O demônio e a bruxa atravessaram a rua, seguindo em direção a casa do prefeito. Gael notou as câmeras de segurança, mas percebeu que o feitiço de Cora estava agindo — pois logo a névoa envolveu os aparelhos.
O neblina cercou a propriedade e os dois, escondendo-os na bruma.
— Abra o portão — ele mandou.
A mulher se virou para a entrada, agitando suas mãos.
— Abierto.
O portão estalou e começou a correr para o lado. A bruxa e o demônio entraram, com cautela. Foi então que eles ouviram latidos ferozes e dois pitbulls correram em sua direção. Gael se surpreendeu com a presença dos animais e ergueu sua adaga, mas Cora tomou a frente e estalou os dedos, pronunciando o feitiço:
— Tempus ad Somnum!
Os cachorros tombaram, inconscientes, no chão. Ela se virou para ele e observou que o homem estava arfando.
— Você parece assustado — a idosa comentou.
Por alguns instantes, Gael manteve os olhos nos animais caídos no chão. Então, como se lembrasse da mulher, virou-se para a bruxa.
— Esses monstros me lembraram de alguns dos meus irmãos — respondeu, com nojo.
— Ok, então. — Cora deu de ombros. — Aliás, de nada por salvar você. Estamos quites.
O demônio franziu o rosto.
— Eu não mandei você fazer isso — ele retrucou. — Eu podia me defender muito bem sozinho. Além disso, eu nunca disse que você me devia algo.
— Não precisou — ela exasperou, dando as costas para ele e seguindo em direção a entrada.
Gael sorriu com o tom de insolência da bruxa e a seguiu.
A névoa já cobrira todas as câmeras que tinham no pátio. Assim que se posicionaram diante da porta, o demônio guardou a adaga, puxando a Chave Arco do bolso e armando-a para o ataque.
— O que tá fazendo? — Cora perguntou, segurando a mão dele.
— Me preparando caso apareça alguma daquelas coisas aí dentro. — Ele indicou os cachorros com a cabeça. — Além disso, se não houver, ficarei feliz em machucar alguns humanos para obter o que quero.
Gael puxou o arco de suas mãos com um movimento brusco.
— Nem pense nisso! — a bruxa o alertou. — Sem violência. Esse é meu método, lembra? Nada de sangue, brigas ou flechas. Temos que ser discretos.
— Que tal um novo método? — Ele estreitou os olhos para ela. — Uma mistura do seu e do meu?
Cora encarou os olhos verdes do demônio e soltou um suspiro.
— Desde que você não passe dos limites, tudo bem — disse.
Gael sorriu, satisfeito, e desarmou a Chave Arco, fazendo-a voltar a seu tamanho normal.
— Ok. Vamos logo — ele disse.
— Certo. — A mulher se voltou para a entrada. — Abierto.
A porta se destrancou e a bruxa a abriu. O demônio já ia entrar quando Cora o barrou com sua mão. Ele revirou os olhos e deu um passo para trás. A idosa enfiou a mão dentro da bolsa e puxou mais penas de lá. Ela as levou até sua boca e recitou o feitiço:
— Penas voem e prendam os indivíduos, em doces sonhos e círculos. Imperium Somnium.
Ela assoprou as penas e as mesmas saíram voando para dentro da casa escura. A névoa que circulava a propriedade serpenteou pelo gramado e seguiu para dentro da casa. A bruxa e o demônio abriram passagem para a mesma. Ele ficou impressionado com o seu poder, mas jamais diria isso em voz alta.
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Chaves Tropicais [✔]
FantasyApós perderem sua família, os irmãos Thiego e Thábata acabam herdando um sinistro casarão numa cidade que nunca ouviram falar. Escondidos entre suas paredes, habitam mistérios que sussurram para eles, clamando para serem descobertos. Ao mesmo tempo...