Capítulo 29

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Sem Revisão... 😪

Culpa. Essa é a palavra que ronda a mente de Henry, nas últimas horas. Ele mal consegue se olhar no espelho. Sabe que tudo aconteceu por sua causa. Por ter sido descuidado.
Ele sentiu tanta raiva quando descobriu que o homem que buscava vingança contra si, era o mesmo que havia matado o seu irmão, que ficou momentaneamente cego. A dor da perda, de tantos anos, o sofrimento dos últimos tempos o atingiram como uma bala. A mesma  que acertou o seu irmão fatalmente.
Saber que pessoas morreram por sua causa, pessoas inocentes. Fez com que Henry se sentisse o pior ser humano do universo. Arrependimento. Deveria ter deixado aqueles ladrões de anos atrás, levarem o que queriam. Não deveria ter agido como um herói. Herói que não é. Se ele não tivesse tentado ajudar, o seu irmão ainda estaria aqui. Os bandidos teriam sido presos em pouco tempo e ninguém morreria ou sofreria por consequências de seus atos. Ele não teria conhecido a mulher que ama. Ela não teria se apaixonado por ele. Eles não teriam filhas juntos. Mas ao menos, ela estaria bem.
  Ao lembrar das suas meninas, o seu coração se aperta ainda mais. Toda a dor que a sua amada está sentindo. Todo o sofrimento que ela passou nos últimos meses, por sua culpa, fazem Henry, querer voltar no tempo e salva-la desse triste momento da sua vida. Ter conhecido ele. Agora a mulher que ama e suas bebês, estão lutando para sobreviverem. A Ana é forte.  Ele sabe. Mas, e suas filhas? Elas seriam suficientemente fortes?
A Analu, o perdoaria por tudo? Como eles ficariam daqui para frente? Essas dúvidas o consumiam lentamente.

  Henry não tinha noção do quanto Analu o amava. Nesse momento, ela está na sala de cirurgia. Infelizmente, um problema na gravidez não detectado antes, colocou a vida das meninas em perigo. As dores que Ana estava sentindo anteriormente, eram um sinal que algo não ia bem. Todo o trauma recente atrapalhou ainda mais nesses últimos momentos. Não havia o que fazer. Não havia culpados para isso. Foi o destino. Deus. Não saberia dizer.
  Os médicos faziam o seu melhor para salvar as pequenas vidas, que estavam em suas mãos. Analu estava tão fraca. Porém se recusava a desistir. Seria forte por ela, pelas bebês e por ele. Henry. O homem da sua vida. Seu coração se parte toda vez que lembra o quão sofrido é. O tanto que foi privado de viver, por culpa da ganância de homens ruins. Tão cheio de feridas em seu coração. Ana teve o prazer de cuidar de cada uma delas. A alma do seu amado tão pura, e tão quebrada. Ela lutaria por sua família. Se arrependeu no instante. Deveria ter dito logo um sim ao seu pedido. Mas agora já passou. Ela não perderia outra oportunidade, assim que saísse daquele hospital, viveria intensamente cada momento desse amor. Apenas ela, Henry e suas filhas. Sorriu com esse pensamento. Tudo ficaria bem.

  Os médicos corriam contra o tempo. Infelizmente não sabiam se conseguiriam salvar aquelas vidas. Faziam tudo ao alcance de suas mãos. A mulher a sua frente, deitada na maca fria, mostrava-se determinada a vencer. Era forte. Porém, não era o suficiente... Seria realmente necessário um milagre. Os bebês ficaram sem oxigênio por muito tempo. A mãe sofreu um trauma grave. Um barulho irregular na máquina que monitora o coração, aumentou a preocupação dos profissionais. A paciente estava tendo uma parada cardíaca. Todos os profissionais trataram de fazer os procedimentos necessários para o coração da mulher voltar a bater. Depois de três minutos, ele voltou a tamborilar. Para alívio dos profissionais. Voltaram a atenção para as crianças. Era complicado. Teriam que escolher.

  O profissional chefe, foi até a recepção onde se encontrava a família. Teria que falar com alguém sobre o assunto. Quando o viram, todos levantaram na espectativa. Era complicado. Nunca reagiam bem a esse tipo de notícia. Até mesmo para ele, que fazia isso a mais de trinta anos. Todas as vezes era igual. Tinha que segurar o emocional e deixar o lado profissional falar. Emocionalismo, não salvaria aquelas vidas. Um bom trabalho sim.
A visão do homem a sua frente, o deixou momentaneamente perturbado. Tanto sofrimento naqueles olhos cobertos por lágrimas. Tanta dor exposta naquele rosto. Deus. Como tudo era injusto. Como o Senhor todo poderoso permitia que tal coisa acontecesse? Pedir a um homem para escolher entre a mulher que ama ou suas filhas era torturante demais. Não podia fazer aquilo. Não, mais uma vez. Se aproximou e explicou toda a situação para os presentes. "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para salva-las" foi a última coisa que disse antes de voltar ao seu trabalho. Agora com uma vontade fora do normal. Faria mais que o possível.

