Sentir

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Hinata percebeu seu coração solavancar em meio ao silêncio que se fez. Não compreendia as coisas que começava a sentir quando pensava sobre Neji, porém estava disposta a entender. Antes, quando pensava no primo, via-o como alguém a ser seguido e admirado, o gênio mais habilidoso de todo clã Hyuuga, e depois o amigo e mestre. Após se entenderem, formaram uma aliança secreta de cumplicidade e apoio mútuo. No entanto Neji parecia diferente do que era depois de ter despertado do coma, talvez isso devesse ao fato de ele estar querendo aproveitar as coisas com maior intensidade depois da experiência de quase morte, talvez estivesse apenas tentando mostrar quem realmente era sem ressalvas e deixar de lado seu jeito contido, mas Hinata também não conseguia parar de pensar na possibilidade de haver algo mais nisso tudo.

Soltou um suspiro enquanto continuava a empurrá-lo pela calçada silenciosa da rua que ligava a vila ao distrito do clã, esperando com calma uma resposta. Havia, contudo, incertezas em seu coração: estava começando a descobrir que já não via Naruto como antes, e isso era algo um pouco assustador para alguém que pensava amar uma pessoa por tanto tempo. Se Neji dissesse que sentia algo a mais por ela, não saberia como reagir, por outro lado, porém, havia uma coisa no fundo de seu peito que ansiava por isso, seu ego talvez.

Era engraçado pensar sobre isso nesse momento, mas também interessante perceber que nunca recebera alguma carta de amor enquanto estudava, nunca percebeu interesse de absolutamente ninguém por ela. Por um lado, notar isso era triste, em principal se pensasse que, enquanto ninguém a enxergava, ela estava o tempo inteiro observando Naruto, mesmo que de longe, desejando por ele. Perdi tanto tempo, pensou ela. Tenho amigos que se importam comigo e, em vez de aproveitar a companhia deles, me juntava ao grupo só por ter esperanças de que Naruto estaria junto. Tudo o que fiz foi por ele e por influência do que sentia por ele, e agora eu quero começar a fazer as coisas por mim.

Sorriu, sentindo-se de repente liberta.

— Neji? — perguntou ela.

— Eu não sei o que dizer — falou ele, por fim. — É difícil colocar em palavras como me sinto e o quanto você importa para mim. Mas... Eu gosto de você e gosto de ver você se superar. Eu gosto de saber que você está bem, de ver você feliz. Eu simplesmente me importo com você e com as coisas que você faz ou resolve deixar de fazer.

Sentiu-se arrepiar. Havia muito naquelas palavras, porém Hinata sentiu ainda mais levando em consideração o tom de voz reverente e baixo que Neji usou. Enquanto falava, era como se ele a estivesse confidenciando algo que escondera há muito em seu coração, e pensar nisso fez seu corpo aquecer.

— Obrigada — sussurrou ela, solene.

Não queria alimentar falsas esperanças sobre a possibilidade de Neji sentir algo por ela, mas também não queria descartar isso de vez. Pensar que alguém a desejava fazia seu coração feliz.

Continuaram o caminho calados, mas as coisas ditas por ele permaneceram na mente de Hinata. Eram um bálsamo depois da breve e intensa reunião do conselho Hyuuga.

Adentraram as portas do hospital faltando pouco mais de dez minutos para os medicamentos da noite de Neji, e ela ficou grata por terem chegado a tempo, pois havia se esquecido por completo disso até passarem pela recepção. Pensou em chamar alguma enfermeira para a ajudar a colocar Neji na cama, porém decidiu fazer essa tarefa sozinha.

— Está tudo bem? — questionou ele, após Hinata acender a luz e fechar a porta do quarto.

— Sim... está.

— Tem certeza? Você ficou bastante quieta durante o caminho todo.

Hinata se sentou na cama dele, de frente para Neji, e o encarou. Prendeu a respiração ao notar como ele a observava, com olhos tão cheios de ternura e dúvidas, e sentiu seu coração se acelerar outra vez. O que é isso?..., questionou a si mesma, porém, no fundo, já começava a compreender.

EpifaniaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora