Thiego estava tão concentrado nas duas chaves que carregava no pescoço que mal olhava para frente. O preço disso foi a trombada forte que ele deu em outro garoto no corredor da escola.
— Olha pra frente, idiota! — o adolescente alto e loiro reclamou.
— Desculpa. — Thiego baixou os olhos e continuou seguindo seu caminho.
— Ei, espera! — o garoto disse, correndo até ele e ficando em seu caminho. — Você é o tal Silveira que veio morar no Casarão Caveira?
O adolescente tirou os olhos do chão e encarou o outro menino. Preferiu não responder. Não demorou para que ele percebesse que os outros alunos do corredor olhavam para os dois, com certa curiosidade.
— Ei! Eu te fiz uma pergunta! — esbravejou. — Você é surdo?
— Não — Thiego respondeu, seco. — Eu não sou surdo. E sim, eu me mudei pra lá com a minha irmã.
O garoto abriu um sorriso malicioso.
— Legal... Legal mesmo. É verdade que uma pessoa foi assassinada lá?
— Não! Isso é mentira.
— Sério? — Ele cruzou os braços no peito. — O meu pai me falou que a família Silveira sempre foi esquisita. Desde a época da escola. Ele me disse que a Estela era a pior de todas.
— Cala a boca! — Thiego gritou. — Não fala da minha tia! Você não a conhecia!
— Não manda eu calar a boca! — O garoto alto estufou o peito e o adolescente acabou recuando. Sabia que jamais ganharia em uma briga com ele. — Quem você pensa que é pra ficar levantando a voz assim? Acha que eu tenho medo de você? De qualquer um de vocês? Eu não tenho. É você que deveria ter medo de mim. Você sabe quem eu sou?
O Silveira recuou mais um pouco. Percebeu pelo canto dos olhos que os alunos se aproximavam mais deles, ansiando por uma briga. Mas Thiego nunca foi de brigar e não era agora que ia ser. Provavelmente apanharia feio, a não ser que alguém parasse aquilo.
De repente, ele reconheceu aqueles cabelos cacheados vindo em sua direção. Yasmim atravessou o corredor, às pressas, e se colocou entre ele e o garoto loiro.
— Sai fora, Bryan! — ela exclamou.
— Ah, calma lá, Yasmim. — Ele levantou as mãos, fingindo estar com medo. — Não sabia que você conhecia o esquisito aí.
— Ele não é esquisito.
— Hum, sei... — Bryan estreitou os olhos para ela. — Tá pegando ele?
— Não! E mesmo se tivesse isso não é da sua conta. Nós somos amigos. E é melhor você ir embora logo — ela bufou. — Já tem problemas demais com os professores, não vai querer arrumar com os alunos também, vai?
O adolescente ponderou o argumento dela. Encarou Thiego uma última vez e deu de ombros.
— Tanto faz. Tchau, Yasmim. Tchau, esquisito.
A garota bufou novamente. Bryan sorriu e deu meia volta, sumindo no corredor. Os curiosos de plantão acabaram indo embora também, tristes por não terem tido uma briga.
Respirando fundo, ela se virou para Thiego e tentou sorrir.
— Você tá bem? — perguntou.
— Tô sim. Obrigado por me defender.
— De nada — suspirou. — Olha, não liga pro Bryan, tá? Ele é um idiota.
— Ok.
Thiego notou que Yasmim parecia ter ficado incomodada com alguma coisa. Mas logo, o que quer que fosse, pareceu desaparecer, quando ela abriu um sorriso e se voltou para ele.
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Chaves Tropicais [✔]
FantasyApós perderem sua família, os irmãos Thiego e Thábata acabam herdando um sinistro casarão numa cidade que nunca ouviram falar. Escondidos entre suas paredes, habitam mistérios que sussurram para eles, clamando para serem descobertos. Ao mesmo tempo...