19. Um Sentimento Oculto

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Thiego estava tão concentrado nas duas chaves que carregava no pescoço que mal olhava para frente. O preço disso foi a trombada forte que ele deu em outro garoto no corredor da escola.

— Olha pra frente, idiota! — o adolescente alto e loiro reclamou.

— Desculpa. — Thiego baixou os olhos e continuou seguindo seu caminho.

— Ei, espera! — o garoto disse, correndo até ele e ficando em seu caminho. — Você é o tal Silveira que veio morar no Casarão Caveira?

O adolescente tirou os olhos do chão e encarou o outro menino. Preferiu não responder. Não demorou para que ele percebesse que os outros alunos do corredor olhavam para os dois, com certa curiosidade.

— Ei! Eu te fiz uma pergunta! — esbravejou. — Você é surdo?

— Não — Thiego respondeu, seco. — Eu não sou surdo. E sim, eu me mudei pra lá com a minha irmã.

O garoto abriu um sorriso malicioso.

— Legal... Legal mesmo. É verdade que uma pessoa foi assassinada lá?

— Não! Isso é mentira.

— Sério? — Ele cruzou os braços no peito. — O meu pai me falou que a família Silveira sempre foi esquisita. Desde a época da escola. Ele me disse que a Estela era a pior de todas.

— Cala a boca! — Thiego gritou. — Não fala da minha tia! Você não a conhecia!

— Não manda eu calar a boca! — O garoto alto estufou o peito e o adolescente acabou recuando. Sabia que jamais ganharia em uma briga com ele. — Quem você pensa que é pra ficar levantando a voz assim? Acha que eu tenho medo de você? De qualquer um de vocês? Eu não tenho. É você que deveria ter medo de mim. Você sabe quem eu sou?

O Silveira recuou mais um pouco. Percebeu pelo canto dos olhos que os alunos se aproximavam mais deles, ansiando por uma briga. Mas Thiego nunca foi de brigar e não era agora que ia ser. Provavelmente apanharia feio, a não ser que alguém parasse aquilo.

De repente, ele reconheceu aqueles cabelos cacheados vindo em sua direção. Yasmim atravessou o corredor, às pressas, e se colocou entre ele e o garoto loiro.

— Sai fora, Bryan! — ela exclamou.

— Ah, calma lá, Yasmim. — Ele levantou as mãos, fingindo estar com medo. — Não sabia que você conhecia o esquisito aí.

— Ele não é esquisito.

— Hum, sei... — Bryan estreitou os olhos para ela. — Tá pegando ele?

— Não! E mesmo se tivesse isso não é da sua conta. Nós somos amigos. E é melhor você ir embora logo — ela bufou. — Já tem problemas demais com os professores, não vai querer arrumar com os alunos também, vai?

O adolescente ponderou o argumento dela. Encarou Thiego uma última vez e deu de ombros.

— Tanto faz. Tchau, Yasmim. Tchau, esquisito.

A garota bufou novamente. Bryan sorriu e deu meia volta, sumindo no corredor. Os curiosos de plantão acabaram indo embora também, tristes por não terem tido uma briga.

Respirando fundo, ela se virou para Thiego e tentou sorrir.

— Você tá bem? — perguntou.

— Tô sim. Obrigado por me defender.

— De nada — suspirou. — Olha, não liga pro Bryan, tá? Ele é um idiota.

— Ok.

Thiego notou que Yasmim parecia ter ficado incomodada com alguma coisa. Mas logo, o que quer que fosse, pareceu desaparecer, quando ela abriu um sorriso e se voltou para ele.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now