55. Destruir e Reconstruir

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À noite, depois do jantar, um clima pesado se instalou no casarão quando cada um deles tomou consciência do que estava por vir: no dia seguinte enfrentariam um demônio e uma bruxa. Eles tinham medo do que poderia acontecer. Não era uma brincadeira, realmente poderiam se machucar com aquilo, ou pior, morrerem!

Patrícia e Carlos estavam deitados na mesma cama, olhando para o teto. Nenhum deles estava com sono ainda e, por ser cedo, não achavam que conseguiriam dormir logo. O silêncio se instalava entre eles como um visitante indesejado. Nenhum dos dois sabia como quebrá-lo e nenhum deles ousava também.

Até que a advogada não aguentou mais e perguntou:

— Carlos? — Seu irmão se virou para ela. — Você... tá com medo?

— Sim! — respondeu. — Eu tô morrendo de medo... Medo de morrer. Medo de perder o Marcos pra sempre. Só... medo.

— Não vamos morrer — disse, passando a mão por baixo dos lençóis e agarrando a mão dele. — Vai ficar tudo bem... O bem sempre vence, não é?

— Assim espero.

— Quem diria, não é? — Ela deu um riso fraco. — Dois católicos como nós envolvidos em um mundo de bruxas e demônios.

— E chaves mágicas também. — Ele riu.

— É, e ainda tem isso. — A mulher ficou em silêncio por alguns instantes, pensativa. — Carlos... Se acontecer alguma coisa comigo amanhã...

— Não! — ele a interrompeu, virando-se para ela. — Não fala assim. Não vai acontecer nada com você.

— Mas se acontecer — disse, com os olhos ficando levemente umedecidos — fala pra mamãe e pro papai que os amo muito. E que estarei pensando neles até o fim.

— Pára, Patrícia. — Carlos segurou seu rosto. — Não vai acontecer nada, tá me ouvindo? Vamos ficar bem! Você mesmo disse.

— Eu sei — Ela começou a chorar. — Eu sei... Eu amo você.

— Também te amo.

Eles se abraçaram e choraram, como não faziam há muito tempo. Apertando-se um ao outro com a esperança de que tudo ficasse bem.

Do outro lado da casa, Yasmim encarava a Chave da Alma em seu pescoço. Assim como os irmãos Almeida, ela estava com medo do que poderia acontecer no dia seguinte. Será que sua avó a machucaria? Será que ela deixaria que Gael a machucasse? As perguntas eram tantas e deixavam sua cabeça cada vez mais confusa.

Foi quando ouviu uma batida leve na porta do quarto.

— Pode entrar — disse.

Thiego colocou a cabeça para dentro do cômodo e sorriu para a adolescente.

— Oi — ele disse.

— Oi.

O garoto já estava usando suas roupas de dormir: uma calça moletom cinza e uma camiseta azul sem mangas. Ele entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, aproximando-se da cama e se sentando na beirada.

— Então, como você tá? — perguntou à garota.

Yasmim deu um longo suspiro.

— Eu tô bem... Dentro do possível.

— O que você disse pra sua mãe pra dormir aqui?

— Bom, ela acha que eu tô na minha avó. E pra evitar que ela ligasse pra ela, falei que a vovó estava com enxaqueca e tinha ido dormir cedo.

— Uma boa desculpa. — O garoto sorriu. — Bem inteligente.

— De nada. — Ela sorriu de volta, embora não parecesse muito animada.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now