  David continuava incansável a procura dos bandidos. Malditos. Teria que descobrir quem da sua equipe era o traidor. Desde que fizeram a batida no apartamento de Henry, ele não descansou. Mal conseguia se manter de pé ou com os olhos abertos. Tinha que deter aquele assassino. A vida de pessoas estava em risco. A vida dela. Analu. Não conseguiu mais vê-la depois de tudo. Sabia que estava no hospital, lutando para sobreviver. Não tinha sentido ir até lá. Todos que a amavam estavam lá torcendo por ela. O homem que amava, aquele que escolheu estava lá. Era o que importava para ela. E David ficava feliz com isso. Nós últimos três anos, não se permitiu viver. E não seria agora que faria. Ainda mais, com uma mulher que amava outro homem.
Seu corpo não aguentava mais. Os sinais de cansaço, desânimo e derrota eram evidentes. Precisava ir para casa. A senhora Pirce, já havia ligado três vezes. Ela quem cuidava da sua filha desde... Desde sempre. Pensar em sua falecida esposa, doía tanto que sentia a sua alma se partir todas as vezes. Se perguntava, o que fez de errado no mundo, para sofrer tanto? Nunca saberia a resposta. Deixou a delegacia e rumou para casa. Precisava de um abraço.
  Quando entrou em casa, pode ver o motivo do seu sorriso diário deitada no sofá da sala, cochilando.
"Ela está esperando o senhor. Era noite da pizza" a senhora Pirce diz. Sai logo em seguida, deixando um até breve. David havia esquecido da noite.
Caminha até o sofá. Sua bebê é linda. Parece com a mãe. É um sofrimento diário olhar para ela. Mas também, uma benção. Faz com que ele lembre todos os momentos maravilhosos que teve ao lado dela. Pega a pequena nos braços. Ela abre os grandes olhinhos e sorri. Aquela imagem faz o seu coração saltar de alegria. Izzie é tudo que precisa. Ele e a pequena contra o mundo.
"Poxo domi com voxê papai?" Ela diz com sua vozinha doce e infantil. "Pode sim meu dengo" era assim que a chamava. Ele pôs a filha em sua cama e tomou apenas um banho, logo em seguida dormiu. Tão rápido, quanto a pequena. Eram iguais.

   Henry continuava impaciente. Quanto mais teria que esperar? Não demorou muito e o médico novamente apareceu. Todos ficaram tensos. Não sabiam se o que os aguardavam, eram boas notícias. Henry logo ficou de pé. Estava sentado desde cedo no chão frio do hospital. Sem forças, sem ânimo e sem esperança. Sentindo apenas remorso e culpa. Era um homem devastado. "Elas nasceram" foi o que o médico disse. Uma lágrima solitária escapa de seus olhos. Era de alegria. Finalmente. "Porém, não sabemos o quanto resistirão. A mãe passa bem. Mas as bebês não tanto. Sugiro que o senhor as veja" o ar some dos seus pulmões. Deus só podia odiar a sua existência.
Seguiu o médico até uma sala, onde teve toda uma preparação. Foi permitido que ele entrasse no berçário. As meninas estavam num lugar especial. Tantos aparelhos ligados a elas. Tão pequenas e frágeis. O coração do pai, se quebrou ao ver aquele cenário. Tudo tão frio. Foi permitido que tocasse nelas. Era um caso especial. A mãe não estava em condições. Uma pena. Não saberiam se ela sequer conseguiria ver as meninas. Nem mesmo, uma única vez.
Henry tocou as suas princesas. Apenas as mãos. Um vidro ainda os separavam. "Shh... papai está aqui" ele dizia com lágrimas. Elas sentiam seu toque, sua presença. Ouviam a sua voz. Ele ficou ali por cerca de meia hora, até ouvir as máquinas apitarem de forma escandalosa. Algo não ia bem. Vários médicos entraram no local e o afastaram. Fizeram tudo que podiam, mas não foi suficiente. Primeiro uma, a que se chamaria Sophia. Menor e mais fraca das duas. Seu coração não suportou. Depois Alice. As duas. Não conseguiram vencer o seu doloroso destino. E Henry, assistiu a tudo. Impotente e pequeno. Fraco demais para conseguir ajudar. Seu peito se contorcia de dor. De seus lindos olhos verdes, desciam cachoeiras. Lágrimas sofridas demais. Nenhuma dor que já viveu antes, foi tão grande quanto a que está vivenciando agora. Um grito sofrido escapou de sua alma. Ver os medicos desistindo, foi a gota. Ele se descontrolou. Não lidava bem com esse tipo de situação. Não sabia o que fazer ou como agir. Estava fora de si. "Por favor... Por favor" ele dizia chorando. "Não faz isso comigo" suplicava. "Não me deixe ver quem eu amo, morrer mais uma vez" ele implorava, agora ajoelhado. Não tinha mais forças para se manter de pé. "Por favor Deus. Me escuta"... Ele não escutou, e se ouviu, não se importou. Pensou o médico responsável. Henry só foi retirado daquela sala, após ser sedado. Analu, agora acordada, chorava. A dor era grande demais para se suportar. Nem pôde ver os seus bebês uma única vez. O choro tornou-se ainda mais sofrido, quando soube o estado em que Henry estava.  Ele era frágil. Não suportaria. Ela precisava aguentar. Ser forte. Mesmo com o buraco que ficou em seu coração. Henry precisava dela. E ela estaria com ele, para sempre.

   Olá manas... Desculpem a demora 😪
  Então! Capítulo sofrido. Eu chorei ao escrever. Espero que gostem. Não esqueçam de comentar o que acharam. Votem!!!
  Mil beijos 😘...

 

Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora