•Capítulo 85:

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"1º mês sem London"

Lexie

— Quanto tempo faz que London foi para Jersey? - pergunta May enquanto empurra o carrinho com a Star para frente e para trás.

— Completou um mês hoje.

— Um mês já? - seus olhos arregalam, e ela dá uma espiada em Star.

Desde que cheguei aqui, há meia hora atrás, ela estava embalando minha sobrinha. E teimosa como a tia, a pequenina não tinha aceitado dormir. Não até agora.
May para de balançar o carrinho, e joga suas mãos para cima.
— Graças ao meu bom Deus. Ela dormiu.

Sorrio olhando para felicidade e alívio em sua cara.
— Ela é tão boazinha, May não exagera.

— Basta ficar com ela por dois meses pra você mudar de ideia.

Oh.
Minha boca abre mas não digo nada. Coitada de Star.
Sua mãe pensa tão pouco dela.

— Voltando para o que estávamos falando antes. - May me puxa e me leva para cozinha. — Como que está sendo?

Franzo minha testa.
— Como está sendo o que?

Ela cruza os braços e me olha como se eu tivesse fingindo que não entendi. Mas eu não o fiz.
Verdadeiramente.
— Não seja tão boba. Como está sendo sem ele? - ela olha para os lados, e chega mais perto para sussurrar: — Sem sexo.

— Estamos só nós duas na casa, May. - a lembro, revirando os olhos. Hoje era sábado, e eu vim almoçar com ela. E desde que estou aqui, Chase não apareceu nenhuma vez.
Então... Não havia motivos para ela cochichar.

— Star pode escutar em seu sono.

— Você só pode estar ficando louca. – não posso deixar de rir. Talvez ela não seja minha irmã realmente.

— É a maternidade, vamos deixar pra lá. - pede ela. — Vamos focar no que interessa.

— Saber como está sendo ficar um mês sem sexo é interessante?

May pousa as mãos uma em cada lado da cabeça e solta um resmungo.
— Sobre tudo sua idiota. Sobre ficar sem ele por todo esse tempo.

Puxo uma cadeira e me sento. May logo faz o mesmo.
Não posso mais mentir. Mas também não posso falar toda a verdade. Eu só preciso achar um meio termo que vá fazê-la parar de me questionar e não se preocupar.

Expiro fundo antes de contar:
— Esta sendo uma montanha russa de sentimentos. Às vezes eu fico triste, deprimida, me sentindo sozinha e solitária naquela casa. Outras vezes eu fico esperançosa, feliz e ansiosa para ele chegar. Nós temos trocado muitas mensagens e telefonemas. Mas isso não é o suficiente sabe? Tem vezes que eu prefiro não atender o celular ou não ler sua mensagem. Parece que estou me torturando, parece que ele não existe... Que não é mais real o que nós temos, não sei mais.

— Oh Lexie, você não pode desistir.

— Eu não estou desistindo. É só que... - olho para baixo, e pressiono meus olhos, droga, eu não queria chorar. Vir para cá não era sobre falar sobre meus sentimentos, poxa, porque May tinha que mexer nesse assunto?

— Ele não tem vindo nos finais de semana como prometeu, sabe? Eu não sei mais o que pensar, o que sentir. Mas às vezes eu fico me perguntando se  ele vai voltar realmente.

Levanto meu rosto, e ela percebe que eu estou chorando. May se levanta da cadeira, e se posiciona de joelhos na minha frente. Suas mãos pegam as minhas, e me apertam de um jeito confortante.
— É claro que ele vai, ele prometeu para você.

Um sorriso sem graça escapa.
— Da mesma forma que prometeu me visitar nos fins de semana.

Ficamos em silêncio por um longo minuto.
— Ele explicou não é? Tem que haver um bom motivo para ele não vir.

Afasto minhas mãos das dela apenas para enxugar meu rosto, e prender meus cabelos em um coque.
— Claro que tem. - zombo. — Na primeira semana foi porque surgiu um imprevisto. Na segunda foi porque ele precisava terminar uma demolição. Na terceira foi porque escalaram ele pra receber uma encomenda de materiais que chegariam no domingo, e hoje ele não está aqui porque seu chefe pediu que ele cobrisse um funcionário lá que faltou.

— Não são motivos discutíveis. Ele foi obrigado a ficar lá, Lexie.

Olho para os lados, e depois para ela.
— Seja sincera comigo, certo?

— Sempre.

— Se fosse o Chase. O que você faria?

May se levanta, e começa a andar em círculos pela cozinha.
— É difícil imaginar uma situação dessas. Mas, bem, talvez eu esperaria. Talvez não. Merda. Eu não sei. Não consigo imaginar. Um mês é muito pouco para saber.

Um mês, e London só me decepcionou. O que ele fará nos próximos?

§

Chego em casa, depois de passar a manha e a tarde de sábado na May. Sou recebida com muitos latidos e lambidas.
— Oi meu príncipe.
Scott se enfia em meu colo, e começa a se pendurar em meus ombros. Fecho meus olhos quando sinto sua língua cobrir meu rosto.

— Você está com saudades é? Eu só saí por algumas horas, cara. O que está acontecendo com você?

Ele late para mim, depois abana seu rabinho. Afundo meu rosto em seus pêlos macios.
— Vem, vamos ver se você precisa de comida.

Levanto do chão, e vou para cozinha. Sigo para área de serviço e vejo que os potes com ração estão cheios, mas o da água está pela metade. Eu encho mais um pouco, mas Scott nem dá bola. Ele anda tão estranho ultimamente, acho que eu suspeito do porquê.

Vou para sala, e o bicho me segue. Agora ele deu para estar ao meu lado toda hora. Scott gruda em mim como se fosse meu segurança particular. E eu não posso nem relaxar no sofá senão ele sobe para meu colo e não me deixa em paz.

Eu o amo, e gosto do seu carinho. Mas ele tem exagerado a ponto de não me deixar conseguir ver nem mesmo uma programação qualquer na TV.
Decido ir para meu quarto, e antes que eu consiga fechar a porta, Scott é mais rápido, e abana seu rabo quando consegue entrar no local.
Olho para ele com uma expressão brava, mas ele só late de volta.
— Você está passando dos limites, Scott.

Ele parece nem aí para o que eu disse. Começa a andar pelo quarto como se aqui fosse seu território. Decido ignorar apenas por hoje. Quem sabe ele não pode ser uma boa companhia nesta noite?

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