•Capítulo 40•

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"Montanha Russa"

Lexie

Viro meu rosto para frente, e enxugo meus olhos. Eu não sei porque estou chorando. Talvez seja meus hormônios do período. Meu corpo estremece quando sinto London sentando ao meu lado no degrau da varanda. Seu corpo é cheio de calor.

— Eu sei. - responde ele, enquanto pousa seus braços por cima do seus joelhos. — Sinto muito por você ter ouvido aquilo. Mas eu só queria que sua irmã se sentisse culpada por ter nos interrompido. Só isso.

Levanto uma sobrancelha, mas continuo encarando a rua.
— Você pareceu muito convincente.

Percebo pelo canto dos meus olhos que um sorriso brinca em seus lábios. De repente sinto que minha vida tem sido uma montanha russa ultimamente.

— Obrigado, eu sei, eu posso ser um pouco isso.

Reviro meus olhos.
Eu já perdi a conta de quantas vezes eu faço isso depois que eu o conheci.
— Então está tudo bem pra você? Sobre... - minhas palavras são interrompidas quando ele pousa sua mão em meu queixo e vira meu rosto para ele.
Engulo em seco.
Seus olhos são quentes, tão quentes que são capazes de fritar um ovo.

— Esse realmente era seu plano? Vir pra cá para ganhar uns beijos e alguns amassos?

Eu não estava esperando por essa pergunta. Afasto meu rosto da sua mão, e viro para frente. Não posso encará-lo.
Não neste momento.

— O que está acontecendo entre nós, Lexie? - insiste ele, e sua pergunta faz meu corpo inteiro arrepiar.

Mordo o lado inferior do meu lábio.
— É o que eu estou tentando entender. - confesso, e olho rapidamente para ele. London parece sério apesar da sua expressão ser amena. — Eu gosto de você, gosto também da sua companhia.

— Quem diria não é? - sua pergunta interrompe meus pensamentos. — Você me odiava antes.

Arregalo meus olhos surpresa por ele saber como eu me sentia em relação à ele, antes.
— Você compartilhava do mesmo sentimento também.

— Você era irritante.

— Há há - zombo, e empurro seus ombros com os meus. — E você era o pior vizinho que uma pessoa poderia ter.

Ele leva a mão até o peito, e finge estar ofendido.
Agito minha cabeça, e começo a relaxar. Talvez fosse melhor deixar todo aquele papo sobre o que sentimos um pelo outro, para mais tarde. Ainda não estou preparada para colocar tudo pra fora. Não sei o que vou ter de volta.

Ficamos em silêncio por um rápido instante, e então sua voz rouca quebra o encanto.
— Vamos ficar por aqui mesmo ou vamos pra casa?

Expiro fundo, e olho para o céu. Já está mais escuro agora. E há um vento frio castigando minha pele.
— Vamos pra casa.
É muito engraçado dizer isso, parece que nós moramos juntos. Bem, quase juntos. Dado ao fato de que ele é mora bem ao meu lado.

Ele pega seu celular, e começa a abrir o aplicativo do Uber. Olho espantada para ele. Mas decido não dizer nada. Apenas fico esperando ele chamar um carro para nós.
Parece que tudo voltou a ficar em paz.

§

Na manhã seguinte, depois que London me deixou em casa ontem, e depois que eu tive uma boa noite de sono para pensar sobre tudo. Eu acordei esta manhã e fiz uma promessa para mim mesma:
— Manter todo meu pacote emocional e pessoal fora de London.

É isso.
Eu decidi não ir mais até a casa de May enquanto ele estiver lá, também decidi que um pouco de espaço entre nós seria perfeito para que tudo funcionasse e voltasse a ser como era antes: platônico.
Nós não conseguimos dar um passo adiante, ontem, então a melhor escolha foi dar um passo para trás. Meu coração não ficou muito contente com isso, claro, mas o que eu poderia fazer?

