Inimigos da Folha

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Estar diante daquela situação foi bastante embaraçoso, em principal por conta do passado que existia entre todos eles. Claro que aquilo não era culpa de ninguém e claro que eles não deviam se envergonhar pelo que estavam fazendo, no entanto Hinata também compreendia que não podia ser culpada pela pontada que sentiu no peito, assim como sabia que Sasuke não podia ser culpado pela cara amarga que fazia enquanto via Naruto beijar Sakura com tamanho fervor.

O mais estranho de tudo para a Hyuuga? Ela não sentia mais nenhum tipo de sentimento romântico pelo Uzumaki. A pontada de surpresa, ciúmes e talvez um pouquinho de inveja apenas a atingiu por um motivo egocêntrico; e, acredite, ela era altruísta o bastante para reconhecer isso, o que a deixava ainda mais embaraçada pela situação. Ela sabia ter se sentido daquela forma apenas pelo fato de ter passado muitos anos amando Naruto sem ter sido correspondida e ter visto agora ele nos braços de outra. Era uma coisa boba, uma coisa sem o mínimo de cabimento, mas ainda assim foi o que aconteceu. Hinata sentiu-se terrível por aquilo, mas também tinha plena ciência de que não podia mandar em seu coração: ele sempre fazia o que queria, simples assim.

Ao seu lado, o rosto amargo de Sasuke era bastante perceptível, o que também era metade surpresa para ela, já que o Uchiha quase nunca demonstrava o que sentia, porém nada disso era preocupação para Sakura e Naruto, que se beijaram e se abraçaram de forma espontânea e demorada. O que findou a situação foi quem ela menos esperava: Neji.

O Hyuuga soltou um riso grave e se aproximou do casal, colocando as mãos no ombro de cada um deles assim que eles se separaram. Hinata notou que o sorriso que estampava o rosto de Neji era o mesmo sorriso de um vencedor de uma aposta, o que fez com que ela compreendesse que ele, de alguma forma, sempre soube que aqueles dois se solidificariam como um.

— Até que enfim vocês dois — disse ele, um tom brincalhão que o tomava com raridade, e Sakura ficou tão vermelha, que Hinata se compadeceu dela. — Como você está? — ele questionou, voltando-se a Naruto, e Sakura se afastou um pouco.

O rapaz que jazia na cela ao lado de Naruto observava tudo com a face um pouco confusa e triste, e Sakura, ainda com o rosto queimando, foi ajudá-lo. Hinata se sobressaltou quando Naruto tocou seu ombro e em seguida a abraçou. Foi nesse momento apenas que percebeu que tinha se aproximado involuntariamente dele enquanto observava Sakura.

— É tão bom ver vocês! — cantou Naruto, soltando-a para em seguida cumprimentar Sasuke com tapinhas nas costas.

Hinata balançou a cabeça em desaprovação. Aqueles dois eram doentiamente amigos, mas não eram capazes de se cumprimentarem de forma adequada, como duas crianças birrentas no jardim de infância.

— Estávamos todos preocupados — disse ela por fim. — Que bom que pudemos ajudar.

Neji se colocou ao seu lado. Ao encará-lo, Hinata se sentiu envergonhada de imediato. O olhar duro que ele a lançou confirmava que ele havia percebido a estranheza que a tomou quando presenciou o beijo entre Naruto e Sakura e como ela sem querer se aproximou dele para o cumprimentar.

— Vou ajudar a Sakura — disse com rapidez, uma mera desculpa para se afastar.

A médica ninja ainda conversava com o rapaz dentro da jaula, e Hinata se colocou ao lado da amiga, percebendo-a corar mais uma vez ao olhar para ela. Coitada, pensou. Acho que também ficaria um bom tempo com vergonha depois de um beijo como aquele na frente de outras pessoas. O Naruto não tem jeito...

— Jamais deixaríamos o Naruto por conta própria — disse Sakura ao rapaz. — Acho que isso acabou beneficiando você também.

— Vão me tirar daqui? — questionou ele, parecendo surpreso, enquanto olhava ora para Sakura, ora para Hinata.

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