Bônus Analú

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Sem revisão 😅

    
     Eu sempre tive uma vida boa, não posso reclamar. Pais que se amam e amam a família, todos muito unidos e esforçados.
    Bom, para iniciar tudo eu preciso me apresentar.
  Sou Ana Luiza Rodriguez de Souza ou Analú. Moro nos EUA a treze anos, sou filha de uma brasileira com um colombiano, tenho dois irmãos mais velhos, Eva e Miguel.
   Meu sonho é trabalhar na Car's Lux, porque? Por que lá é o melhor lugar para se trabalhar, profissionais e carros de primeira, e claro, na Lux pessoas como eu, negras, tem oportunidade de crescer e se desenvolver no seu local de trabalho, salários justos e sem diferença de sexo. Lá é tudo de bom, além de enfeitar bastante o Currículo, é claro.
     Hoje eu acordei cedo para a entrevista dos meus sonhos, porém não sei o que vestir, estou nervosa e minha barriga tá doendo. Argh! Raiva me define.
   Pego várias roupas mas nada fica bom, por fim decido usar um vestido branco com botas pretas, faço um penteado nos meus cabelos e passo uma make do meu gosto.
    Pego minha bolsa e saio apressada de casa, moro sozinha aqui nos EUA. Minha família decidiu voltar para o Brasil a três anos, não fui com eles, aqui é o meu lugar. Meu Apartamento é simples, porém aconchegante. Com um sofá de canto na cor creme e um painel com a TV de plasma na sala, uma estante com livros e outros objetos que vivo comprando na mão de artesãos de rua, uma mesa de centro com um jarro de flores em cima, cortinas pesadas da mesma cor que o sofá e um tapete num tom mais claro. Minha cozinha não é tão grande, mas com tudo que preciso para cozinhar, dos objetos mais simples aos menos utilizados em casa, um corredor com portas retratos na parede decorando o lugar, com fotos da família e momentos especiais como a minha formatura, o nascimento da minha sobrinha Ellen entre outras mil coisas. O banheiro social e um quarto de hóspedes e por fim, meu quarto, o maior cômodo da casa, com uma grande cama de casal, um guarda roupas igualmente grande, uma penteadeira que amo muito, tem tudo que preciso em cima dela já que sou desorganizada e perco tudo que guardo, meu banheiro e o meu gato Fifo.

   Desço ao estacionamento do prédio e pego o meu carro, não é nenhum possante, mas dá para o gasto. Saio do lugar onde moro e rumo para o centro, viagem de pouco mais de 20 minutos, o trânsito está horrível e como sempre estou atrasada.
Chego no meu possível novo emprego e quase caio de costa, o lugar é simplesmente um sonho, meio sem vida, mas ainda sim um sonho. Passo pela recepção e a moça me diz para onde devo ir, simpática e sorrindo sempre.     
   Corro em direção ao elevador que já está fechando as portas, tem um homem dentro, peço que segure mas ele finge não me ouvir, idiota.
  Finalmente consigo chegar até a caixa de metal e agradeço irônica, o cara sequer olha para mim, grosso. Ele faz o trajeto em silêncio, imóvel, duvido até que esteja respirando, tento puxar conversa mas ele me trata super mal, pede para não tocar nele, quem esse almofadinha pensa que é? Só estou tentando ajudar, parece que vai cair duro a qualquer momento. Então que caia.
   As portas se abrem e o homem sai quase correndo, não vejo para onde foi, desviei o olhar para retocar o batom. Saio daquela caixa e vou para o meu lugar, espero, espero e espero mais um pouco, o "Tic nervoso" apelido que eu dei ao "caladão do elevador" esse é outro apelido, enfim, o cara do elevador não voltou a aparecer, será que morreu? Não sei e nem quero saber, grosso desgraçado que parece ter olhos lindos, eu sou apaixonada por olhos, eles dizem tudo sobre uma pessoa. Queria descobrir o que se passa com ele. Não queria não, maluca é isso que sou, o cara nem te olhou e nem um bom dia te deu, para com isso Analu. Para de criar fantasias malucas na sua cabeça.  Eu já estava imaginando, nossa casa, nossos filhos e netos. Eu tenho que parar com isso.
    
