Capítulo 4

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Sem revisão...😅
    

   Péssima idéia com certeza, por esses motivos que evito contato com pessoas ou aproximação com elas. Bom, quando a senhorita Rodriguez saiu da minha sala deixando a sua bolsa, eu erroneamente decidi devolve-la, tive todo um cuidado ao abrir em busca de algo que me revelasse onde a mesma morava, fiquei meio receoso de por minha mão dentro daquele ninho. Como uma pessoa de currículo profissional tão excelente e invejável pode ser tão bagunceira e desorganizada? Por fim, desisto de tentar achar algo dentro daquela zona que a minha nova funcionária chama de bolsa e vou direto em seus registros, lá encontro tudo o que preciso e saio do escritório. O tempo parece que está mais devagar que o normal, ou será que sou eu quem está muito ansioso? Deve ser, só não entendo o motivo.

   Faço todo o trajeto memorizando o que falar, tem que ter uma explicação plausível para eu ter ido até a casa da mulher que eu acabei de contratar e que não tenho nenhuma intimidade. Vai ser trágico, certeza. Antes mesmo de chegar até o meu carro, avisto aquela que é o motivo de eu ter saído da minha zona de conforto, Ana Luiza Rodriguez.
    Ela ainda está indo até seu carro e não parece me perceber. Não sei o que fazer, travei. Calma cara. É só ir lá e dizer que ela esqueceu a bolsa e você veio devolver, é simples Henry, você  consegue. Continuo parado lá olhando para a mulher negra. Para de ser covarde, tenha coragem.
    Depois de muito repetir isso para mim mesmo, decido ir até lá e finalmente devolver a bolsa. A passos rápidos vou me desviando do aglomerado de carros que estão estacionados ali, não sei nem porque eu vim para cá já que o Juan me pega em frente ao prédio. Não sei, eu só vim. Talvez na esperança de encontrá-la ou não.
     Suando e tremendo de nervoso, me aproximo do carro da mulher que a essa altura já está dentro do veículo dando a partida. Crio coragem, respiro fundo e chamo seu nome.

   __Senhorita Rodriguez__ e vou ao chão sentindo uma dor terrível na cabeça. Não acredito que essa maluca acabou de me atropelar em marcha ré. Como assim? Ainda no chão, a mulher sai do carro e corre em minha direção.

__madrecita de Dios... Me perdoa senhor Campbell, eu juro que não queria. O senhor me assustou e eu fiquei com medo aí errei a marcha e... O senhor está sangrando. Bem. Aí__ a mulher simplesmente desmaia, será que ela sabe que fui eu quem foi atropelado?

  Algumas respirações para me acalmar. Minha cabeça lateja e ao tocar o local da dor vejo realmente sangue, mas é tão pouco que se eu não estivesse sentindo a dor provavelmente eu nunca o veria ali. Com calma me levanto do chão e testo o equilíbrio. Estou bem. Olho para a mulher desmaiada a minha frente e novamente quebro as regras.  Coloco-a em meus braços e ponho-a no banco do passageiro do seu carro. Tem um tempo que não dirijo e estou enferrujado, me jogo no lugar do motorista e respiro fundo me condenando mentalmente por estar fazendo isso. Tiro meu lenço do bolso e limpo o máximo que posso. O que eu estou fazendo mesmo? Não sei. Dou partida.

   No caminho para casa, para minha casa. A desmaiada ao meu lado acordou meio atordoada e agressiva. A mulher quase me deixa com um olho roxo, maluca. Por fim não teve sucesso, eu ainda sou homem e muito mais forte que ela. Mesmo assim, o soco que ela me deu, doeu bastante.

  __Desculpa senhor Campbell, eu juro que não queria__ pede desesperada.

__Não queria o que? Me atropelar ou me socar?__ digo irônico.

__madrecita de Dios, eu não queria juro. Me perdoa, por favor?__ a mulher está em desespero, tremendo e tenho certeza que quase chorando.

