Capítulo 17

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Sem revisão...😅
Capítulo narrado pelo autor.

Analu estava a mais de quatro horas velando o sono daquele que amava. Sim, ela o amava. Descobriu isso quando os seus instintos lhe mostraram que por ele, ela faria qualquer coisa. O protegeria a qualquer custo. Ele adormecera muito antes dela sair do quarto.
Depois de falar com a loira mais velha, o motorista a levou em casa para que pudesse buscar coisas de uso pessoal. Passaria a noite com ele novamente. Mas dessa vez não fariam amor apaixonados ou trocariam carícias e gemidos. Eles estariam apenas juntos, como deve ser.
Nada tirava da sua cabeça que a loira mais nova estava aprontando alguma coisa, mas não poderia tocar no assunto ou falar das suas suspeitas aos pais dela. Teria que aguardar e investigar. Sempre teve talento para desvendar mistérios.
Sentia-se cansada, precisava de uma ducha e uma aspirina para se sentir nova em folha. E foi o que fez, sempre atenta a porta do quarto. Estava muito desconfiada e não arriscaria vacilar com a cunhada que a odiava. Trancou o lugar por julgar mais seguro. Essa atitude com certeza evitou um desastre. A loira mais jovem tramava em seu quarto, porém quando percebeu que não teria como concluir seu plano, desistiu.
Henry continuava dormindo, e ela continuaria a velar seu sono até que se sentisse incapaz de manter-se acordada. O protegeria.

   A madrugada avançava silenciosa, o casal mais jovem dormia profundamente, até  que o homem acordou sobressaltado. Sentia-se mal, o estômago embrulhava e sua cabeça dava voltas. Tentou correr até o banheiro para depositar todo café da manhã. A última coisa da qual se lembra ter comido, ainda sim muito pouco. Quanto tempo dormira? Essa foi a pergunta que se fez. Ainda tonto caminhou a passos inseguros até a casa de banho, segurando nas paredes pois não confiava em seu equilíbrio. Como não havia muitos móveis, a caminhada tornou-se mais fácil, não esbarraria em nada. Uma tontura, dessa vez mais forte que as outras o atingiu de vez e ele caiu. Arrastou-se até o sanitário e ali, despejou o desjejum. Fortes rajadas vinham a sua garganta doendo-lhe o estômago. Não aguentava mais, estava fraco e sujo. Tentou levantar, mas sem sucesso, então ficou ali. Esperando aquele mal estar o abandonar. Fechou os olhos. Mantê-los abertos era um desafio enorme.

