•Capítulo 48:

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"Meu quarto"

                               Lexie

Dou a volta na casa, trazendo London comigo, e encontro minha mãe de costas pra mim e virada para o fogão. Ela parece remexer alguma coisa na panela, e seu corpo se balança como se ela tivesse escutando alguma música. Abro a porta da cozinha com todo cuidado para ela não conseguir me ver. London solta a minha mão, e entra atrás de mim. Dou alguns passos para frente, e grudo meu dedo indicador nos lábios e viro pra  trás.
London assente, e permanece em silêncio.
Sigo em frente, e passo meus braços envolta da cintura da minha mãe. Seu corpo se agita, e ela quase cambaleia pra trás.

— Aí meu coração, Lexie! – xinga ela, sua respiração ofegando.

Aperto meus braços com mais força envolta da sua cintura, e pouso minha cabeça em suas costas, macias.

— Senti sua falta mamãe.

— Eu também minha menina.

Solto meus braços, e ela se vira. É quando suas sobrancelhas ralas se levantam, e seus olhos cor de chocolate fitam o cara parado atrás de mim.
Engulo em seco, e dou um passo para trás.
Parando ao lado dele.
— Bem... Mãe, este é London.

Ela continua me olhando como se eu precisasse continuar lhe apresentando. Mas eu paro. E London dá um passo para frente.

— Oi, Jane certo? - minha mãe dá um pequeno aceno com a cabeça para ele. — É uma honra poder conhecê-la.

London estica sua mão para minha mãe, e ela apenas fica olhando para seu braço estendido. É possível ver vários pontos de interrogações brilhando por trás das suas pupilas escuras.
Essa tensão me deixa nervosa, e olho para London. Ele sorri para mim, e quando começa a afastar seu braço, minha mãe nos surpreende e pega sua mão, lhe dando um aperto demorado.

Meus olhos se fecham quando uma onda de alívio me percorre.
— Seja bem vindo em minha casa, London. - diz ela, com a voz que se parece muito com a minha, só que mais madura e afinada.

Esse era o passe livre que ele precisava. Quando minha mãe diz 'seja bem vindo em minha casa' você pode ter certeza de que ela realmente quis dizer isso.
Minha mãe pode ter essa carranca no rosto algumas vezes, mas por dentro ela é uma boa pessoa.

— Fiquem a vontade crianças. - diz minha mãe, e se vira para o fogão outra vez. — Eu só preciso terminar esse bolo que May me pediu, e nós vamos colocar o papo em dia. Mas vem cá, onde sua irmã está agora?

Expiro fundo, e sinto cheiro de cenoura e uma pitada leve de chocolate.
— Vai chegar mais tarde com o seu noivo.

Aponto para o corredor, e me inclino sobre a ponta dos pés para sussurrar no ouvido de London.
— Quero te mostrar a casa.

Seu corpo se agita com a chegada da minha voz.
— Isso inclui seu antigo quarto? - pergunta ele, em um tom de provocação.

Reviro meus olhos quando sinto meu rosto ganhar um tom mais forte de rosa. E empurro seu peito, e começo a guiá-lo para fora da cozinha.

                            §

— Você com certeza era uma gracinha. - observa London enquanto segura um retrato com uma foto de quando eu era criança.

O registro foi feito quando eu tinha perdido meu primeiro dente. Então você pode imaginar uma menina de cinco anos sorrindo com a boca toda arregaçada apenas para mostrar que havia uma pequena janela aberta entre seus dentes. Eu me sentia como uma mocinha. Meus cabelos eram sempre cortados até a altura do meu queixo, e essa foto foi tirada ainda na época em que eu usava franja. Coisas de mãe.

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