__ Hey, calma. Está tudo bem! Não se preocupe, não foi nada e eu estou bem__ digo o mais sincero possível.

__Obrigada senhor Campbell, esse emprego é a minha vida. Pensei que fosse me demitir, nem tinha começado ainda__ ela diz aliviada e sincera. Enquanto espero o sinal verde, analiso um pouco mais a mulher ao meu lado e nossa. É mais linda ainda de perto e está com uma sujeirinha no cabelo. Não resisto ao impulso de me aproximar para limpar e nossas bocas ficam a centímetros uma da outra, eu poderia beija-la se quisesse e eu quero. O seu cheiro é maravilhoso, me deixa inebriado, fecho os olhos para poder apreciar melhor o aroma que exala daquele ser, daquele anjo negro.

__Sinal verde__ ela diz de olhos fechados e num sussurro, com a pele exposta do braço toda arrepiada. Me surpreendo. Não imaginei que causaria tal efeito nessa mulher.

__Como?__ pergunto meio confuso, não sou bom em interpretar sinais.

__O sinal abriu e tem carros buzinando__ me afasto rapidamente e volto ao meu lugar, agora com um grande incômodo dentro da calça que esta difícil esconder.

__Claro. Hm, vamos então__ digo muito sem graça, com certeza devo estar todo vermelho. Passei vexame.

__Falando em ir, senhor Campbell. Para onde vamos exatamente?__ pergunta com aqueles olhos apertados me dizendo mais do que a sua boca

__Minha casa. Desculpa, eu não sabia o que fazer. Você desmaiou e...__ Atropelo todas as palavras, falando rápido demais.

__Ah! Então tudo bem, eu te dou uma carona. De lá eu vou para casa__ diz divertida.

__Tudo bem, aceito a carona__ tento entrar na brincadeira.

   Nunca pensei que eu fosse me sentir tão a vontade com a senhorita Rodriguez, ela é leve e espontânea. Me sinto tão bem quando estou com  ela. Posso ser eu mesmo, sem precisar me esconder ou inventar máscaras para parecer normal. Sei que nunca me julgaria por ser assim. Quero ela perto, agora que descobri a sensação de como é ser normal, não posso mais deixar isso escapar. Pelo menos com ela.
  Vamos todo o trajeto falando amenidades e nos conhecendo mais, ela me conta sobre a família e sobre seus sonhos, projetos. E eu, eu só consigo ouvir e sorrir feito um bobo. A conversa estava tão boa que não percebi quando cheguei em frente ao condomínio de luxo que moro. O lugar é enorme, com casas enormes e pessoas iguais. Odeio esse lugar, sempre odiei. Esse foi um dos motivos para eu e meu irmão termos saído daqui quando mais novos, foi o que nos causou grandes problemas. Só voltei e permaneço aqui por causa da minha mãe, ela não me perdoaria se eu fosse para longe novamente.

__Então, é aqui que o Senhor mora? Nossa! Mi señora__ diz deslumbrada com a vista. Realmente é de se admirar.

__É. Infelizmente__ falo totalmente desanimado. Lembrar só estraga meu humor.

__Que entusiasmo!__ tenho certeza que isso foi ironia dela, ela tem disso. Hora de ir. Para mim o clima acabou.

__Bom, aqui estou senhorita Rodriguez, obrigado pela carona__ digo.

__Quer me agradecer? Me chama de Analu. Odeio essas formalidades__ diz com certa irritação.

__Acho que não é adequado__ que? Sou mesmo idiota.

__É claro. Boa noite senhor Campbell__ diz mais irritada ainda, com um biquinho lindo de chateação.

__Até mais... Analu__ saio do carro, sorrindo. O nome dela dançou em minha língua e explodiu nos meus lábios como fogos de artifício. Amei a sensação. Ela também sai, para poder entrar no lugar que a pouco eu estava. Penso que vai passar direto, mas novamente me surpreendo com a maluquinha. Ela beija a minha bochecha e entra no veículo dando partida em seguida.
  Sorrio bobo.

__O que foi isso que eu vi?__ a voz da minha mãe soa da porta. __quero detalhes__ insiste.

__Agora não__ dou um beijo em sua cabeça e subo direto para o meu quarto. Só preciso descansar e por as ideias em ordem.
  Deito na cama e acabo adormecendo.

15:45...




Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora