Capítulo 37 - Miguel

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Deixando-a na grama, Miguel foi até Leonel, que expôs seu pescoço assim que o viu. Estava aguardando que ele o matasse, assim como fora instruído.

Colocando a mão no pescoço do lacaio, agora sem apertá-lo, Miguel começou suas exigências.

— Olhe para mim. Diga o que fez comigo esse tempo todo.

— Fiz tudo o que quis — respondeu, sem reservas. — Te manipulei para conseguir muito dinheiro e para tirar do caminho as pessoas que nos estavam atrapalhando. Usei você para cumprir os meus planos, usei o seu poder para conseguir tudo o que eu quis.

— Por que me usou, se você mesmo podia fazer isso? — inquiriu Miguel, incrédulo com aquelas revelações.

— Porque você é mais poderoso do que eu, mas não mais inteligente. Enquanto eu preciso da água para controlar a mente das pessoas, você só precisa de um olhar, em qualquer hora e em qualquer lugar. Você não teria chegado a lugar nenhum sem mim. Você nem existiria, pra falar a verdade.

— Acha que devo minha vida a você, seu miserável? — ele prosseguia, contendo-se para não acabar com aquele verme ali mesmo.

— Bem, pelo menos sua genética, sim. Um cromossomo. — Leonel sorria, sadicamente, ao revelar algo tão perturbador.

Miguel e Berenice pasmaram ao mesmo tempo. Aquela revelação punha em risco a sanidade de qualquer um.

— Pare de mentir! Meu pai está na Califórnia com os outros filhos dele!

— Seu pai está bem aqui na sua frente, seu imbecil. Aquele homem que te criou não é nada seu. Felizmente, fiquei com a melhor parte. Passei bons momentos com a sua mãe, fiz você e fiz aquele bastardo assumir e criar você. Depois, usei você para tudo o que quis.

Sem se conter, Miguel começou a espancar Leonel, arrancando filetes de sangue a cada golpe.

— Miguel, não! — gritou Berenice, tentando contê-lo com uma mão.

— Por que você acha que temos o mesmo dom? — continuou Leonel, parecendo não se importar com o rosto, que sangrava. — Não acha muita coincidência duas pessoas, na mesma casa, que conseguem controlar a mente dos outros? Eu te achei, Miguel, depois de muito tempo, te achei. Sua mãe bem que tentou ir pra longe, mas todo o mundo deixa rastros. E o seu é muito fácil de encontrar.

— Seu desgraçado! — gritou Miguel, imaginando que apenas a mão da esposa o continha para não destruir o homem ali mesmo. — Minhas esposas, o que fez com elas?

— Ora, Catharina eu nem conheci. Aquela lá você deu conta de matar sozinho!

Miguel o esmagava, desesperado para que as próximas revelações de Leonel tirassem, ao menos, o peso da culpa da morte das outras esposas.

— Marcela... Bem, aproveitei muito a estadia dela aqui. Me deliciei naquele belo corpo, esteve de parabéns por aquela escolha.

Mais um soco atingiu Leonel em cheio, deixando-o inconsciente por um momento.

— Miguel, você precisa saber o que aconteceu. Se matá-lo, nunca vai saber! — dizia Berenice, desesperada, atrás dele.

Agarrando mais uma vez o pescoço do lacaio, Miguel prosseguiu.

— E Raquel? — Miguel perguntou, tentando controlar o desespero que o dominava.

— Ah, está falando sério? — debochou Leonel, depois de um tempo, quando conseguiu falar novamente. — Aquela já veio totalmente pirada pra sua casa! O que você tinha na cabeça quando trouxe ela pra cá? Substituir Marcela por aquela maluca? Qual era o seu problema?

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