•Capítulo 9•

4.1K 311 2
                                    

"Armadilha"

London

Volto para casa sorrindo, sério, não estou conseguindo manter meus lábios fechados. Acredito que algumas pessoas que estão passando por mim devem achar que sou louco. Eu só não estou cantando ou chutando o ar porque isso seria a conclusão de que realmente eu sou um louco. Mas na verdade eu só estou animado. Porra.
Muito animado.
Estou voltando de uma entrevista de emprego, e consegui a vaga. Duvido que se você estivesse no meu lugar não estaria agindo assim como eu.
Embasbacado.
Continuo seguindo pra casa, pensando se eu não deveria passar em um bar antes. Mas decido apenas ir até um supermercado, e comprar um par de cervejas para beber mais tarde.
Com uma sacola em uma mão, e meu casaco na outra. Sigo para casa. Mas paro antes de alcançar a calçada.
Meus olhos imediatamente observam Lexie conduzindo uma mangueira em seu pátio.
Parte da minha calçada está molhada. Dou mais alguns passos, e meus olhos conseguem ter uma visão mais amplificado de como ela está hoje.
Não consigo deixar de achá-la maravilhosa, não só por ela estar usando um vestido branco com muitas flores coloridas, ou só por seus cabelos caramelado estarem enrolados em um bolo no topo da sua cabeça. Mas por todo conjunto da obra.
Ela consegue tirar o meu fôlego.
Dou mais alguns passos, me aproximando cautelosamente.
Uma risada acaba escapando quando vejo ela se atrapalhar com a mangueira, e consequentemente molhar a si mesma.

— Oh é você. - murmura ela, quando vira para trás.

Só então eu me dou conta de que minha risada foi alta demais. Fecho meus lábios, e começo a atravessar meu pátio.

— Ei, vizinho. - ela chama, e eu paro. Olho por cima dos meus ombros, e espero.

— Você pode me ajudar aqui? Eu não sei o que está acontecendo com essa mangueira.

Ergo uma sobrancelha, desconfiado, mas meu corpo não consegue ignorar o fato de que se eu não ajudá-la significará não chegar perto dela.
E isso eu não quero evitar.
Levanto minhas mãos.
— Só vou largar essas coisas lá dentro, um segundo.

Ela assente, e volta a tentar molhar sua grama. Abro minha porta, e jogo minhas coisas no sofá. Dane-se que a cerveja irá esquentar fora da geladeira. Saio de volta, e corro até o pátio dela.
Esfrego minhas mãos na minha calça.
— O que houve com ela? - aponto para mangueira.

Lexie dá um passo para trás, e puxa a mangueira do chão. Só então eu percebo que isso não era um pedido de ajuda inocente. Era mais do que isso. Era uma armadilha.
E eu caí.

— Porra! - xingo quando ela aponta a mangueira para mim. Dou um passo para trás quando a água fria é jorrada com vontade em minha cara. — Pare com isso.

Lexie ri, e continua rindo ainda mais alto. Aproveito que ela está tão distraída se divertindo com minha cara, e me lanço sobre ela. Não com tanta força quanto eu gostaria. Mas o suficiente para conseguir imobilizá-la embaixo de mim.

— Filho da mãe! - grita ela, quando nossos corpos colidem e caem juntos no chão.

Uso minhas mãos para segurar seus pulsos. Ela se debate, chuta e usa a cabeça para me empurrar pra trás. Mas eu continuo segurando-a firme, sem muito esforço. Provoco-a com um sorriso gigante.

Lexie deita a cabeça no chão, e fecha os olhos. Eu posso sentir seu coração batendo tão forte contra as batidas do meu.
— Você acabou de quebrar minhas costelas. - reclama ela. 

Merda.
Talvez eu tenha pegado pesado.
— Sério mesmo? - pergunto um pouco preocupado, eu sei que não pulei com muita força em cima dela, mas eu não sei se ela pôde ou não ter se machucado, ainda assim.

Ela abre os olhos lentamente, e faz uma careta.
— Não seu idiota! Mas poderia ter feito. Agora saia de cima de mim. Ah meu Deus, eu estou toda molhada.

Começo a rir agora.
— Não era esse seu objetivo por ter me chamado?

Ela só revira os olhos, e sua voz sai um pouco mais calma.
— Você pode soltar meus braços?

Eu só não solto seus braços, como continuo em cima dela. Não posso negar que partes do meu corpo está adorando essa brincadeira. Consigo sentir uma pulsação diferente entre minhas pernas.

— Porque você me chamou aqui, Lexie?

— Porque você não me disse como sabe meu nome?

— Eu perguntei primeiro.

— Argh. - ela bufa, fazendo o ar que sai da sua boca aquecer meu rosto. — Eu só queria lhe dar um troco. Por tudo que você tem feito para mim.

Inclino minha cabeça para trás, afastando nossos rostos.
— O que eu tenho feito para você? Desde que estou aqui, é você que tem feito coisas para mim.

— Não mesmo, você... - ela fecha os olhos. — Solte meus braços, por favor.

— Prometa que você não vai me bater.

— Eu não vou.

Semicerro meus olhos.
— Não posso confiar em você.

— Meu deus. - ela começa a sacudir as pernas. Minha ereção começa a se animar. — O que você tem na cabeça? Vamos ficar tendo uma conversa assim desse jeito? Me solta e pronto. Cada um segue sua vida.

— Até você aprontar mais uma pra cima de mim? Não. - agito minha cabeça negando.

— Ok. Me desculpa tá? Eu só queria... Deixa pra lá. Eu não vou mais fazer isso. Resolvido? Aliás, minha água está gastando. Você precisa sair de cima de mim. Por favor, faça isso.

Olho seriamente para ela, e tento capturar os traços do seu rosto, porque talvez hoje seja a ultima vez que nós estaremos assim tão próximos um do outro.
— Você venceu. - digo por fim, e então solto seus braços, e levanto de cima dela.
Lanço minha mão para ajudá-la a levantar também. Mas Lexie a ignora, e se levanta por conta própria.

Nossos olhos caem para a mangueira, mas dessa vez eu sou mais rápido do que ela.

Ao Seu Lado Where stories live. Discover now