28. Os Fantasmas do Passado

57 10 83
                                    

Gael observou o segundo pedaço da lâmina sagrada que havia conseguido. Por sorte, suas suspeitas estavam certas. Apesar de que acabaram encontrando a peça na casa de uma senhora de meia idade e não com a sobrinha dela que trabalhava em um restaurante.

O demônio notou que a ponta da espada que tinha e aquele pedaço se encaixavam perfeitamente. Ele estava feliz com aquilo. Tinha duas peças, faltavam apenas três!

Gael desviou os olhos da espada e se virou para a bruxa, percebendo que a velha senhora não parecia nenhum pouco animada.

— Ajeite essa cara, Cora. Estamos fazendo progresso aqui.

A idosa deu um sorriso amarelo.

— Espero que seu feitiço seja melhor do que esse sorriso — ele falou. — Você deu um jeito mesmo naquela mulher, não é?

Cora arregalou os olhos, não acreditando que ele perguntara aquilo. Eles estavam sentados na mesa da cozinha do apartamento de Marcos e Carlos estava a menos de três metros deles, preparando o jantar.

— É claro que eu dei — respondeu, baixinho. — Ela não vai se lembrar de nada. Vai achar que sofreu um acidente em casa.

— Ótimo. Você sabe que seria mais fácil matá-la, não é?

— Não, não seria — bufou, observando os objetos afiados na mão do demônio. — Meus métodos são melhores que os seus.

— Que seja!

Gael deu de ombros e voltou a observá-los. Havia algo naquelas peças que tinha chamado a sua atenção: um sulco bem na junção dos dois pedaços, em ambos os lados. Parecia que outras partes precisariam se encaixar ali, mas aquilo não fazia sentido... As bruxas acreditavam que a espada estava partida em cinco pedaços, então, o que significava aqueles espaços vazios? O que poderia se encaixar ali?

— Cora — o demônio colocou as duas peças de metal sobre a mesa, juntando uma à outra —, o que você acha que é isso?

A bruxa se inclinou diante da mesa para observar melhor aqueles espaços.

— Parece uma espécie de sulco ou buraco, não sei — respondeu.

Gael revirou os olhos.

— É claro que é um sulco. Eu já tinha percebido isso, mas me diga — ele apontou para os espaços —, o que você acha que se encaixaria aqui?

A senhora deu de ombros.

— Pode ser qualquer coisa. Essa forma... não tem uma forma definida. — Ela tocou no espaço fundo entre as peças. — Seja o que for, tem que ser pequeno, para que encaixe aqui.

De repente, a mente do demônio se acendeu com uma ideia. Ele se virou para a bruxa e Cora percebeu a mudança em sua expressão.

— Não é óbvio? — disse, enfiando a mão no bolso e puxando a Chave Arco. Posicionou o objeto no sulco das duas peças e o mesmo se encaixou perfeitamente. Ele levantou a cabeça para a idosa e o olhar de ambos se encontrou.

— As chaves — ela sussurrou.

— Exatamente. As chaves se encaixarão nos sulcos.

Gael tirou a Chave Arco dali e pegou a chave que tinha encontrado no covil das bruxas. O objeto tinha um tom dourado escurecido que o demônio achou perfeito, já que lembrava às chamas no escuro. O mesmo tinha a forma pontuda como uma espada, e seus dentes, que saiam dos dois lados da chave, tinham a forma de curvas finas como os ramos de uma árvore.

Ele colocou o objeto no sulco das peças e, assim como a Chave Arco, aquela chave se encaixou perfeitamente bem. Gael ergueu os olhos para a bruxa, sorrindo com sua descoberta.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now