15. O Sussurro das Gêmeas

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Depois da conversa que os irmãos tiveram com César, o empregado achou melhor deixá-los sozinhos com o livro da família, para que absorvessem um pouco toda aquela informação. É claro que depois de alguns minutos folheando o mesmo e lendo um pouco sobre a história deles, os dois vieram até ele com mais perguntas ainda.

César tentou responder a todas elas. Thiego estava disposto a encontrar todas as chaves o mais rápido possível, mas para isso precisava recolher o máximo de informação que pudesse. O garoto pediu para ler a carta da tia que ela tinha escrito para o bruxo. Ele mostrou a sua ao empregado... tio... César. Ele não sabia ainda como tratá-lo.

O adolescente perguntou ao mesmo o que seria aqueles feitiços de eco e de ocultação que sua tia mencionou na carta. César explicou que o feitiço de eco ampliava os sussurros das chaves, fazendo com eles não soubessem ao certo de onde estava vindo. Isso explicava o fato de Thiego ter demorado em achar a Chave Segredo.

Em contrapartida, o feitiço de ocultação lançado no livro escondia as informações das dez chaves que estavam em posse da família naquele momento. O empregado explicou que a partir do momento que eles encontrassem uma das chaves, a passagem no livro que falava sobre tal se revelaria.

Thiego e Thábata combinaram de procurar as chaves juntos, sempre que possível. A jovem tinha tirado a foto da carta do irmão para que consultasse depois. Dando uma lida rápida nas pistas, a jovem já conseguia identificar alguns possíveis lugares em que as chaves poderiam estar.

A primeira chave que encontraram, a Chave Segredo, estava no cemitério, no meio da fonte quebrada. Entre os mortos ela se esconde. Largada no centro do mundo. A segunda pista  parecia dizer que a chave poderia estar na cozinha. Thábata mencionou ter ouvido o sussurro e achou que poderia ser a tal chave chamando. A pista parecia bem óbvia, inclusive. Entre facas e legumes é seu sustento.

Ela ainda não sabia da terceira. A quarta poderia estar na biblioteca. Sob os mundos nas estantes ela se encontra. Thiego falou que foi lá que ele ouviu o primeiro sussurro, então era mais provável que estivesse certa. As cinco últimas eram um mistério.

— Escutem — o bruxo falou. — Eu sei que vocês estavam animados em querer procurar as chaves, mas acho melhor esperarem um pouco.

— Mas César... Nós precisamos encontrar as outras chaves logo. Talvez assim, elas nos ajudem a encontrar a Chave Contrato — o garoto disse. — É o único jeito de libertar você.

— Eu sei que suas intenções são nobres, Thiego, mas estou preso nessa casa há mais de 30 anos. Eu não me incomodo de esperar um pouco mais.

— Mas César...

O empregado levantou as sobrancelhas. O adolescente baixou os ombros, vencido.

— Ok.

Ele abriu um sorriso para o garoto.

— Não precisam esperar por muito tempo. Lembrem-se, ouvidos atentos. Os sussurros podem surgir a qualquer momento.

Os dois irmãos sorriram.

Depois do jantar, Thiego subiu até o quarto da tia Estela. César havia arrumado tudo e o deixado fechado desde a sua morte. O garoto aproveitou para explorar um pouco o lugar. Abriu o armário e observou os vestidos dela, todos muito bem organizados nos cabides, um claro trabalho do seu amado. Ele sorriu com isso.

Caminhou até a cama e se sentou sobre ela. Era macia. O garoto imaginou como seria se sua tia estivesse ali. Ele ia dizer: "Achei a primeira chave e irei procurar as outras". E imaginou que ela diria algo como: "Isso, mesmo, continue assim, você será um herói". E aí ele a abraçaria. Thábata e César também estariam lá. E eles seriam uma família completa. Era tudo que desejava.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now