Capítulo 18

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Sem revisão...😅

   Sinto que o mundo parou a minha volta. Só consigo me concentrar na mulher desacordada a minha frente. Tudo isso é culpa minha. Eu não sou uma pessoa, sou um monstro.
   Hoje pela manhã, assim que deixei a Ana na sala dela, recebi um e-mail. Não queria abrir, pois era de um endereço que não conhecia, mas a curiosidade falou mais alto e eu abri. Tamanho foi meu susto quando vi o que ali tinha escrito. Era uma ameaça. Contra a vida daquela que eu amava. Meu sangue gelou em minhas veias e o pânico tomou conta de mim. Ana estava em perigo. Tomei todas as providências para que tudo fosse resolvido. Mas meu erro foi, não ter comunicado as autoridades. Não sei o que pensei com isso. Na verdade não pensei.
  Evitei ao máximo sair do escritório. Me encontrar com ela. Mas foi inevitável. Marcamos de almoçar juntos. Só me senti mais tranquilo quando os seguranças fizeram a varredura no local. Tudo foi verificado e nada de incomum foi encontrado. Pensei que fosse algum trote ou brincadeira de mal gosto. Eu me enganei, redondamente. Coloquei a vida da mulher que eu amo em perigo por ser um distraído. Eu deveria ter prestado mais atenção na rua, ou em qualquer outro lugar. Não vi o carro.
   Quando percebi foi tarde demais. A Analu foi atingida. Um tiro. Agora ela está em meus braços desacordada. Perdendo muito sangue. Eu não sei o que fazer. Tudo está em câmera lenta. As pessoas, o trânsito, o mundo. Estou em pânico.
  Ouço barulho de sirenes. Não sei quem chamou a ambulância, não fui eu. Deveria ter sido eu, mas não foi. Eu simplesmente... travei.

__Senhor. Por gentileza se afaste. Precisamos imobilizar a vítima__ ouço alguém dizer. Mas eu não quero sair de perto dela. Não posso deixá-la.

__Senhor se afaste__ ouço outra vez. Não obedeço. Seguro ainda mais forte naquela que amo. Ela não pode me deixar.

__Ela vai morrer se o senhor não deixar a gente fazer nosso trabalho__ a palavra morrer, foi o que me tirou do transe. Ela pode morrer se eu não a deixar ir.

__cuidem, dela__ eu peço me afastando e outro paramédico vem me examinar. __Eu estou bem. Cuidem... Cuidem dela__ peço já chorando. Não consigo mais segurar as lágrimas. Meu peito dói e meu coração parece que encolheu.  Minha alma está ferida, meu espírito já não habita mais em mim. Quero estar no lugar dela. Era para eu estar ali, naquele chão sujo e frio.
  Eles terminam de imobiliza-la e vão levando para a ambulância. Fico mais perto da maca e seguro as mãos agora frias da minha namorada.

__Senhor por favor__ a pessoa pede novamente. Eu não saio de perto dela.

__Eu vou com ela__ falo firme. Ninguém vai me separar do meu amor.

   Estou a mais de três horas nesse quarto de hospital. Infelizmente não me deixaram entrar na sala de cirurgia e eu me descontrolei. Tiveram que me sedar.
Toda a minha família está aqui. Até a Charlie se mobilizou. Mas nada me tranquiliza. Preciso vê-la, saber como está.
  Todo o meu ser pede por ela. Toda a minha esperança está em jogo. Se ela não... Se ela não acordar nunca mais. Eu não farei mais questão de viver. Morrerei com ela.
    Doze horas de espera e nada. Não querem me dar notícias. Mas aqui, nesse quarto eu não fico mais.
Levanto da cama e retiro todos os aparelhos que estão conectados em mim. Odeio hospitais. Mesmo assim, isso não me impedirá de saber sobre a minha Ana.
  Saio do quarto apressado e para minha sorte, esbarro no Tom. Eu o abraço.

__ Cara. Pelo amor de tudo que é sagrado. Me diz como ela está cara. Me fala. Me dá notícias. Eu preciso saber dela__ peço novamente chorando. Não consigo controlar as lágrimas que insistem em me deixar vulnerável. Exposto. Preciso ser forte por ela. Mas está difícil.

__Se acalma amigo. Terminaram agora a cirurgia. Foi complicada. ela perdeu muito sangue e... E está dormindo. Vamos ter que esperar ela acordar para sabermos mais. Se, ela acordar. Sinto muito cara__ ele diz.
  Nesse momento eu desabei. Não sinto mais minhas pernas. Me permito chorar com vontade. Tudo culpa minha. O destino me tira tudo que amo. Tudo.
  Sentado nesse chão frio do hospital, me permito sentir. Sentir toda a dor e raiva que meu corpo suporta. O grito que escapa da minha garganta, revela toda a minha agonia e desespero.
Minha mãe corre em minha direção e me abraça. Nem mesmo esse abraço foi capaz de me confortar. Só me sentirei melhor quando ela estiver aqui. Em meus braços sã e salva. É tudo que eu preciso.
   Ainda abraçado com minha mãe, as lágrimas continuam a cair. Não consigo e nem quero cessa-las. A minha cabeça gira e minha mente da um nó. A ficha cai. Ela pode não mais acordar.

__É tudo culpa minha. É tudo culpa minha. É culpa minha...__ é só o que consigo dizer. É a única certeza que eu tenho nesse momento.

__Shh. Não diz isso filho. Não foi...__

___É TUDO CULPA MINHA. EU SOU O CULPADO DE TUDO__ grito. Me afasto dos seus braços e levanto transtornado. Tudo que eu consigo sentir agora é culpa. Isso está me consumindo. Me matando. __Eu preciso vê-la__ sai tão baixo que até duvido que disse em voz alta. __EU QUERO VÊ-LA. ME LEVA PARA ELA AGORA. PRECISO FICAR COM ELA__ tento correr na direção em que o Tom veio, mas sou impedido por seguranças e enfermeiros. Eles querem impedir que eu a veja. É isso. Não querem que eu veja o meu amor. A minha vida. __ME SOLTEM. SE AFASTEM DE MIM. ME DEIXEM VER COMO ELA ESTA__ não consigo pensar em mais nada. Só que eu preciso estar com ela. Sinto uma picada em meu braço. Não. Choro, como se meu coração estivesse sido arrancado. E ele foi. Está agora entre a vida e a morte num quarto frio de hospital. Meu corpo para de responder. Não posso dormir. Não posso...

__Tom. Por favor cara. Não... Me ajuda__ peço, agora agarrado a ele. Meus olhos não me obedecem mais. Minhas súplicas são de dor. Será que ninguém liga para o que eu sinto? Para o meu sofrimento?

__É para o seu bem meu amigo___ ele diz me amparando para que eu não caia. __vamos para o quarto__ ouço sua voz ao longe. Não posso dormir sem antes pedir a ele que cuide dela.

__Cuida... Cui.da, de.la__ peço entre soluços e engasgos.  Apago.

  Apago

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Manas... Que babado hein. Chorei escrevendo esse capítulo. Tadinho do nosso casal 😓
   Vamos torcer pela Ana. Ela precisa.

Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora