Capitulo 18

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Sam está no campo de treinamento, segurando um bastão longo, enfrentando mais um dos homens de Aiden. Há dezenas de seus guerreiros ali e, até agora, Sam havia enfrentado quase todos eles. Nenhum deles tinha representado qualquer desafio. Sam não sabe o que é, mas sente como se todos os outros estivessem se movendo em câmera lenta, comparados a ele. Ele antecipa todos os seus movimentos, sempre um segundo a frente deles, sempre pressentindo quando deveria desviar, se abaixar, contornar ou atacar. Todos os confrontos tinham sido como cortar manteiga, e Sam se surpreende com suas próprias habilidades e poder.

Diante dele agora está Cain - grande, musculoso, e segurando um bastão longo como o Sam. Ele parte para o ataque, carrancudo.
Mas ele não é páreo para Sam. Enquanto Cain desfere golpes, Sam bloqueia um após o outro. Cain não consegue sequer chegar perto dele.
Quando Sam se sente pronto, ele tira a lança das mãos de Cain com um golpe certeiro, e a lança voa sobre sua cabeça, caindo no meio da multidão. Sam segue com um golpe na boca do estômago, e Cain cai de joelhos. Um gemido surge da multidão, e Sam fica parado ali, vitorioso, tendo derrotado mais um membro do coven.

Aiden sai do meio da multidão, em direção a Sam, e para diante dele.
"Você está perdendo", diz Aiden, em tom de desaprovação, balançando a cabeça lentamente na frente de todos.

Sam não sabe o que ele quer dizer com aquilo. Ele tinha derrotado todos que tinha enfrentado até ali, e com facilidade. Ele se sente mais forte do nunca. Ele tinha escutado as lições de Aiden durante toda a manhã, e ele sente como se estivesse seguindo cada uma delas, e se tornando um guerreiro melhor com cada ataque. Como assim, ele estava perdendo? O que ele queria dizer com aquilo?

"Você ainda está lutando a partir do lugar errado", continua Aiden. "Você luta a partir daqui," ele estende a mão e toca o coração de Sam, "e não a partir daqui," acrescenta ele, estendendo a mão e tocando a testa de Sam.

"Você não sabe o que você está falando," Sam dispara, em tom desafiador. "Nenhum de seus homens foi capaz de me derrotar, e você está envergonhado. É isso que está acontecendo. Lutei com perfeição, e você simplesmente se recusa a admitir isso."

A multidão suspira assustada. Ninguém nunca tinha falado com Aiden dessa forma antes. Mas Sam não sente medo. Ele fala exatamente o que pensa. Aiden balança a cabeça lentamente.

"Reativo", ele fala. "Muito reativo. O fato de você ter ganhado, não significa que ganhará sempre. Ganhar ou perder não importa. Lutar a partir do lugar certo é o que importa. A sua técnica ainda é externa, e não interna. Suas emoções o controlam."

De repente, Aiden extrai um cajado de dentro de seu manto, mexe rapidamente o braço e bate com força na lateral do corpo de Sam.
Sam grita de dor, sentindo a pancada nas costelas. Ele cai de joelhos, e olha para cima com espanto. Ele não tinha notado Aiden segurando um cajado e, mais surpreendentemente, ele nunca tinha visto um golpe como aquele. Como poderia Aiden ter se movido tão rápido? Era como se uma hora ele estivesse parado ali e, no momento seguinte, já estivesse sentindo dor.

Sam olha para Aiden, cego de raiva. Ele o tinha constrangido na frente de todos os outros, e ninguém fazia isso impunemente. Sam inclina a cabeça para trás com um rosnado primitivo, e salta na direção da garganta de Aiden. Sam pula através do ar, com ambas as mãos estendidas, na direção exata da garganta de Aiden. Ele não consegue controlar a raiva que toma conta dele. Ele sabe, no fundo de sua mente que
deve se controlar, mas não consegue. Ele está fora de si, sedento por sangue, e não se importa com quem Aiden é.

