59. Um Sacrifício Familiar

24 6 13
                                    

Um segundo depois, Thiego e os outros se viram na sala de jantar. O garoto passou os olhos pelo cômodo e percebeu um movimento no chão, foi quando viu que era sua irmã.

— Thábata! — Correu até ela para ajudá-la. — O que houve?

— Uma boneca fantasma — gemeu, com uma mão na lombar. — Ela levou as chaves que eu tinha.

Droga — murmurou. — Mas o importante é que você tá bem.

Ele abraçou a irmã.

Enquanto isso, na cozinha, Cora e Patrícia travavam sua pequena batalha. A advogada estava lutando com uma frigideira e uma faca de cortar carne que tinha pegado em cima do balcão. A bruxa havia transformado sua outra mão em uma espada também, o que deixou a mulher em grande desvantagem.

Patrícia estava com vários rasgos em volta do corpo. Cora havia conseguido lhe atingir no ombro, no braço e até nas pernas e tudo que ela tinha feito foi machucar a boca da bruxa naquela hora.

A idosa avançou contra ela, desferindo diversos golpes com suas mãos-espadas. Patrícia bloqueava cada um deles com a frigideira, fazendo um som metálico arranhar o ar. Foi quando a bruxa, sem paciência já, conseguiu se livrar do utensílio, lançando-o para longe com um movimento giratório de suas espadas.

Patrícia ficou sem reação ao se ver desarmada. A bruxa sorriu para ela, em vanglória, e a advogada, aproveitando que a mesma tinha baixado a guarda, desferiu um golpe que cortou o ombro da bruxa.

— Aiii — gemeu, encolhendo o ombro. A senhora a fulminou com olhar e avançou com ódio contra a mulher.

A ponta de uma de suas espadas acabou cortando a mão de Patrícia que deixou a faca cair no chão. Completamente desarmada, ela recuou, rapidamente, mas acabou tropeçando nos próprios pés e caiu no chão.

Cora parou diante dela e ergueu o braço direito prestes a perfurá-la.

— Não, por favor! — Patrícia implorou, com as mãos levantadas em rendição. O olhar de desespero da mulher encontrou os olhos da bruxa. Aquele olhar... lembrou o olhar do seu avô. Aquilo a tocou em um ponto que achou que nunca mais poderia sentir.

A bruxa baixou o braço esquerdo, que voltara a ser de carne e osso, na direção da mulher no chão.

— Me entregue a chave — exigiu.

Patrícia estava arfando. A mulher enfiou a mão no bolso e pegou a Chave do Espelho, entregando-a a bruxa. Cora analisou o objeto em sua mão por alguns segundos e depois se voltou para mulher caída ali.

Deu um passo para trás, fazendo a outra mão voltar ao normal.

— Vai embora — mandou. — Agora!

— Muito obrigada... obrigada. — Patrícia se levantou e saiu da cozinha o mais rápido que podia, antes que a bruxa mudasse de ideia.

Há alguns metros dali, Carlos atingiu Gael com uma cabeçada, fazendo o demônio titubear. Ele conseguiu tomar o arco dele e o jogou para longe, mas logo Gael se recuperou e correu na direção do jovem, dando lhe um soco no rosto. Carlos cambaleou até uma parede. Estava sem armas já, o demônio havia conseguido tirar a espada dele durante a briga corporal.

Gael ignorou o arco no chão e caminhou até Carlos com ira nos olhos. Deu um soco no estômago do rapaz, fazendo-o se encolher de dor. Aproveitando, segurou seus cabelos com força, fazendo-o se levantar, e bateu a cabeça dele contra a parede.

Carlos soltou um ganido de dor. Gael segurava seus cabelos com força, fazendo seu couro cabeludo arder. O demônio colou o seu corpo ao dele, impedindo que Carlos saísse dali. O jovem se agarrou aos braços dele, numa tentativa desesperada de querer afastá-lo, mas não tinha mais forças e seus olhos estavam lacrimejando de dor.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now