Livro 3 - Seguindo em frente

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Cabello terminou de engolir seu sanduíche e levantou do sofá. Passou pela cozinha americana e foi até o pequeno corredor que levava aos dois quartos. Cabello encontrou a porta do quarto de Dinah entreaberta, e aproximou-se ouvindo vozes.

— Sério? – Dinah exclamou empolgada. – Eu posso acreditar que você vai se formar com honras e tudo mais. Eu estou muito orgulhosa... Mesmo. Nesse dia viajarei até você pra comemorar com muita vodca e drogas ilícitas.

— Eu vou começar a estocar as drogas... – A voz estava com um pouco de interferência, mas ela reconheceu. Uma pequena tristeza se abateu sobre ela. – Dinah... sobre aquele assunto que falamos na sexta... Você acha mesmo que eu devo ir, eu não quero incomodar? – A voz de Sophie passou de divertida para preocupada.

— Incomodar? Você faz parte dessa merda e eu tenho certeza que faria muito bem pra vocês.

Camila segurou a maçaneta com força, ponderou se deveria sair e deixá-las em paz. Ela era a única pessoa excluída dos delinquentes. Ficou estacada ali, na dúvida entre o que fazer.

"Isso é ridículo!", pensou ficando brava e abriu a porta.

Dinah virou-se, e os olhos castanhos se arregalaram. Pelo jeito que a loira reagiu, Camila sabia que ela não esperava que ela chegasse aquele momento. Na tela do seu computador, Sophie Turner aparecia em pequeno quadrado com os pixeis irregulares. Vestindo um moletom cinza, com os cabelos, agora loiros, presos em um coque frouxo.

— O-Oi. – Acenou para Dinah, mas sem tirar os olhos da imagem de Sophie.

Aquela era apenas a segunda ou a terceira vez que elas se viram ao longo dos dois anos. A mágoa ou a distância haviam colocado um ponto final na amizade delas e mesmo que tivesse se acostumado com a falta, não deixava de ser estranho.

— Oi, Sophie. – Ela murmurou desconcertada. Sentiu-se idiota por fazê-lo, mesmo sabendo que não conseguiria obter resposta.

— Hm, oi. – Camila arregalou os olhos. Era literalmente a primeira palavra que elas trocavam depois daquela conversa fatídica em seu quarto. Sophie suspirou – Dinah e-eu tenho que ir agora, tenho aula.

— Sua aula só começa daqui meia hora, S... – Ela olhou para Camila e voltou os olhos para Sophie – Ei, vamos lá garotas! – Dinah começou, os olhos brilhando em uma feição esperançosa. – Não precisa ser assim, não precisa ser assim mais... Por favor, eu fiquei quieta todo esse tempo respeitando o tempo de vocês..., mas é ridículo! Quando eu casar com Normani, vocês vão continuar com isso? Quando eu tiver filhos, será assim, ainda? Somos melhores amigas, dois anos não é tempo o bastante para algum avanço?

Camila e Sophie ficaram quietas. A ruiva do outro lado do mundo, Cabello parada no meio do quarto. Ela queria ter algo pra dizer, algo contundente e real. Algo que apagasse aquela estranheza.

— Não tem o que avançar... – Sophie disse. - Na verdade eu-

— Eu não queria atrapalhar. – Camila a interrompeu com a voz apologética. Ela realmente não queria recomeçar aquela discussão. – Eu vou deixar vocês em paz...

— Fique, Camila.

Camila se surpreendeu com a firmeza nas palavras de Sophie. Ela continuou parada, aguardando que ela dissesse que tinha mudado de ideia, mas uma alegria eufórica queimou seu corpo. Olhou para baixo fitando as mãos, com os cantinhos da unha roídos.

— Tudo entre nós está tão diferente... Eu... – Sophie parou e suspirou, a sua voz dava algumas interferências, mas era bem audível. – Eu sinto sua falta Camila... A vida tem dessas coisas. E eu fiquei procurando o momento correto para te procurar e pedir perdão, perdão por não ter acreditado em você. Perdão por ter sido tão dura. Mas eu acho que nunca apareceria o momento ideal, não sem que eu construísse isso.

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