- Na sexta - Marcela respondeu. - Logo depois que eu saí do jogo de tênis - e ela baixou o tom de voz. - Foi no vestiário masculino.

- Caralho - Victória disse, levemente chocada. - Marcela, você é louca. Alguém podia ter pego vocês dois.

- Relaxa. Ninguém viu a gente.

Eu esbocei um sorrisinho com o que ouvi. Pobrezinha...

O sinal tocou e subimos para a sala de aula. A primeira aula foi de Biologia e o Sr. Teixeira começou a explicar como funcionava a reprodução nas diferentes espécies, incluindo na humana.

Porém, a cada pergunta que ele fazia para a classe, Marcela respondia com um entusiasmo irritante. Ela nem estava dando oportunidade para os outros alunos responderem. Devia estar se achando a sabichona só porque transou com o escroto conhecido como Pedro.

- De acordo com a ciência, qual é a importância do sexo? - o Sr. Teixeira perguntou.

Novamente Marcela respondeu:

- O sexo é importante para reprodução e também para proporcionar prazer.

- Muito bem...

- Eu quero complementar a resposta dela - interrompi o Sr. Teixeira. - Eu tenho um exemplo que ilustra muito bem o que ela disse.

- E que exemplo é esse, Elisa? - o Sr. Teixeira perguntou.

Tirei meu celular do bolso e procurei o vídeo que eu tinha gravado na sexta-feira. Em seguida, dei play no vídeo, coloquei no volume máximo e virei a tela do celular para que o professor pudesse ver a baixaria.

- Me diz se esse não é exemplo perfeito? - perguntei com um sorriso de deboche.

Os gemidos do vídeo ecoaram pelo ambiente e isso fez algumas pessoas rirem no fundo da sala.

O Sr. Teixeira pareceu chocado com o que estava assistindo e logo disse:

- Mas o que é isso?! - ele arrancou o celular da minha mão.

- Se o senhor ficou chocado, imagine eu - falei. - Isso é uma falta de respeito. Onde já se viu transar no meio do colégio.

Mais risadas surgiram ao fundo e eu ouvi a voz de Teo:

- Quem diria, Pedroca. Dessa vez você agasalhou o croquete, hein?!

- Eu não acredito... - Marcela murmurou ao meu lado.

- Elisa, Marcela e Pedro! - o Sr. Teixeira chamou, parecendo revoltado. - Venham comigo agora!

- Iiiihh - algumas pessoas disseram em uníssono.

- Mas eu nem fiz nada de errado - falei em minha defesa. - Só estou contribuindo para o bem dessa instituição.

- Fica quieta e vem comigo, Elisa - professor disse, sério.

Eu me levantei e vi o momento exato em que Pedro caminhou na nossa direção, lançando um olhar ferido na minha direção. Eu abri um sorriso vitorioso e logo Marcela se aproximou.

Logo, nós começamos a seguir o Sr. Teixeira em silêncio pelo corredor. Poucos minutos depois, entramos na sala do diretor no terceiro andar.

O Sr. Teixeira explicou o que aconteceu e mostrou o meu vídeo para o diretor.

- Vocês sabem que esse tipo de comportamento é inadmissível em nosso colégio - o diretor Roberto disse, olhando na direção de Marcela e Pedro. - Isso aqui não é uma zona ou algo do tipo. É um ambiente de aprendizagem e respeito.

- Desculpa... - Marcela disse, derramando algumas lágrimas e se fazendo de coitada.

- Não tem desculpas, Marcela! - o diretor disse. - Você sabe muito bem quais são as regras do colégio. E você também, Pedro. Eu deveria expulsar vocês dois agora mesmo.

- Não faz isso, por favor - Marcela pediu, suplicante. - Meus pais se matam pra pagar esse colégio todo mês...

- Então é melhor você valorizar o esforço dos seus pais - o diretor encarou Pedro. - E principalmente você, Pedro. Só porque você é novo aqui, não ache que pode fazer o que bem quiser pelo colégio. Não há dinheiro que compre o respeito que esse colégio conquistou ao longo dos anos.

Pedro assentiu e parecia estar com raiva, pois sua expressão denunciava isso. Também ninguém mandou fazer merda.

- E você, Elisa, deveria deixar essas questões com quem realmente cuida disso. Nós temos inspetores e coordenadores exatamente para fiscalizar os alunos.

Eu assenti.

- A sua sorte é que você é uma excelente aluna - o diretor me entregou meu celular e eu sorri. - Pode voltar para a sala de aula.

- Obrigada - eu me levantei da cadeira e girei nos calcanhares, lançando um sorriso cínico na direção de Marcela e Pedro.

Quando entrei na sala de aula, o Sr. Teixeira estava terminando de explicar os tópicos de sua matéria. Assim que a aula foi encerrada, Victória se aproximou de mim e disse:

- Por que você fez aquilo com a Marcela?

Ah, agora pronto.

- Eu não fiz nada. Foi ela que quebrou as regras.

- Ela é sua amiga, Elisa.

Eu encarei Victória.

- Ultimamente ela tá se comportando como tudo, menos como uma amiga.

Victória balançou a cabeça negativamente e se sentou em seu lugar.

Eu tinha feito o correto e pronto. Além do mais, os dois mereceram isso, principalmente Pedro.

- Se você não é a rainha dessa escola, eu não sei quem é.

Eu olhei para Teo que tinha acabado de se aproximar da minha carteira e abri um sorriso presunçoso.

- O que você achou? - perguntei a ele.

- Achei merecido, princesinha - ele sorriu para mim. - A cara do Pedroca foi impagável.

Eu dei risada sem deixar de concordar com ele. Era impressionante como Teo e eu concordávamos em alguns pontos.

- Eu não teria feito nada disso se você não tivesse me convencido a vir pra cá na sexta.

Teo alargou o sorriso sem deixar de olhar para mim.

- A gente faz uma dupla e tanto, hein?

- Não tenho dúvidas disso - falei.

No momento seguinte, Marcela e Pedro adentraram a sala, chamando a atenção de algumas pessoas.

Marcela se aproximou de mim com os olhos vermelhos e lacrimejados e disse:

- Obrigada por destruir a minha vida.

- Foi você mesma que destruiu, Marcelinha - falei a ela.

Pedro também se aproximou de mim e disse com o rosto perto do meu:

- Isso não vai ficar assim. Se prepare que vai ter revanche.

Ele se afastou em passos confiantes e eu respirei fundo. Eu queria só ver o que ele iria fazer comigo.

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A treta tá formada.

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Bjs.

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