Camila ama o controle. Ama tanto que fez uma lista de todas as etapas que tem que passar até chegar na sua sonhada faculdade de artes.
Obviamente na sua lista não constava a chegada da maior estrela de futebol juvenil do país. Também não estava que...
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Ela está de volta.
Não sorria, não fique feliz. Ela não voltou por você. Minha mente me avisa enquanto agarro o primeiro casaco sobre a pilha de roupas.
Estou tonta porque eu não esperava isso. Estou com medo porque sei exatamente o que me espera. Saio correndo. Pela rua, passando por todos os prédios e veículos que vão e vem pela pista. A uma leve chuva caindo do céu que refresca minha alma, mas o mesmo tempo me rasga. Tudo é frio e distante aqui.
Sinto saudade da Califórnia. Da minha mãe. Do meu tempo do ensino médio. De Santa Claryta e dos dias coloridos.
Tudo que eu pensava que já tinha superado volta pra mim junto com ela.
As luzes da rua clareiam meu rosto banhado por lágrimas. Eu corro. Fungo. Meu peito arde. Sinto dor nas pernas, uma pontada no coração. Não é nada se comparado ao que venho sentindo nos últimos meses. Algo me diz que eu ainda não cheguei no pico da minha dor, aquela vozinha lá dentro me diz que ainda vá doer mais.
Cambaleio pelo meio-fio. Diminuo a velocidade quando vejo os enormes muros da Universidade de Nova York.
Tudo é grande e colossal aqui. Arabescos centanários decoram as paredes do prédio principal. Os alunos indo e vindo me olham como se eu fosse louca. Molhada, com as roupas amassadas e com os olhos vermelhos. O símbolo da sua fraternidade flameja acima da minha cabeça. Parece ser o tipo de lugar que ela moraria com certeza.
Invado os dormitórios femininos sem pedir licença ou me apresentar. O número do quarto é nove. A porta fica a esquerda da escada de marfim. E o sutil cheiro de tinta flâmula pelo ar.
Me aproximo e antes que o medo me consuma por completo fecho os dedos em nó, batendo contra a porta. Meu estômago se torce e maltrata meu corpo todo, mais um pouco eu sinto que vou ter um ataque de pânico.
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