•Capítulo 32•

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"O Nosso Momento"

Lexie

— Um brinde ao amor que dure pra vida toda! - exclamo erguendo a latinha de cerveja no ar.

London explode em uma risada gostosa de ouvir. E eu aproveito e deito minha cabeça em seu ombro. Meus olhos rapidamente se vão para o céu acima de nós. Depois do nosso papo na sala sobre a foto dos meus pais, agora nós estávamos sentados no degrau da minha varanda, observando as inúmeras estrelas colorindo a escuridão. O clima aqui na rua está muito melhor do que estava dentro de casa. Há um vento fraco soprando através das folhas das árvores.

London pega a latinha da minha mão, e toma um gole. Continuo deitada em seu ombro, e não me importo nenhum pouco com o que isso possa estar parecendo. O que mais importante aqui pra gente é aproveitar esse momento.
O nosso momento.

— Um brinde ao amor dos seus pais. - diz ele, e me entrega a latinha novamente.

Levanto minha cabeça de seu ombro, já sentindo a falta do seu toque. E bebo mais um gole. O líquido desce rápido pela minha garganta. A cerveja tá começando a ficar quente e cheia de espuma.

— Olha você está com bigode.

Inclino minha cabeça pra trás, desconfiada, mas coloco minha língua pra fora e passo ela por meus lábios. London mantém seus olhos acompanhado todo o meu movimento. Isso não me deixa constrangida. Pelo contrário. Me incentiva a continuar brincando com meus lábios.

Só paro quando vejo London levantando sua mão, e direcionando-a para mim. Franzo meu cenho, e meu coração bate acelerado na expectativa do que ele irá fazer.
O céu parece estar baixando, e tudo em nossa volta parece estar se fechando.
Apertado.
Sufocante.

— Tá sujo aqui. - murmura ele, e todo meu corpo arqueia em resposta. Fecho meus olhos quando sinto seu polegar roçar o canto dos meus lábios. É uma sensação boa, excitante. Faz partes do meu corpo se debaterem.

— Obrigada. - foi a única palavra que eu encontrei para falar. Olho para ele, mas desvio rapidamente quando ele sorri mostrando todos os seus dente perfeitos.

London afasta seu polegar da minha pele, e meus olhos encontram a pontinha do seu dedo coberto de espuma. Nós dois sorrimos, e desviamos os olhos.
O que está acontecendo com a gente?
Tudo isso é tão confuso, e maravilhoso. Eu não sei o que pensar sobre o que nós estamos fazendo um para o outro.

— Obrigado por me convidar para ver o céu. - ele diz, seus olhos fixos no horizonte. — Fazia tempo que eu não parava assim apenas pra observar as estrelas. Parece meio bobo né? Mas é o único lugar que milagrosamente recarrega minhas energias. - puxo minhas pernas para junto do meu corpo. E enlaço elas com meus braços.

Um suspiro escapa, e London me encara. Decido compartilhar: — Olhar para o céu me faz esquecer qualquer problema. É como se meus olhos fossem hipnotizados, e meu corpo levado para um lugar onde só existe amor, esperança e paz.

— Às vezes eu tenho essa sensação também.

Um carro atravessa à rua tão rápido que mal conseguimos vê-lo. Mais a adiante surge um grupo de amigos conversando, e cantando alto. Dois deles estão segurando um copo vermelho que parece ser de plástico. Os outros dois estão com um pedaço de papel enrolado apoiado entre seus lábios.
A noite está começando a cair, e o vento frio tá aumentando. Meu corpo se agita com um arrepio.

— Tá ficando tarde, né. - diz ele, virando seu rosto para mim.

Olho para seus traços, os mais delicados que um homem poderia ter. Mas é perfeito nele. Desde seus lábios simétricos e queixo erguido. Até seus olhos chocolates e sobrancelhas grossas.

— Sim... - choramingo com um beicinho, ele sorri. — Mas não quero que essa noite acabe.

Ele pega a latinha da minha mão, e a sacode. Não há barulho. Eu tinha bebido o último gole.
Deito minha cabeça em seu ombro, mais uma vez, e meus olhos se fecham sem que eu note. Sinto um braço quente envolver minhas costas, e surpreendentemente meu coração não dispara, apenas se conforta.

§

Eu não lembro quanto tempo London e eu ficamos lá fora até abrir meus olhos e perceber que eu estava em minha cama.
MINHA CAMA.
Dou uma rápida olhada pelo quarto apenas para me certificar de que não havia ninguém além de mim dentro do quarto. Meu peito aperta quando percebo que estou sozinha.
Esfrego meus olhos, e viro para janela. Há uma claridade querendo atravessar minha cortina. Desvio meus olhos para cima do criado-mudo e vejo que são quase oito da manhã. O quarto está quente, embora eu sinta um pouco de umidade no ar. Afasto meu cobertor para os meus pés, e empurro minhas pernas para fora da cama.
Me sento na ponta, e deslizo meus olhos sobre minha roupa. Meu coração bate assustado. Estou vestindo o mesmo traje de ontem no jantar. Jesus. Como eu posso ter dormido tanto?
Levanto da cama, e sigo até a janela. Empurro a cortina para o lado, e dou uma espiada na rua. O sol está nascendo ao longe, e há alguns pássaros cantando enquanto voam pelo céu azul sem qualquer nuvem.
Saio da janela, e ando pelo meu quarto. Vou até meu roupeiro, e pego um short e uma blusa. Procuro minhas peças íntimas, e meu kit de higiene bucal. Seguro tudo preso ao meu corpo com um braço, e sigo para o banheiro.
Fora do meu quarto.
Empurro a porta de madeira pra trás, e ela range quando se movimenta. Entro no pequeno espaço, e solto minhas coisas em cima da tampa do vaso. Giro meu corpo, e meus olhos grudam no espelho. Mas não foi o meu reflexo que chamou minha atenção. Foi um pedaço de papel higiênico anexado no lado inferior do espelho. Sorrio e agito minha cabeça. Logo sinto borboletas dançarem em meu estômago. Eu ainda nem sei do que se trata o bilhete. Mas todo meu corpo já parece saber.
Dou um passo pra frente, e puxo o papel. Meus olhos correm pelo pequeno texto escrito com meu batom.
Olho para baixo, e vejo meu batom rosa claro fora do meu estojo de maquiagem. Fecho os olhos e fico imaginando como London fez tudo isso.
Só então eu agito minha cabeça, e volto a me concentrar no que ele escreveu.
Leio atentamente cada palavra escrita com uma grafia muito bonita para ter sido feita com um batom barato.

"Pensando na hipótese de que a primeira coisa que você faz quando acorda é vir tomar banho. Eu escolhi deixar esse recado aqui no seu banheiro. Espero que você não se importe :) Se você está lendo-o agora, saiba que tudo sobre a noite de ontem foi perfeito, precisamos repetir mais vezes."

Levo o papel até meu peito, e expiro fundo. Eu não acredito que ele fez isso. Céus. Meu coração está dançando.

Coloco o pedaço de papel higiênico em cima das minhas roupas, e vou para o boxe. Ligo o chuveiro e enquanto espero a água começar a esquentar, tiro meu vestido, e minhas roupas de baixo. Balanço minha cabeça para soltar o fios do meu cabelo. E estico minha mão para medir a temperatura da água. Fecho a porta do boxe, e percebo que metade do vidro já está embasado, então eu entro embaixo da água. Meus olhos logo se fecham quando meu corpo relaxa.
Se eu pudesse ficaria aqui para sempre.

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