  Estou a 3 horas esperando, já estou vendo que  vou ser a última mesmo, também, quem mandou ser lerda e viver atrasada? Tomara que eu tenha sorte, os outros candidatos saíram com umas caras de dar dó, ou será que foi de poucos amigos? Difícil saber, todo mundo aqui parece que vai para um enterro, tudo preto e cinza. exceto eu que joguei um branco nada comportado. Nossa.
  Fico o restante do tempo orando e pedindo a Deus uma ajudinha divina. Finalmente sou chamada á sala do "lobo mal faminto" doido para devorar sonhos. Adoro esses apelidos.
  Sigo o corredor a passos largos, estou impaciente e nervosa, será que dá tempo ir ao banheiro? Quero fazer xixi. Continuo andando e paro em frente a uma porta enorme, que exagero, bato apenas uma vez e ouço mandarem entrar. Uma voz grossa e sexy que me arrepiou inteira, o dono da voz deve ser mais maravilhoso ainda. Tomo coragem e entro, fico parada lá esperando ele olhar para mim e me arrependo no minuto seguinte quando o faz. É o senhor "Tic nervoso" me encolhi um pouco, mais continuo firme. Ele para me observando quase que de forma indecente, graças a Deus que minha cor escura não permite que eu fique corada, me sento e a entrevista começa. Quando ele fala comigo, a sua voz sai rouca como se estivesse excitado, mas é claro que não está, porque estaria? Eu e essa minha mente pervertida, nem parece os pensamentos de uma virgem. O que? É uma escolha tá?
    Alguns minutos de perguntas nada comuns e bem esquisitas eu fico extasiada com o resultado da entrevista, consegui, a vaga é minha, foi tão rápido, não esperava que seria tão simples, na verdade não foi nada simples. Eu ralei muito para chegar até aqui. Estou feliz, e mereço comemorar, vou ligar para minha família e dar as boas novas.
    Enquanto tento voltar para a realidade, percebo que o meu novo chefe não parece bem, na verdade tenho certeza que não está, quero ajudar, mas antes de oferecer qualquer apoio, ele  como sempre foi um grosso quase me expulsando da sala. Me levanto e saio de lá sem olhar para trás, porém deixei minha bolsa de propósito, só para ter a desculpa de voltar. E foi o que eu fiz, antes de pegar o elevador dou meia volta e digo para a secretária que esqueci a bolsa, ela tenta me impedir de entrar, mas eu sou mais rápida e corro para sala e fecho a porta, me viro e o Senhor Henry está caído no chão, eu sabia que ele não estava bem, mas não imaginei que fosse algo grave, ainda bem que voltei. Corro em sua direção e ponho a cabeça dele em meu colo, agora de perto posso sentir seu cheiro, tão suave que é quase imperceptível, ele me diz que não consegue respirar, vejo que está prestes a desmaiar, de início penso ser ataque de asma, só que as mãos não param de tremer e não percebi nenhuma Bombinha próximo ou com ele. Até que a minha ficha cai, como não percebi? Ele está tendo um ataque de pânico, Miguel teve isso quando mais jovem por causa de um assalto, machucaram muito ele e o meu irmão ficou traumatizado, graças a Deus que ele se tratou e conseguiu melhorar, mas era um tormento, todas as noite principalmente, ele acordava chorando e gritando e só eu conseguia faze-lo se acalmar.
   Faço de tudo para tirar a atenção do Senhor Henry do que está sentindo e começo a falar com ele, depois de um tempo sinto que está se acalmando e já consegue respirar melhor, mesmo assim ainda conversamos um pouco mais, até que volto para a realidade, estava começando a pisar em terreno desconhecido. O meu chefe também sai do transe e se afasta de mim como se meu toque queimasse a sua pele. Me sinto fria e carente do seu contato.
  Nos despedimos e eu saio sem olhar para trás, ainda atordoada por toda aquela situação e meio perdida em pensamentos.
  Praticamente fujo do prédio às pressas e não olho mais para trás, o problema é que eu esqueci mesmo a minha bolsa dessa vez, só que não tenho coragem de voltar lá, não poderia, não depois de dizer todas aquelas coisas para ele. Tenho que ir para casa e colocar minha cabeça em ordem, amanhã eu vejo o que faço. Sem meus documentos, dinheiro e toda minha vida que estão dentro da bolsa, mas isso fica para outra outra. A passos lentos vou até meu carro e me jogo no banco do motorista sentindo que o mundo pesa sobre meus ombros, como se eu tivesse cometido um erro terrível, erro esse que se não for reparado logo, me fará muito mal, dou a partida.

__Senhorita Rodriguez__ Ai meu pai é ele. Com o susto acabo dando ré no carro e sinto-o batendo em alguma coisa, ou melhor, alguém.

__Mi dios del cielo,qué hice? Matei meu chefe__



'Espero que gostem desse bônus da Analú, ao longo da história terão mais. Lembrando que quem narra é o Henry! beijinhos...'

Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora