•Capítulo 89:

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"Agora com London"

Lexie

— O que você está fazendo aqui? - pergunto para London enquanto cubro o pequeno corte em sua testa com um pano molhado. Sua cabeça se move para evitar o contato, então eu uso minha outra mão para segurar sua nuca e mantê-lo imóvel até que eu consiga limpar toda sujeira vermelha do seu rosto.

— Eu moro aqui, Lex.

Reviro meus olhos.
— Eu sei disso. Eu só estou surpresa que você voltou e hoje não é fim de semana.

Um gemido escapa dos seus lábios quando pressiono o pano ainda mais.
— Parece que eu senti que precisava vir.

— Eu não estava fazendo nada de errado.

Ele segura meu pulso e afasta minha mão da sua testa. Nossos olhos se encontram e eu quase esqueço tudo que nós passamos desde que ele se foi para Jersey.
— Não sei se você pode ter tanta certeza disso. E se eu não tivesse aqui Lex? Será mesmo que você iria recusar aquele beijo?

Mordo o meu lábio inferior, e me afasto um pouco. É claro que eu não deixaria Preston me beijar. Nunca passou pela minha cabeça. Nem mesmo quando me sentia sozinha e triste.
— Eu deixei claro para Preston que só posso ser amiga dele, e ele entendeu até aquele momento. Não sei o que aconteceu com ele. Acho que se deixou levar, foi isso.

London salta para fora da cadeira, e faz uma careta quando sente sua pele esticar envolta do seu ferimento.
— Você não é tão ingênua assim, Lexie. Você sabe que ele gosta de você, e sabe também que ele estava se aproveitando da sua fragilidade. Você deveria me agradecer por ter vindo ao seu alcance.

— Eu não estava precisando de ajuda.

— Não estava. Mas eu acredito que se acontecesse alguma coisa entre vocês dois, você jamais iria se perdoar. Portanto. O mérito é meu, e você deveria me agradecer.

Jogo o pano sujo de sangue no lixo ao lado da pia, e cruzo meus braços para encará-lo. Ainda está sendo meio enlouquecedor vê-lo em sua casa depois de tanto tempo sem vê-lo nesse lugar.

— Não vou agradecê-lo por ter batido no meu colega de trabalho.

Nós ainda não falamos nada sobre como as coisas estão estremecidas entre nós. Depois da sua briga feia com Preston, meu colega chamou um Uber e foi para casa. Nenhum pouco feliz com o que aconteceu nesta noite. E London e eu resolvemos vir para sua casa, tínhamos muito o que falar e eu precisava ajudá-lo com seu rosto machucado.

— Vamos fazer um trato. - pede ele, esfregando o queixo. Levanto uma sobrancelha, mas não digo nada a respeito.

— Que tipo de trato?

Ele dá alguns passos para frente, e o espaço entre nós começa a diminuir. Não posso evitar que meu coração bata animado. Mas eu preciso manter a calma. Preciso me manter sobre controle.

— Vamos esquecer o que aconteceu esta noite, e vamos apenas falar sobre nós dois.

Entreabro meus lábios, e o único som que sai é de um O quase inadiável.
— Eu aceito.

Tudo que eu mais quero é saber a que ponto nós dois estamos.
— Ótimo. - diz ele sentando novamente na cadeira.

Eu me afasto da pia, e sigo para mesa. Puxo uma cadeira e me sento um pouco longe, é claro. Se fosse um tempo atrás eu poderia até mesmo estar sentada do seu lado, ou em seu colo. Mas agora parece que somos dois estranhos. Aqueles velhos vizinhos cheios de implicâncias. 

— Você faz as perguntas e eu respondo, tudo bem?

Agito minha cabeça concordando, e começo pensar no que perguntar para ele.
Quero saber tudo.

— Porque você não voltou no final de semana como prometeu? Todas aquelas vezes eu tentei acreditar nos seus motivos, mas com o passar do tempo elas pareciam só uma desculpa para você não vim.

— Sinto muito. - diz ele, passando as mãos pelos cabelos.

— Quero fazer um trato também.

Ele me olha com surpresa.
— Qual?

— Sem 'sinto muito' ou qualquer outra desculpa essa noite, ok? Vamos desenvolver nossas palavras.

Ele me dá um sorriso contido.
— Tudo que você desejar.

Aperto meus lábios.
— Então me diga os motivos. Os verdadeiros.

London me olha com atenção por um longo momento, e depois começa a dedilhar. Ele parece nervoso e nunca esteve assim na minha frente. Isso é novo.
Talvez eu não o conheça tão bem.

— Primeiro de tudo, eu não voltei para cá porque eu não quis voltar ok. Eu esperava ansioso por cada sexta-feira até ser desapontado quando meu chefe pedia para que eu ficasse. Era sempre uma coisa ou outra. Parecia que o destino estava brincando comigo. É sério. Então tudo que eu falei pra você, foi verdade. Você pode até ligar para Roger ou Mark, eles vão confirmar cada palavra.

— Então porque você nunca me convidou para ir para lá? Nunca disse onde estava. Eu teria ido London, e nós não precisaríamos ter ficado tanto tempo longe um do outro.

Ele olho para os pés, e permanece quieto por um eterno minuto. Começo a ficar inquieta com seu silêncio. Mas não me deixo ficar abalada.
— Você ficaria onde se fosse para lá? No alojamento comigo e mais um par de rapazes? Além do mais eu mal poderia sair pra encontrá-la. Então não fazia sentindo ter você por lá.

Levanto da cadeira, mas sua mão abraça meu pulso e me prende em meu lugar.
— Eu só vou pegar um copo de água. - aviso, e ele solta meu braço.

Vou para geladeira e pego uma jarra de vidro. Pego um copo da secadora, e me sirvo. Nesse momento eu me lembro que hoje é terça-feira e não sábado ou domingo.
Levanto meus olhos para ele antes de beber um gole de água fresca.
— Como é que você conseguiu vir para cá hoje?

London se levanta também, e pega um copo.
— Fui liberado um mês antes. Por causa de todos os fins de semana que perdi trabalhando.

Oh.
— Eles te recompensaram?

Ele agita a cabeça antes de mergulhar seus lábios na borda do copo. Meus olhos ficam preso em seu pescoço observando a forma como ele se move quando o líquido escorre por sua garganta.

— Sim. Eu estou livre. E voltei para você.

Meu coração incha, e eu acabo metendo os pés pelas mãos. Mas quer saber? Eu não me importo mais. London está aqui, e eu ainda o amo tanto.
Puxo sua camiseta até que ele esteja em meu peito. Inclino-me sobre a ponta dos meus pés, e prendo seus lábios aos meus.
Dessa vez é para sempre.
Eu sei que é.

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