Capítulo 56 - No new tale to tell

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O rapaz levou algum tempo para responder. Parecia estar chocado.

— Sempre às ordens, senhorita Meester. — Respondeu, solícito, enquanto tudo que eu mais queria era abrir uma cratera no chão e me jogar dentro. Minha mãe não podia estar fazendo isso comigo. Que constrangimento!

Nossa relação sempre foi muito cheia de altos e baixos, principalmente quando eu comecei a deixá-la fora dos assuntos relacionados à minha vida profissional.

Um dia estávamos bem, conversávamos sobre tudo e, no outro, estávamos discutindo acaloradamente. Iniciávamos com motivos fúteis, como uma toalha deixada na porta do banheiro e finalizávamos em assuntos mais delicados como a maneira como ela menosprezava meu irmão. E é aí que estava a ferida aberta entre nós.

Ela mãe sempre fez o estilo "mãe desapegada", o que fez com que crescêssemos com a vovó que, mesmo quando não estávamos na Flórida, fazia questão de estar perto pois sabia que estaríamos sempre sozinhos em casa. Quanto ao trabalho, era uma mulher esforçada. Talvez tanto que isso a impedia de lembrar que havia duas crianças aguardando em casa.

Uma coisa que não pode ser negada era seu empenho em me fazer ser alguém. Desde que me apaixonei pelas artes cênicas, ela fez questão de patrocinar cada etapa, na tentativa desesperada de ser conhecida e ter um certo conforto no quesito financeiro.

Quando criança, me sentia completamente satisfeita com toda a cobrança e dedicação da mulher que parecia estar fazendo tudo por mim. No entanto, mais tarde, eu descobri que era tudo por ela, ela e ela. E isso aconteceu da pior maneira possível, quando decidi requerer o fundo financeiro que ela dizia ter feito com todo o valor que recebi com propagandas e trabalhos menores, para garantir a vaga do meu irmão em uma escola especializada em Autismo.

Havia sido uma decisão muito difícil a ser tomada, desde que aquele fundo de uma vida inteira seria minha única chance de ingressar em uma boa universidade, que tivesse um bom programa de teatro, se tudo desse errado com o plano A: Juilliard.

Sua vaidade era sua melhor amiga. De garçonete de bar a uma imponente escritora, não é difícil perceber o quanto ela se esforçou para tirar dos ombros o peso de ser processada pelo país por tráfico de drogas, junto ao meu pai que pouco comparecia. E quando eu digo pouco, eu quero dizer a cada três natais.

Quando descobri a façanha absurda da senhora Constance Meester, de fazer uso do fundo financeiro, sem o meu consentimento para fins pessoais, algo muito importante se rompeu para nós. E não houve perdão de desculpa no mundo que me fizesse voltar a confiar nela novamente.

Meu irmão, Lex, acabou sem o atendimento especializado em uma importante instituição e acabou em uma escola pública regular. Minha decepção não poderia ter sido maior. Mas eu prometi a mim mesma e ao meu pequeno irmão que a primeira coisa que eu faria ao conseguir o meu primeiro papel importante seria dar a ele tudo que, durante toda a vida, mamãe o privou de ter.

Foi exatamente o que fiz, desde o meu primeiro salário como protagonista de Gossip Girl. Boa parte era sempre destinada a ele e havia sido assim durante todo o ano anterior.

Depois de muito me questionar sobre concordar em enviar o valor diretamente à conta de nossa mãe, decidi por dar a ela uma nova chance e confiar em sua palavra quando ela dizia que estava arrependida.

Desde a morte do vovô, passamos por momentos difíceis para tentar reestabelecer nosso elo como família e ele acabou por vir naturalmente quando a dor falou mais alto. Mamãe não hesitou em pedir perdão por suas atitudes nos últimos anos. Sua relação com o pai — meu avô recém falecido — também não havia sido das melhores e, após vê-lo partir sem ter a oportunidade de pedir perdão, ela percebeu que não poderia deixar que a história se repetisse entre nós.

SPOTTED: Behind the Gossip  (Leighton e Ed - Gossip Girl)Where stories live. Discover now