Mas no momento em que Sam espera sentir suas mãos se fechando ao redor da garganta de Aiden, ele sente seu corpo voando pelo ar até cair de cara na lama. Sam se vira, olha para cima e vê Aiden de pé ao seu lado. Como ele tinha feito aquilo? Um segundo antes, Aiden estava diante dele. De alguma forma, ele tinha saído do caminho e jogado Sam, antes que Sam pudesse alcançá-lo.
Aiden ainda está balançando a cabeça.

"Reativo", ele diz. "Previsível. Você confia em sua força, acha que esse é o seu maior trunfo. Mas é também a sua maior fraqueza."

Sam se inclina para trás e ruge, um rugido feroz, sentindo a raiva atravessando o seu corpo como nunca antes. Sem pensar, ele se vira e pega uma lança, erguendo-a e apontando-a para o coração de Aiden. A multidão fica suspira, horrorizada. Aiden consegue se esquivar, e a lança passa voando por ele, indo para em uma árvore a muitos metros de distância.

Sam se dá por vencido. Ele pega a primeira arma que vê diante dele, um enorme machado de batalha, erguendo-o com as duas mãos, e parte para cima de Aiden. Mesmo enquanto faz isso, Sam, em algum nível, lá no fundo, fica chocado com suas próprias ações. É como se uma estirpe do mal tivesse tomado conta dele, algo que ele não consegue prever ou controlar, forçando-o a fazer aquilo. No fundo, ele não quer matar Aiden. É como se algo desconhecido, um lado completamente novo e mal, tivesse despertado dentro dele, e o estivesse levando para longe com suas próprias asas. Ele percebe que, mesmo que quisesse, não havia nada que pudesse fazer para se controlar. E também percebe que, paradoxalmente, Aiden estava certo o tempo todo.

Mas já é tarde demais. Ele parte para o ataque, direto para o peito de Aiden, pronto para cortá-lo ao meio. Ouve-se outro suspiro horrorizado da multidão, e Sam espera sentir a lâmina cortar a carne de Aiden. Mas no último segundo, em vez disso, ele sente seu corpo voando pelo ar, e sente a lâmina mergulhar na lama. Sam, curvado, com as costas expostas, sente uma ponta afiada em suas costas. Ele se vira e vê Aiden ali, ileso, segurando uma lança afiada apontada para ele. Finalmente, Sam percebe que ele tinha sido derrotado, finalmente. O espírito de luta dentro dele se esgota, e a força de mal que ele havia tomado conta dele desaparece. Ele se sente vazio, oco,
envergonhado e arrependido.

Aiden está parado diante dele, olhando para baixo de cara feia. Todos os outros vampiros, exceto Polly, começam a avançar em direção Sam, como se quisessem vingar seu líder.

"Não!" Aiden grita, e todos os vampiros ficam parados no lugar. "Ele não está no controle do que faz. Eu não quero que ele seja punido."

Aiden se abaixa e estende a mão. Sam se sente muito mal, tomado pela culpa, ao estender lentamente a mão e permitir que Aiden o ajude a fica em pé - o homem que ele tinha acabado de tentar matar.
Sam fica em pé, olhando para baixo. "Eu sinto muito," ele fala.

"Não se desculpe comigo," responde Aiden. "Peça desculpas para si mesmo. Você é imprudente. Um perigo para todos nós. É por isso que você não foi escolhido. E até que você reconheça seus defeitos, nunca conseguirá superá-los."

Sam olha para os olhos de Aiden, respira fundo e, finalmente, percebe que ele está certo. Ele percebe que ele, na verdade, ainda tem muito a aprender.

"Você vai me ensinar?" pergunta Sam. "Estou pronto agora."

Aiden olha para trás, e Sam não consegue decifrar a expressão em seus olhos. Mas, de repente, os olhos de Aiden se voltam para cima, olhando para o céu, claramente vendo algo. Sam olha para a mesma direção para ver o que é. O coração de Sam se acelera. No horizonte, voando em direção a eles, um grupo de vampiros se aproxima, voando baixo. E liderando-os, está sua irmã.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Kde žijí příběhy. Začni objevovat