Luz do banheiro
London
Bato minha porta, e sigo para o banheiro. Assim que entro, olho imediatamente para o espelho. Faço uma careta quando percebo um pequeno corte na parte direita do meu nariz.
Ligo a torneira, e jogo um pouco de água no rosto. Empurro a mecha do meu cabelo que sempre cai sobre meus olhos para trás da minha cabeça. Depois que seco meu rosto percebo que o dano causado pela vizinha foi bem menor do que parecia.
Saio do banheiro, e volto para sala. Mas dessa vez deixo a furadeira de lado, e pego o martelo para colocar um par de ganchos na parede. O barulho é bem mais baixo. Ainda não consigo acreditar que levei uma sapatada na cara.
Solto o martelo em cima do meu sofá, e pego o primeiro quadro que desenterrei de uma caixa de artigos velhos que meus pais guardavam. Era uma bela paisagem. Um pôr-do-sol contrastando com as águas do mar. O outro quadro era uma paisagem urbana. Luzes da cidade, carros com faróis acesos e pessoas borradas dando a impressão de que estavam em movimento. Coloquei ambos os quadros na mesma parede que está a estante da TV, mas cuidei para deixá-los longe o suficiente para que quem fosse me visitar conseguisse vê-los.
Juntei o martelo, e peguei a furadeira. Coloquei ambos dentro da minha antiga maleta preta. E segui para guardá-la no depósito. Quando saio pra rua meus olhos se animam com a escuridão da noite. Há um vento frio soprando as folhas. E estrelas começam a iluminar o céu em todo seu horizonte.
Empurro a porta pra trás, e ela range mais uma vez. Só jogo a maleta para dentro, e puxo a porta de volta. Bato minhas mãos em minhas calças, e quando viro para voltar pra casa, meus olhos espontaneamente correm para casa da vizinha. Há uma única luz acesa, e está vindo de uma janela pequena. Há também uma fumaça fraca saindo pelos cantos do vidros. Eu não preciso pensar muito para saber que lá é o seu banheiro. E que Lexie provavelmente está tomando banho. Coço meu queixo enquanto continuo observando o vidro embasando. Olho rapidamente para os lados apenas para me certificar de que não tem ninguém me cuidando. Mas então me dou conta que só é eu o espião aqui. Agito a cabeça, e sorrio.
Forço meus pés a irem embora, mas eles não me obedecem. Meus olhos continuam fixos na janela, e há algo aqui dentro de mim animado com a esperança de vê-la.
O que é impossível.
Então eu me contento apenas com a minha imaginação. Fecho os olhos por um momento, e saboreio a sensação do seu corpo junto ao meu. Eu não consigo criar uma imagem real, eu só consigo vê-la em seu robe, repetidamente.
Um barulho estranho faz meu coração bater rápido, e meus pensamentos logo se apagam. Abro os olhos, e não vejo nada em minha volta, além do meu depósito e um par de arbustos. Mas eu levo esse barulho como um sinal que já está na hora de eu ir embora. Ainda mais depois de ver que a luz do seu banheiro foi apagada.
Preciso entrar e cuidar de mim agora.§
Na manhã seguinte, acordo com meu celular tocando. Quando levanto minha cabeça do travesseiro, e percebo que já passava das oito, fico surpreendido por ter dormido tanto.
Era a primeira vez que isso acontecia.
Pego meu celular de cima da cômoda, e o levo até minha orelha. Viro meu corpo na cama, e fico deitado de costas agora.— Alô? - minha voz sai um pouco arrastada. Meus olhos tremem com a claridade.
— London Thompson?
Esfrego o rosto com minha mão livre.
— É ele.Há uma respiração forte do outro lado.
— Olá, bom dia. Aqui é Melanie Jackson, e falo da agência de recrutamento. Você enviou seu currículo para nós na última sexta-feira certo?Meus olhos arregalam, e imediatamente me sento no colchão.
— Sim, sim. Enviei. Certo.
Começo a torcer mentalmente que eles tenham um emprego para mim.— Você ainda está disponível?
Meu coração explode em excitação.
— Estou sim, claro.— Ok, vou lhe enviar o horário e endereço da sua entrevista por e-mail.
— Ok.
Comemoro em silêncio.
Mas quando escuto uma pequena risada do outro lado, eu fico me perguntando se ela tem ouvido supersônico.
Finjo uma tosse.— Fico no seu aguardo, London Thompson. Até mais.
— Até. - falo antes de desligar a chamada.
Jogo meu celular pra cima, e acompanho ele quicar em cima da cama.
Porra.
Conseguir uma entrevista. Era tudo que eu precisava.
Saio da cama, e procuro meu notebook nas gavetas da minha cômoda. Faz alguns dias que eu não o usava, e agora estou empolgado demais para me lembrar onde foi que eu o guardei da última vez.
Puxo todas as gavetas para fora, e encontro o aparelho na penúltima gaveta.
Há seis.
Sento no chão, e coloco o notebook em minhas pernas, ligo o aparelho, e espero o sinal da internet ficar verde para iniciar uma pesquisa no Google. Digito o site do meu e-mail, e assim que a página carrega, digito meus dados e espero tudo acontecer. Meu coração bate ansioso enquanto vasculho meus últimos recebimentos.
Encontro o e-mail da agência.
Levanto do chão, e pego um papel e uma caneta da gaveta. Digito o endereço e o horário.
Perfeito.
Ainda tenho um par de horas até minha primeira entrevista depois de um longo tempo.
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Ao Seu Lado
Storie d'amoreQuando sua irmã lhe ofereceu um lugar para morar. Lexie não podia pensar em mais nada, a não ser se mudar da casa dos seus pais. Mas se ela soubesse o grande problema que iria encontrar quando morasse na casa de May, talvez ela tivesse repensado ess...