai pelo resto da noite.

Minha mãe e eu percorremos o corredor e seguimos pela sala. Para a minha decepção, meu pai estava lá, sentado no sofá com um livro em mãos.

Ele parou a sua leitura e ergueu o olhar na nossa direção.

- Finalmente você saiu do quarto - disse ele.

Que ódio.

- Não estou a fim de falar com o meu pai opressor - retruquei.

Ele tirou seus óculos de descanso, me encarando com seus olhos desafiadores.

- Eu acho que alguém esqueceu com quem está falando...

- Chega, Mateus - minha mãe o interrompeu. - Nós já conversamos sobre isso e você pegou pesado.

- Eu só estou protegendo a minha família, Thaissa - ele disse.

Meu Deus, isso não tinha como piorar.

- Protegendo a sua família? - eu repeti, raivosa. - Você agiu como se tivesse me pegado na cama com o Pedro quando, na verdade, a gente só estava estudando!

- Você estava sozinha com ele! - meu pai disparou. - Eu não confio nesses caras e não duvido nada de que o plano dele é te levar pra cama!

- Mateus, por favor - minha mãe disse. - Você está parecendo a minha mãe quando a gente namorava. Para de ser neurótico.

- Eu nunca tirei a razão da sua mãe, meu anjo.

- Não me importa. O assunto aqui é a nossa filha e você não vai proibir os amigos dela de virem aqui - minha mãe o encarou. - Assunto encerrado.

Eu sorri com o que minha mãe disse, apreciando a expressão inconformada do meu pai.

- Quando a merda acontecer, não diga que eu não avisei - dito isso, ele voltou a atenção para o seu livro.

Eu ignorei o que ele disse e me direcionei até a cozinha. Era melhor eu deixar as atitudes grotescas do meu pai de lado, pois minha barriga já estava roncando de fome.

Na manhã seguinte, meu pai decidiu me levar de carro até o colégio e permanecemos em total silêncio até ele estacionar em frente ao portão.

Em seguida, eu tirei o cinto de segurança e abri a porta do carona sem sequer direcionar um olhar para ele.

- Não vai se despedir de mim? - ele perguntou.

Ele fez eu me sentir humilhada e ainda queria que eu falasse com ele como se nada tivesse acontecido?

Não Me Abandone Where stories live. Discover now