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Depois que Camile foi embora naquela tarde, eu me dirigi até o meu quarto e estava prestes a fechar a porta quando meu pai se colocou entre o batente, segurando a porta.

— Que susto — falei, dando alguns passos para trás.

Meu pai me olhou com sua expressão indecifrável e eu cruzei os braços.

— O que foi? — perguntei, meio receosa.

— Por que você ignorou a Camile?

— O quê?

— Eu pedi pra você ser legal com ela, mas você agiu como se a garota nem estivesse aqui, Elisa.

— Pai, eu tentei, eu...

— Você não tentou coisa nenhuma — ele me interrompeu e avançou na minha direção. — Você fez questão de mostrar pra ela que ela não é bem-vinda aqui.

— Ela te disse isso? — perguntei, a raiva começando a se misturar com a minha decepção.

— Não, mas eu te conheço. Eu percebi que você não tava nem um pouco a fim de conhecê-la.

— Meu Deus, pai! Eu nem a conheço! Você queria que eu tratasse ela como se fôssemos melhores amigas?!

— Eu pedi pra que você fosse simpática com ela. Já que você não consegue ter empatia, bastava fingir pelo menos!

Eu o encarei, chocada.

— Você nem me conhece, pelo visto...

— Talvez eu não te conheça mesmo — meu pai me encarou com o olhar duro e frio. — Só pra refrescar a sua memória, a Camile é importante pra gente e eu não vou permitir que você a trate desse jeito de novo.

— Mas eu nem fiz nada!

— Exatamente! — ele parecia revoltado. — Você nem se esforçou.

Uma lágrima teimosa rolou por minha bochecha de repente.

— Desculpa... — limpei a lágrima com as costas da mão.

Meu pai continuou me encarando e pela sua expressão irritada, ele não estava nada feliz comigo.

Em seguida, ele soltou um suspiro e se virou, saindo do meu quarto e fechando a porta.

Eu apenas me joguei na minha cama e deixei as lágrimas virem à tona.

Eu me sentia tão inútil e frustrada.

Não era a minha intenção fazer a Camile se sentir desprezada por mim. Eu não a odiava, mas eu também não simpatizava tanto assim com ela.

Eu só queria ficar na minha zona de conforto.

***

Dois dias depois, eu adentrei a sala de aula do colégio e sentei no meu lugar habitual.

— Que cara é essa?

Olhei para o lado, me deparando com Victória.

— Nada não — respondi.

— Aconteceu alguma coisa? — foi Marcela que perguntou dessa vez. — Não vai me dizer que o Teo aprontou dessa vez. Do jeito que ele é, eu não duvido nada.

Eu olhei para ela.

— Ele não fez nada — expliquei. — Isso não tem nada a ver com ele. É só o meu pai — fiz uma pausa. — Ele levou uma garota lá em casa. Ela cresceu em orfanatos e tudo o mais e adivinha? Eu fui uma ogra com ela porque eu sou uma mimada privilegiada, que vive numa bolha e não sabe como a vida é difícil pra algumas pessoas. É basicamente isso que o meu pai pensa de mim.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now