É terrível ficar nessa situação entre seguir o caminho que seu coração quer ou o caminho que seu cérebro acha que é melhor para você. Confesso que se a conclusão da noite de ontem tivesse sido diferente do que foi - eu voltando pra casa, e London indo para dele, sem nada a mais - provavelmente hoje meus pensamentos e minhas ações seriam diferentes.
Totalmente.

Mas não posso continuar me enganado, ou tentando algo que não depende só de mim. Bem, talvez se eu me esforçasse mais um pouquinho, dependeria, eu acho. Mas eu não sou essa pessoa. Eu não sei tomar as rédeas. Bater de frente. E jogar tudo no ventilador. Gosto quando a outra parte faz isso. É mais fácil, e você só tem que dizer sim.

Não é fácil me compreender, eu sei, nem mesmo eu me entendo, muitas vezes. May uma vez me disse que nós, mulheres, podemos também correr atrás dos nossos sonhos, do nosso homem dos sonhos. Mas na maioria dos filmes que vejo, é sempre o contrário. E parece ser o caminho certo. Isso me deixa numa dolorosa conclusão sobre eu e London: nós dois somos a pessoa que está esperando.
Esperando o primeiro a tomar iniciativa.
Esperando o primeiro a dar abertura.
Esperando o primeiro a mudar a direção das nossas vidas.
Qual de nós dois vai ser o primeiro a fazer isso?
Eu não faço ideia.

§

— Parece que vamos encontrar Maggie muito em breve. - anuncia Preston assim que me encontra no corredor da escola.

Continuo seguindo para minha sala, e ele me acompanha.
— Como assim? - pergunto, e viro minha cabeça para o lado. Ele faz o mesmo, e nossos olhos se encontram.

— Ela tá preparando um chá para comemorar o primeiro mês dos meninos.

Meus olhos arregalam na mesma hora que suas palavras ecoam pelo corredor silencioso.
— Meu deus. - minha voz soa espantada. — Não foi ontem que aqueles bebês nasceram?

Preston sorri dando vida ao seu par de covinhas.
— Verdade. Passa muito rápido e a gente nem percebe.

— Não é? - balanço minha cabeça, e me lembro que preciso visitar minha colega mais vezes.

Chego na minha porta, e expiro fundo antes de virar para Preston.
— Tenha um bom dia. - desejo, e engulo em seco.

Ele cruza os braços sobre o peito, e me olha como se quisesse ver o que está além de mim. É intimidante.

— Você também, tenha um bom dia e um bom trabalho.

Assinto, e abro minha porta.
Cheguei um pouco mais cedo na escola para organizar as pastas das crianças, e todo meu material de avaliação. Estamos nos aproximando das férias de inverno, e preciso ter tudo pronto para o próximo semestre. Meus olhos correm pela sala, notando cada classe sem crianças. O único som que pode ser ouvido é das hélices do ventilador rodando.
Puxo a cadeira pra trás, e me sento. Coloco a alça da minha bolsa na ponta da cadeira, e começo a abrir minhas pastas.
Logo um mar de papéis surge em minha mesa.
Mas antes de enfiar minha cabeça entre eles, procuro meu celular no fundo da bolsa, e o puxo pra fora quando encontro. Eu não sei o que estava esperando quando peguei o aparelho, mas um suspiro escapa quando vejo que ele está do mesmo jeito que deixei.
Sem nenhuma notificação aparente.
Jogo ele dentro da bolsa novamente, inclino meu corpo por cima da mesa, e tiro a tampa da minha caneta com a boca, e começo a fazer minhas anotações. Não percebo que levei bastante tempo anotando, e separando documentos quando escuto o sinal tocando, e me lembro que minha tropa está chegando.
Fecho tudo, e organizo minha mesa. Levanto da cadeira, e sigo para abrir a porta. Um longo dia me espera lá fora.

Ao Seu Lado Where stories live. Discover now