Bônus Analu

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Sem revisão...

    A vida é uma variável, e é isso que da sentindo a ela. Mudanças e escolhas nos tornam humanos. A minha vida de uma hora para outra deu uma virada de 360 graus. Consegui o emprego dos meus sonhos e ao mesmo tempo que isso aconteceu, todos estão comentando sobre mim, mesmo eles não sabendo que sou eu... Eu ainda sei. Me sinto decepcionada e magoada, depositei confiança numa pessoa que desde o ínicio não foi digna dela. Me deixei levar por um sorriso e um ato de gentileza, esquecendo de todas as grosserias anteriores.  O senhor Campbell me pareceu tão vulnerável e triste. Quando olhei em seus olhos a primeira vez, fiquei encantada e perdida naquela imensidão verde, como duas esmeraldas enterradas em uma mina, prontas para serem descobertas. Aquilo me atraiu. Como eu disse. Sou apaixonada por essas esferas.  Os olhos são o espelho da alma e eles revelam tudo o que a boca não consegue dizer. E eles me pediram socorro. Bom, pelo menos foi o que pensei, caí direitinho nos encantos do chefe. Clichê, eu sei.

     Hoje, segunda-feira é o meu primeiro dia de trabalho. Não sei como agir na presença do meu chefe. Eu não sei se vou conseguir olhar novamente naqueles olhos e fingir que nada aconteceu, fingir que não me senti atraída e traída por eles. Eu deveria estar empolgada, esse é meu sonho sendo realizado, tantos anos de luta e dedicação que eu deveria me sentir realizada. Só que não é assim que me sinto. A tristeza tomou conta da minha manhã. Isso é o que chamam de decepção. Decepção sobre o que aconteceu com meu chefe e decepção por mim mesma por ser tão idiota a ponto de me deixar levar. Agora não tem mais jeito. O que esta feito, esta feito.

    Termino de me arrumar uma hora antes do meu horário, decidi sair mais cedo hoje para não  me atrasar e ter a atenção do chefe sobre mim. Não estou pronta para o encarar  ainda. Sigo em direção ao estacionamento do meu prédio, acionando o alarme do meu carro para tentar o localizar, eu já comentei que perco tudo que guardo, não é mesmo? Então... é de brincos a carros. Vejo os faróis piscarem e me direciono ao HB20 vermelho. Essa é a minha cor favorita, e todas as outras cores vivas também são. Odeio preto e cinza, ou qualquer uma cor que signifique falta de vida. Dirijo até o arranha-céu coberto por janelas de vidro e de estatura imponente. Estaciono na vaga separada para mim e caminho para dentro do lugar, as pessoas me olham de forma diferente, com certeza escandalizados com a forma que eu me visto. Uma blusa estampada de mangas longas com um grande decote, uma calça jeans rasgada e salto agulha dourado. Uma bolsa na cor laranja combinando com a estampa de onça da mesma, o cabelo preso no alto da cabeça e solto embaixo com os cachos rebeldes, a única coisa sutil é a maquiagem. É assim que eu gosto, causando. Passo pela recepção e me encaminho para o RH afim de resolver a papelada. Depois disso é só conhecer o meu local de trabalho.            

   Tudo resolvido no RH da empresa, eu já estava toda sorrisos, até o cabrón  me dizer que vou trabalhar no mesmo andar que o meu chefe. Meu humor ficou negro. Mas isso na vai impedir que esse seja o dia mais empolgante e emocionante da minha vida. Vou colocar um sorriso deslumbrante no rosto e fingir que nada aconteceu. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Nada.

  São 07:33 da manhã quando me direciono a minha sala, o elevador demora séculos para  chegar no lugar. Também, a presidência fica no quadragésimo andar, que exagero. A porta do elevador nem abre direito e sou recebida pela secretaria do chupa-cabra.

__Bom dia, senhorita Rodriguez.__ diz entusiasmada.

___Buenos dias, senhorita?__ espero que complete a frase, eu realmente não sei o nome da mulher ruiva a minha frente.

___AH. Mi nombre es Violet Frisburg__ responde mais animada ainda. Quase soltando fogos de artifícios.

__Es un placer conocerte, Violet. Me puede llamar Analyu. Aquí estamos iguales y odio las formalidades__ Digo em espanhol. É bom exercitar a língua. Também falo português, além do inglês. Os meus pais fizeram questão de ensinar para os filhos as três línguas. Cada um a sua e os dois o inglês, já que moraram nos EUA durante quinze anos, só a três resolveram voltar para o Brasil. É até engraçado quando vão perguntar de onde eu sou, sempre digo que sou de todos os lugares.

Aceito o Desafio  [Livro 1] SENDO REVISADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora