Encontros

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Neji ainda conseguia sentir aquela ardência em sua bochecha esquerda, como se tivesse acabado de receber o beijo dela ali. Aquela sensação de surpresa misturada com prazer que o havia acometido ao sentir Hinata se demorar naquele selar não havia desaparecido também. E como poderia? Ela era tudo o que ele queria e mesmo o menor dos gestos de afeto dela sempre seria recebido como uma preciosidade. Olhou para o lado encarando a paisagem através da janela, enquanto apreciava o cantar distante de um pássaro, e suspirou em busca de coragem. Dentro de alguns minutos, ela chegaria para dar início a mais uma sessão de fisioterapia e Neji sabia que precisava se conter perto dela; lembrar-se daquele beijo na bochecha demorado e o vislumbrar do rosto corado dela enquanto ela partia com pressa foram sinais de esperança para ele, no entanto poderiam não ter significado nada para ela.

O mais frustrante de toda aquela situação era saber estar completamente resolvido no que dizia respeito aos seus sentimentos, mas não fazer ideia sobre o que se passava no coração de Hinata. Pelo pouco que conversaram desde que ele despertou do coma, Neji já começava a pensar que talvez o sentimento que ela tinha por Naruto tivesse, de alguma forma que ele ainda não compreendia, se modificado, no entanto nunca tivera realmente coragem para perguntar algo a respeito para ela. Talvez eu devesse... Mas essa ideia era absurda! Tentar forçar uma conversa não seria ideal para a situação: se Hinata estivesse indecisa com relação ao que sentia por Naruto, como às vezes parecia, então cabia somente a ela tocar ou não naquela questão.

Ao ouvir dois delicados toques na porta, Neji sentiu seu corpo inteiro incendiar. Não precisava olhar para saber que quem deslizava a porta e entrava no quarto era ela. Era como se a presença de Hinata despertasse algo primitivo, grandioso, bonito e quase sufocante dentro dele. Aquele sentimento era tão intenso, que às vezes sentia que qualquer um podia notá-lo só de encarar sua face e inevitavelmente sentia-se envergonhado por isso.

— Olá, Neji — disse ela, um leve tremor na voz. — Como está se sentindo hoje?

Neji piscou. Havia uma bolsa grande pendurada no ombro de Hinata e sentiu de imediato uma aflição ao imaginar que ela poderia ter sido escalada para alguma missão. Ah, por favor, pensou ele, preciso de você aqui. Engoliu em seco, bastante consciente de que, apesar de estar se esforçando para demonstrar mais seus sentimentos, não seria capaz de externar aquele pensamento.

Hinata, ao notar para onde seus olhos apontavam, acompanhou-os e abriu um sorriso discreto ao fitar a bolsa, Neji prendeu a respiração, sentindo-se envergonhado por ter sido pego espiando.

— Espero que goste da surpresa — disse ela.

— Surpresa? — E lançou um olhar que era meio desconfiado, meio travesso, feliz por vê-la ruborizar.

— Pensei em sairmos um pouco do hospital.

— E a físio?

— O que tem a físio? — Hinata se aproximou e encostou a bolsa na cama. — Ah, não me esqueci disso. A ideia é fazermos a sua fisioterapia em um ambiente mais tranquilo.

Neji assentiu e olhou para fora. O dia estava lindo, perfeito para uma caminhada... mas Neji não poderia caminhar. Esforçou-se para se manter animado, até porque sair dali seria bom, melhor ainda pelo fato de estar acompanhado por Hinata.

No dia anterior trabalhou em dobro, graças a Rock Lee, que o estava ajudando com sua recuperação encenando movimentos musculares parecidos com os exercícios que ele havia usado quando tinha ficado doente. Neji ainda não tivera tempo para falar sobre isso com Hinata, pois foi pego de surpresa pelo parceiro de time no dia anterior, quando ele já entrou no quarto animado e preparado.

— Está tudo bem? — sussurrou Hinata.

O Hyuuga a encarou. Sabia que devia estar parecendo mais pensativo e retraído que de costume, no entanto não sabia o que fazer, o que dizer ou até mesmo como agir mais na presença dela; a cada dia ficava mais difícil olhar nos olhos dela, sentir a ternura na voz dela e não imaginar que havia algo crescendo ali também. Desejava isso com todas as forças, mas não queria se enganar pela gentileza nata de sua prima.

EpifaniaWhere stories live. Discover now