Ótimo.

Girei a maçaneta e assim que abri a porta, tomei um susto com o que vi.

Victória estava sentada em cima da mesa do professor enquanto Ricardo, o professor de História, a beijava fervosamente na boca.

Eu fiquei boquiaberta com a cena e estava prestes a dar meia volta e sair dali, quando Victória recuou a boca da do professor e perguntou, atônita:

- Elisa?

Ricardo olhou na minha direção e se afastou prontamente de Victória, com os olhos arregalados.

- Elisa, caramba...  - ele parecia nervoso. - Por favor, não conta nada para ninguém...

- Eu só vim pegar a minha mochila - falei, caminhando até a minha carteira.

- Lisa, por favor - Vic se aproximou de mim, suplicante. - Não fala nada para ninguém sobre a gente, por favor.

- Não se preocupe - eu coloquei a alça da mochila por cima do ombro e peguei meu caderno em cima da carteira.

- A gente se gosta de verdade - Vic continuou.

Eu olhei para ela, presenciando sua expressão aflita.

- Tudo bem, Vic - falei. - Espero que vocês sejam felizes.

Eu lhe dei as costas e comecei a seguir na direção da porta, mas Victória disse atrás de mim:

- Espera. Eu vou com você.

Eu olhei para trás, vendo o momento exato em que ela deu um selinho em Ricardo, sorriu e pegou sua mochila no chão, caminhando na minha direção.

Nós duas deixamos a sala de aula para trás e ela cruzou o braço com o meu, parecendo muito feliz. Foi aí que eu me senti ainda mais para baixo, não por Victória estar feliz, mas por eu ser uma fracassada no amor, nos estudos e com todas as outras coisas.

- O que foi? - Victória perguntou, fazendo eu voltar a atenção para ela. - Por que você está com essa carinha?

- Porque eu sou uma merda - respondi.

- Para com isso, Elisa. Não acredito que você ainda está chateada por causa daquela nota. Você vai conseguir recuperar.

Mal sabia ela que não era só por isso.

- Não - eu disse a ela. - Eu sou uma inútil, Victória. Uma fracassada...

- Cala a boca - ela me interrompeu. - Você é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço, Lisa. Para de se tratar assim.

- Mas eu...

- Sem mas. Você é incrível - ela sorriu para mim. - O Teo vai fazer uma festa hoje e eu já vou logo avisando para você mudar essa cara porque nós vamos juntas.

- Eu não quero ir - falei, sincera.

- Como assim você não quer ir? - Vic me encarou. - Você quer sim. Pode se preparar porque eu não aceito não como resposta. Vou passar na sua casa e é melhor você estar pronta.

Dito e feito.

Às nove horas da noite daquela quinta-feira, Victória passou na minha casa e nós fomos até a festa de Teo, que estava lotada como sempre.

Victória foi falar com Marcela que também estava lá e que nem teve o mínimo de educação de perguntar se eu estava bem.

Logo, eu fui em busca de uma bebida e peguei uma garrafa de cerveja, recebendo algumas cotoveladas enquanto eu caminhava na direção do sofá mais próximo.

Não Me Abandone Where stories live. Discover now