•Capítulo 67:

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"Scott"

London

— Mas que porra é essa Lexie? - digo, exausto.

Não faz muito tempo que nós saímos de casa, depois dela ter demorado uma eternidade no banheiro, quando esbarramos em uma caixa de papelão largada no meio da calçada. E ela escutou algum barulho que precisava ser verificado antes de seguirmos nosso caminho para o Dalle's restaurante. 
Esta mais escuro agora, e conforme a noite caí vai ficando mais fria. Há uma neblina deslizando lentamente pelo céu, parece como se as nuvens estivessem a um passo do nosso alcance.
Lexie foi até a caixa, e quando a moveu de um lado para o outro, ouviu um barulho que fez nós dois trocarmos um olhar suspeito. Parecia um gemido. Mas só percebemos do que se tratava quando ela abriu a caixa, e seus olhos fitaram um par de olhos pardos.
— É um filhote. Céus. É tão pequenininho. - murmura ela, encantada com o que está vendo dentro da caixa.

Lexie está acocada no centro da calçada, e a gente tem sorte de que ninguém está passando por nós. Além dos carros na rua paralela à esquina movimentada em nossa frente. 
Dou alguns passos para perto dela, e vejo com meus próprios olhos.
— Tiveram coragem de abandonar essa coisa aí?

— Não é coisa, London. É um cachorro. E parece ser recém-nascido. Pobrezinho. Está tão frio aqui.

Lexie enfia as mãos dentro da caixa, e tira para fora um bolo de pêlos mesclados. É branco com muitas mechas pretas. Nas patas, no corpo, no rabo e no rosto também.

— Vamos acabar nos atrasando mais. Não é melhor colocá-lo de volta aí dentro, e apenas irmos embora?

— Eu não sei...

Lexie coloca o cãozinho em suas pernas, e o bicho se alinha em seu colo. Ela esfrega a cabeça dele, e ele abana o rabo em resposta. Esta adorando.
É óbvio.

— Eu só preciso. - ela aperta os lábios, e olha ao nosso arredor. — Não posso deixá-lo aqui London. Não é seguro.

Ai ai ai.
Estou começando a imaginar a onde isso vai nos levar.

— Pelo que parece, ele vive bem por aí, vamos logo. Apenas o deixe onde estava.

— Ele é tão pequeno. Deve estar com medo.

— Eles já nascem treinados para sobreviver na rua, Lex. - não consigo esconder meu tom impaciente.

— Mas não é pra ser assim, London. Todos eles merecem ter um lar como a gente.

— O que isto quer dizer? - pergunto passando por cima das minhas suposições. Estou piamente achando que ela está, realmente, cogitando levar esse pequeno vira-lata para casa.
De repente eu me arrependo de ter escolhido um lugar para nós jantar,  tão perto da nossa casa que nós seríamos capazes de ir até ele, a pé.

—  Eu não sei... - suspira ela, e eu imediatamente sinto que o nosso jantar vai acabar ficar para trás.

O restaurante para qual eu estou levando-a já vai estar fechando sua portas em breve, e nós tão pouco estamos no meio do caminho. Droga.
Não é que eu não me importo com esse cãozinho. Claro que eu faço. Mas tropeçar em uma caixa de papelão no meio da calçada não estava em meus planos para esta noite.  

— Lexie.

— Oh meu Deus, eu sinto muito bichinho. - choraminga ela, colocando a bolota peluda de volta dentro da caixa de papelão.
Meu peito se aperta diante da cena.
Merda.
Eu acho que não vou conseguir dar às costas, e seguir em frente sabendo que o pobre coitado está, provavelmente, abandonado há algum tempo aqui.
E para piorar ainda mais a situação, ele começa a latir de um jeito que não me deixa com muitas opções. Ou a gente vai acabar levando ele, ou vamos acabar terminando a noite aqui com ele.

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