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Eu estava deitada na minha cama, assistindo o filme clássico Meninas Malvadas quando ouvi duas batidas na porta, seguida da voz da minha mãe:

— Lisa?

— Já vai — avisei, pausando o filme e saindo da cama.

Assim que abri a porta do meu quarto, minha mãe esboçou um meio sorriso e perguntou:

— Tá ocupada?

— Não. Por quê?

— Vamos conversar um pouco — ela passou por mim e entrou no quarto.

Eu a olhei, levemente confusa.

— Conversar? — perguntei. — Por quê?

— Só conversar — ela disse simplesmente e deu duas batidinhas no colchão ao seu lado. — Senta aqui.

Eu fiz o que ela disse e a olhei, esperando que ela não soltasse uma bomba no meu colo.

— Então... como amanhã é sábado, seu pai e eu convidamos a Camile pra sair com você. É uma ótima oportunidade pra vocês duas se conhecerem melhor.

— Espera — falei, processando a informação. — Vocês fizeram o quê?

Minha mãe me fitou e disse:

— Elisa, por favor. Você já está bem grande pra ficar de birra.

— De birra? — repeti. — Vocês nem me perguntaram se eu ia estar disponível! Amanhã eu tenho compromisso com o Teo!

— É só marcar pra outro dia. Vocês têm as férias inteira para ficar juntos.

— Eu não acredito nisso...

— Por favor, filha. É uma boa causa. Amanhã é a folga da Camile e ela está fazendo o possível para ser amigável.

Dessa vez fui eu que encarei minha mãe.

— Ela quer distância de mim — falei. — Você sabia disso?

Um misto de surpresa e desconfiança percorreram os olhos da minha mãe.

— Elisa, o que você fez? Seu pai já conversou com você.

— Eu não fiz nada! Foi ela que disse isso!

Minha mãe respirou fundo, olhou na direção da pequena TV na parede e disse:

— Já está marcado. Você vai sair com ela e ponto final.

No instante seguinte, ela se levantou e saiu do meu quarto, fechando a porta atrás de si.

Eu soltei um longo suspiro e tentei me conformar com a situação. Pelo menos, eu estava de férias e tinha alguns dias pela frente para ficar com Teo.

***

Na tarde seguinte, meu pai parou o carro em frente ao shopping e antes de eu colocar o pé na calçada, ele disse:

— É melhor você tratar a Camile bem.

Eu olhei para ele.

— Falando assim até parece que eu sou um monstro.

Meu pai esboçou um meio sorriso antes de falar:

— Se você fazer alguma gracinha, eu vou ficar sabendo, anjinho — ele se inclinou e deu um beijo na minha bochecha. — Se divirta.

Abri a porta do carona e saí do carro, seguindo na direção da entrada do shopping. Passei pelo segurança e continuei caminhando pelos corredores de pisos lustrosos do estabelecimento.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now