   A mulher que ficou deitada na cama, sentiu o vazio da mesma e o frio que insistiu em lhe acordar. Estava tão cansada que não percebeu quando apagou. Passou a mão no espaço ao seu lado e o sentiu vazio. Levantou num pulo, imaginando mil e uma coisa que pudessem ter acontecido. Ia até a porta do quarto, mas um barulho e a luz acesa em outra porta chamaram a sua atenção.
  Ali no chão daquele banheiro estava sentado o seu namorado. Num estado lastimável, ao lado do vazo sanitário, sem forças sequer para levantar. O corpo do homem tremia e convulsionava, alertando que mais do líquido estomacal seria lançado fora. Já não havia mais nada para ser vomitado, porém seu corpo se recusava a aceitar, e continuava obrigando a despejar para fora o que tivesse dentro. Já não aguentava mais. Ela tomou algumas respirações e aproximou-se ficando na altura dele. Os lábios tremiam e ele suava frio. Estava com febre. Tocou sua testa e as mãos e sentiu intensamente quentes, como se brasas tivessem sido postas ali. Teve medo. Tratou de ajudá-lo a levantar, para que pudesse lhe dar um banho frio e torcer para a febre baixar. "Vamos lá amor, me ajude" ela pedia. Ele tentava, se esforçava. Era difícil, mas por ela, tentaria muito mais. "Isso. Vamos lá" ela disse quando ele conseguiu se mexer e avançar  para o box.
  A negra começou a despi-lo. Não que estivesse com muita roupa. Apenas uma calça de moletom e cuecas. As tatuagens do braço estavam expostas. Assim como todo o corpo agora. Sentia desejo. Era difícil para ela olhar para tudo aquilo e não recordar as noites quentes que tiveram. Sacudiu a cabeça, como se quisesse espantar tais pensamentos. Teria que manter o foco no homem doente a sua frente, ajudar. E foi o que fez. Banhou e enxugou sem dizer uma palavra. Ele estava fraco, não havia se alimentado a tempos. Desde quando encontrou-o quase sem consciência no chão.
  Ela não sabia o que fazer, não queria incomodar os pais dele. Mas também não podia deixa-lo daquela forma. "Você está aqui" ele disse olhando para ela, como se agora  desse conta de quem o estava cuidando. Que não era sonho ou alucinação. Pensou que ela havia ido, quando por culpa sua, se machucou. Mas não foi. Estava ali, olhando para ele com compreensão. "Eu prometi" ela respondeu sorrindo. "Obrigado" agradeceu. Foi até a cama e  deitou novamente, com seu copo totalmente exposto. Ela procurava nas gavetas milimetricamente arrumadas algo para ele vestir. Achou um short de tecido leve e ajudou a vestir. "Vou providenciar algo para você comer" ela disse se afastando. "Não tenho fome" respondeu fraco. Era certo que estava faminto, mas não conseguiria comer uma coisa sequer. "O que aconteceu?" Ela perguntou sentando-se ao seu lado, tentando entender o que se passava. "Eu subi e me senti mal. Caí" foi o que disse.
Na verdade, era o que lembrava, a um tempo vem se sentido mal. Mas nada de tão intenso quanto hoje. "Você tem que ir ao médico" ela disse preocupada. Henry era fisicamente saudável, não entendia o mal súbito. "Amanhã eu ligo para o Tom, meu médico particular" ele respondeu. "Tenho frio" disse se cobrindo até o queixo, tremendo. A febra não deu uma trégua. Tremia tanto que parecia estar no meio da nevasca com roupa de praia. "Onde tem remédio aqui?" Ela perguntou, já levantando para poder medica-lo. "Terceira gaveta". Ele engoliu de uma só vez. Estava acostumado com isso.
   Voltaram a deitar e ele logo apagou novamente. A noite estava longe de acabar e Henry, longe de melhorar. Foi turbulento e Analu já não podia mais suportar. O homem suava e tremia incessantemente. Delirava.
   Ana saiu do quarto desesperada quando não conseguiu acordar o namorado, ele gemia e resmungava coisas que não conseguia entender. Na pressa não lembrou de fechar a porta do quarto. Esse foi um erro. A loira com um olhar diabólico, entrou no quarto do irmão em seguida e fechou a porta. Estava tão fora de si que não pensava direito. Poderia acabar com o sofrimento dele naquele momento. Mas não o fez, saiu do quarto e não olhou mais para trás. Seu plano estava funcionando.
   Ana e os pais do Henry chegaram ao quarto e se assustaram. Ele estava pior do que imaginaram. Ligaram imediatamente para o médico de confiança, Tom e aguardaram a sua chegada.
   Medicado, Henry apresentava melhoras aos poucos. Tom lhe aplicou um remédio na veia para que pudesse reagir. Disse que era apenas um mal do estômago. Analu não se convenceu disso, achava estranha a atitude evasiva do homem que se diz amigo do seu namorado. Ela desconfia de todos.
   Por hora estavam mais tranquilos, assim como o homem na cama. Tudo estava se normalizando, mas estava longe de ser a última vez que isso aconteceria.
   Analu estava exausta, mal conseguia manter seus olhos abertos. Novamente trancou a porta quando ficaram sozinhos. Deitou ao lado do homem que amava e lhe fez um carinho."Yo te amo" ela disse, certa de que ele não ouvira. Dormiu em seguida, sem perceber o sorriso nos lábios do amor.


Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora