•Capítulo 2•

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"Sem Limites"

Lexie

Volto para casa, pisando firme e bato a porta quando entro. Inacreditável como aquele cara conseguiu me tirar do sério. E ele ainda foi capaz de ligar aquele cortador mais uma vez só para me insultar.
Quem ele pensa que é?
Agito a cabeça enquanto descanso minhas costas sobre a porta. Meus olhos se fecham e a imagem de meu vizinho volta para minha cabeça.
Além de ser idiota ele tinha que ser bonito?
Bom, talvez eu tivesse exagerando um pouco. Numa classificação de zero a dez, acho que ele fica com sete pra ser honesta.
Mas eu não posso negar que meu coração bateu algumas vezes mais forte durante nossa pequena interação engenhosa.
Abro meus olhos, e de repente reparo que eu ainda estou de robe. Pior do que isso.
Eu fui até lá de robe.
Minha boca se abre em choque, e eu rapidamente saio em procura do meu celular. Sigo para meu quarto, e assim que abro a porta, meus olhos passeiam pelo pequeno espaço.
Não era um quarto grande, assim como minha casa também não era. Mas eu gosto daqui, é aconchegante e tranquilo.
Depois que May passou a casa para mim, eu refiz uma parte da decoração, tanto do quarto quanto dos outros ambientes. Mas não foi uma mudança assim tão drástica, apenas retirei os quadros de pintura que May adora, e coloquei quadros com mensagens inspiradoras que eu adoro.

Também mudei a capa do sofá que antes era vermelha, para um tom mais leve tipo beje. Na cozinha não mudei muita coisa, além de mover a mesa para mais perto da janela que leva até a área de serviço. E no meu quarto, deixei a cama no centro, e ao seu lado direito um criado mudo branco, e do outro um tapete de veludo cinza. Também tem meu roupeiro que trouxe da casa dos meus pais, que é todo branco e tem seis portas cinzas. Todas minhas coisas cabem nele. E é apenas isso que cabe nesse quarto.
Agora eu posso imaginar o porque que May sentiu necessidade de se mudar para casa do seu noivo. Não havia como ela continuar morando em uma casa pequena com apenas um quarto quando se está esperando um bebê.

May.
Acabo de lembrar que preciso ligar para ela.
Pego meu celular em cima do criado-mudo, e disco o nome da minha irmã mais velha. Quando seu número aparece na minha lista favorita de contatos, eu faço a chamada.

— May atende aí. - falo quando escuto impacientemente o bipe da chamada. Mas então um ruído atinge meu ouvido, e ela atende a linha.

— Ei, oi maninha. - cumprimenta ela, com a voz ofegante.

Só então eu percebo que ainda está cedo.
Mordo meu lábio inferior.
— Droga, te acordei?

Ela boceja.
— Não imagina, é claro que você não me acordou.

Reviro os olhos.
— Sinto muito, mas eu preciso te contar uma coisa.

— Mal posso esperar para ouvir.

— Oh, para de ser irônica e fala direito comigo.

— Não estou sendo irônica, – seu tom de voz ficou mais sério. — É que pra você me ligar às seis e quarenta e cinco da manhã deve ter algum motivo bom, grande.

— O vizinho. - murmuro com medo que ele possa ouvir. Mas isso é impossível desde que nossas casas não são assim tão próximas.
Sorrio.
É patético.

— O que ele aprontou dessa vez?

Sento na minha cama, e deixo minha respiração ir.
— Me acordou com o barulho incessante do cortador de grama às seis horas da manhã.

— Meu deus, ele realmente não tem limites. Mas não entendo o porquê que ele faz essas coisas agora.

— É justamente isso que quero entender, será que é um tipo de provocação? - pergunto, lançando para a janela, um olhar irritado. — Eu não fiz nada para ele. Mas todo dia ele encontra alguma maneira para me perturbar.

— Você já experimentou falar com ele?

Uma risadinha escapa dos meus lábios. Cubro minha testa com minha única mão livre. Mal ela sabia.
Que vergonha.
— Fiz isso hoje.

— Lexie do céu, não acredito. E o que que deu?

Minhas bochechas coram.
— Discutimos. Gritamos. Xingamos. - falei, sentindo meus ombros caírem um pouco.

— E isso resolveu alguma coisa?

— Sinceramente? Não sei. Mas acredito que ele vá dá um tempo. É tão estressante isso. Você sabe o quanto odeio acordar cedo.

Alguns sons surgem do outro lado da linha.
— Eu sei, mas vamos torcer que isso passe, senão eu vou ir aí ter uma conversinha com esse cara. Você descobriu o seu nome? Desde que eu morava aí ele nunca se apresentou.

— Agora que você tocou no assunto que eu realmente me dei conta. Eu também não sei como ele se chama. Mas nem faço questão de saber. Qualquer coisa sobre ele, eu quero bem longe de mim.

May demora pra responder.
— Você tem razão. Mas fique esperta. Se ele continuar te incomodando você pode simplesmente denunciá-lo.

— Obrigada por me ouvir.

— Estou sempre aqui, irmã. Aliás, Chase também, e ele está te mandando um beijo.

Sorrio.
Meu cunhado era fofo demais.
— Mande um de volta. Amo vocês. Agora podem continuar fazendo o que vocês estavam, – arranho a garganta. — Fazendo.

Ela gargalha do outro lado.
— Se cuida, Lex.

É o que pretendo fazer.

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