A determinação e a amizade

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Sakura?

A médica ninja acordou assustada e se sentou de imediato, olhando ao redor. Uma fina camada de suor cobria sua pele, a respiração estava acelerada e o coração permaneceu preso na garganta enquanto ela sondava a escuridão que pairava sobre a praia. A voz de Naruto chamando seu nome ecoou mais uma vez em sua mente, cravando fundo em seu coração o tom triste e desesperado por ajuda.

Estamos indo, Naruto. Já estamos quase chegando.

Mesmo no meio de toda a escuridão da madrugada, ela conseguia avistar a silhueta das ilhas que ficavam a quilômetros da costa. Uma daquelas era a Ilha de Tomorei, o lugar onde seu amado devia estar sendo mantido cativo. Ali próximo às suaves e espumosas ondas do mar, jazia o barco que ela e Sasuke conseguiram alugar na mão de um dos moradores da aldeia pesqueira onde estavam. Tinham tudo preparado para salvar o Uzumaki, estavam descansados, com a reserva de chakra mais do que abastecida, mas ainda assim precisavam manter a vontade guardada até que o reforço chegasse até eles. Pelo que Tsunade dissera no dia anterior, Hinata e Neji deviam estar no navio naquele momento, indo em direção a eles. Pensar que logo conseguiriam agir, agitava o estômago de Sakura Haruno em pura e dolorosa ansiedade.

Ergueu-se da cama improvisada com folhas de palmeiras. Olhando para trás, observou as casinhas de palha e madeira dos moradores da aldeia. O lugar era pequeno, com apenas quinze famílias, mas era organizado e aconchegante. Haviam oferecido leito para ela e Sasuke passarem a noite, no entanto eles acharam por bem fazer vigias e permanecer ao relento para caso algum dos capangas da senhora Aiko os tivesse seguido, até porque a última coisa que queriam era pôr a aldeia e seus moradores em risco depois de eles terem os acolhido tão bem.

Com o peito mais leve, porém com a voz de Naruto chamando-a ainda vívida em sua mente, Sakura pegou suas sandálias na mão e enfiou os pés na areia fria, indo em direção à entrada da aldeia. A sensação da areia entre seus dedos dos pés e da maresia em sua pele e cabelos parecia deixá-la relaxada e era difícil afastar o pensamento de que gostaria de poder estar ali com Naruto ao seu lado. Suspirou. Afastá-lo de sua mente era sempre uma das coisas mais difíceis, mas precisava tentar se quisesse manter a sanidade. Já bastavam os sonhos incessantes que tinha com ele, que se arrastavam na mente dela durante todo o resto do dia, atormentando-a.

A Haruno parou ao lado de Sasuke, que estava sentado em cima de uma grande pedra enquanto limpava suas armas ninjas. Ele permaneceu com os olhos voltados à kunai na mão dele, enquanto ela observava o entorno, em busca de qualquer coisa estranha.

Claro, ela sabia que não encontraria nenhuma falha na vigia de Sasuke. Ela sabia que não haveria nenhum perigo por perto com ele tão relaxado ali sentado, no entanto o treinamento e o costume falavam mais alto nessas situações.

— Não conseguiu dormir outra vez? — A voz dele era calma e grave. Sakura o encarou e prendeu a respiração ao vê-lo olhando-a com intensidade; ele não costumava encarar as pessoas ao falar, era desfocado demais para isso, então se deparar com aqueles faróis ônix tão concentrados nela era desconcertante.

— Não consigo afastar os sonhos — disse ela, e balançou a cabeça levemente em desagrado. — Meu subconsciente está gritando para que eu faça alguma coisa.

— Mas não pode ser imprudente...

— Eu sei — cortou ela, e se sentou na pontinha da pedra onde ele estava. Sasuke não se mexeu um milímetro sequer do lugar para dar espaço a ela, então Sakura se manteve equilibrada na ponta. — Não precisa se preocupar com isso. Já disse. Não vou fazer nada impensado, jamais colocaria você e a missão em risco.

Ele soltou um suspiro parecendo aliviado, e ela olhou para ele com a testa franzida, sentindo-se ofendida com a expressão de alijamento dele. Ele achava mesmo que existia a possibilidade de ela fazer algo imprudente, como ir sozinha invadir aquela ilha? Ah, Sasuke podia estar mudado com relação a muitas coisas, mas ainda parecia subestimá-la algumas vezes e isso a irritava.

EpifaniaWhere stories live. Discover now