3. O Casarão Silveira

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Assim que os dois irmãos entraram na casa ficaram maravilhados. Ao contrário do lado de fora, que parecia assustador e ao mesmo tempo deprimente, o interior da residência era vivo e cheio de cores.

Ali, no hall de entrada, eles perceberam a grande escada de madeira que subia em espiral para os andares superiores. O piso era liso e possuía um padrão de desenhos geométricos que se dividiam em cores claras e escuras. Um grande lustre de cristal pendia do teto. Um relógio de pêndulo, quase da altura de Thiego, ficava à direita, na entrada. 

O garoto percebeu que havia três caminhos a seguir: um para a esquerda, um para a direita e um por baixo das escadas. Thábata notou que suas coisas já tinham chegado primeiro que eles. As caixas de papelão estavam empilhadas uma sobre as outras, próximas à escada.

— Sejam Bem-vindos ao Casarão Silveira — César anunciou. — O terreno foi comprado pela família Silveira em 1860. No ano seguinte, começaram as obras. A residência foi construída pelos próprios membros da família, que concluíram a obra em 1869.

O homem fez um gesto para que eles o seguissem para a esquerda.

— Essa aqui é a sala de estar — o empregado apresentou. Thiego ficou impressionado.

Havia diversos móveis antigos ali, mas também havia coisas mais atuais, como a TV de plasma em um canto. Era como uma mistura do tempo. As paredes tinham um tom de creme, com arabescos cor de vinho desenhados nos cantos e próximos das colunas. 

— A maioria dos móveis são réplicas dos antigos que eram usados na casa — César continuou. — A Sra. Estela tinha certo apreço por coisas antigas.

— Tem até uma lareira — Thábata observou.

— Ah, sim. Não é usada com frequência. Afinal, não faz tanto frio aqui em Sombria, a não ser no inverno. Normalmente, a Sra. Estela a acendia apenas em datas importantes, como o Natal ou o Ano Novo. Enfim, se puderem me seguir...

O empregado caminhou até o outro lado da sala e deslizou para o lado as portas duplas de madeira.

— Como vocês logo vão notar, existe muitas portas no casarão. A maioria interliga um e outro cômodo. E aqui fica a biblioteca.

— Uau — Thiego suspirou. Ele sempre imaginou ter uma biblioteca só sua. Nunca pensou que isso seria possível um dia. O máximo que tinha conseguido foi encher uma prateleira com seus poucos livros.

A biblioteca tinha as paredes completamente preenchidas por eles. Havia duas poltronas grandes e um sofá também, além de algumas mesas de leitura. Perto da imensa janela de vidro, havia uma mesa de escritório, toda feita em madeira, além de uma cadeira acolchoada atrás dela. 

O adolescente notou que entre duas estantes havia uma porta. A tinta dela estava tão descascada e apagada que quase a escondia entre as prateleiras.

— A biblioteca conta com um acervo enorme — César informou. — Temos quase todo o tipo de literatura aqui: romance, ficção, fantasia, dos clássicos aos contemporâneos. Além de atlas, almanaques e outros livros de pesquisa.

— Parece muito interessante — Thábata comentou.

— E é sim. A biblioteca foi construída por um Silveira que era professor. Alguns parentes deles diziam que o mesmo tinha uma imaginação bem fértil, já que seu sonho era ser escritor. Enfim, continuando...

O garoto pensou em perguntar sobre a porta, mas achou melhor não. Ainda estava com um pé atrás em relação a César e decidiu se manter um pouco distante dele. E aquilo podia esperar, é claro. Quem sabe, ele mesmo pudesse descobrir sobre a porta, não precisava do empregado...

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