Capítulo 22

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Ao voar sobre o Bronx, Caitlin fica horrorizada ao ver a extensão da destruição que está acontecendo nas ruas embaixo dela. Há derramamento de sangue por toda parte, em quadra após quadra, vampiros atacam os humanos, alimentando-se abertamente sob a luz da lua. Ela também vê seres humanos atacando outros humanos, tentando fugir do caos. É uma verdadeira anarquia, e ela não consegue evitar o sentimento de responsabilidade por tudo que esta acontecendo. Se ela tivesse conseguido segurar a espada, se não a tivesse deixado escapar, talvez nada disso estaria acontecendo. Ela sobrevoa os Claustros, voando baixo, e dando a volta por cima mais uma vez. Ela hesita, debatendo se deveria aterrissar, se Caleb estaria ali dentro. Por um lado, ela imagina que ele já tenha partido há muito tempo, que provavelmente


já esteja no meio de uma batalha em algum lugar, supondo que se realmente estivesse em perigo, estaria em outro lugar. Mas, por outro lado, ela não faz ideia em que parte de Manhattan procurar por ele. Os Claustros eram a melhor pista que ela tinha. Ela tem certeza de que seus companheiros de coven saberiam exatamente onde ele tinha ido, e poderiam apontá-la na direção certa, - era o lugar mais lógico onde ela poderia ir. Mas a ideia de rever Sera lhe causa um tremendo mal estar. Ela sente tanta raiva de dela, qe não consegue imaginar como reagiria quanto se encontrassem novamente - e não confiava em sua capacidade de controlar seus sentimentos. Além disso, Caitlin não tinha sido muito bem recebida da última vez que havia visitado o local, e ela imagina que eles ficarão ainda mais zangados com sua presença desta vez; talvez sejam até hostis. É um risco que ela tem que correr, ela pensa, enquanto voa naquela direção, mergulhando e


aterrissando no grande terraço externo com vista para o Hudson. Ela atravessa o jardim medieval, dirigindo-se direto até as portas, diante das quais há várias dúzias de soldados vampiros, a postos. Ela não se lembra de ter visto tantos vampiros fazendo a guarda da última vez que esteve naquele local; o coven devia estar em alerta. Um dos soldados dá um passo à frente, segurando uma lança comprida, e bloqueia sua passagem, com ar muito sério. "Diga seu nome, o do seu coven, e o propósito de sua visita," ele diz. Ela pode ver que os soldados atrás dele estão tensos. "Meu nome é Caitlin, sou do Coven Pollepel, e estou aqui para ver Caleb." O soldado a encara por mais um minute, e então responde com firmeza: "Espere aqui." Ele se vira, atravessa a grande porta rapidamente, e a fecha atrás dele.


Caitlin fica parada no lugar, esperando em silêncio, nervosa. Logo a porta se abre mais uma vez, e dois soldados saem por ela. "Siga-nos," diz um deles, virando. Caitlin o segue, através da porta, e a ouve bater assim que passa. Ela segue os dois soldados que marcham rapidamente pelo longo corredor de pedras, e por um pequeno pátio interno. Enquanto caminham, Caitlin vê dezenas de vampiros por todos os lados, vagando, todos em aparente estado de agitação. Eles a guiam por outro corredor, e depois até os pés de uma escada. Caitlin pode ouvir alguém chorando à distância, o choro ecoando pelas paredes do local. Os guardas param em frente aos primeiros degraus, e um deles diz, olhando pra frente: "É por ali.". "Onde estou indo?" ela pergunta. Será que Caleb está la embaixo? Ela se pergunta. Por que ele não veio me receber?


Os dois guardam continuam olhando, ignorando ela. Obviamente já haviam dito tudo que estavam dispostos a dizer. Caitlin desce a antiga escadaria de pedras, dirigindo-se até a escuridão, mal iluminada pelas tochas e, ao fazer isso, o choro se torna mais alto. Caitlin faz uma curva e se encontra em uma ampla câmara, profunda e estreita, com tetos altos e curvos. Este quarto sombrio está repleto de sarcófagos - grandes sarcófagos intricadamente esculpidos em todas as formas e tamanhos, espalhados pelo quarto. Fora isso, encontra-se completamente vazio. Exceto por uma pessoa, ou melhor, uma vampira. Sera. Ela a vê, ajoelhada no chão de pedra, sozinha no meio do quarto, seu choro preenchendo o vazio. Antes que Caitlin pudesse entrar, Sera se vira, seus longos cabelos vermelhos voando em todas as direções, seu rosto contorcido pelo dor e


mágoa. "A culpa é toda sua!" ela grita, ficando em pé e apontando o dedo para Caitlin. "Isto aconteceu por culpa sua." Aparentemente, Caitlin teria que encarar seu medo de frente. Sera, -j á era tempo de as duas se entenderem. Caitlin sente sua própria raiva se acumular dentro dela, sem ter sido afetada pelas lágrimas de Sera. Antes que ela possa responder, Sera grita mais uma vez. "Eles capturaram o meu Caleb! E tudo por causa de você!" O coração de Caitlin se parte ao ouvir estas palavras. Ela sente seu mundo girando, e estava tão despreparada para ouvir isso, que mal se recorda do que estava prestes a dizer a Sera. Ela está sem palavras. Capturado. Isso só poderia significar uma coisa; eles certamente o matariam. Sera se aproxima de Caitlin, dando vários


passos, e fica a apenas alguns centímetros dela. Ela a encara com ódio intenso, toda sua tristeza se transformando em raiva. "Por que você não podia simplesmente tê-lo deixado em paz?" pergunta Sera. "Você começou toda essa confusão. Por sua causa, agora eles têm a Espada. Por sua causa, Caleb teve que arriscar a própria vida para consegui-la de novo. E veja o que aconteceu agora, espero que esteja satisfeita." "Foi você que veio até nossa ilha para buscá-lo," Caitlin grita de volta. "Foi você que arrastou ele para o meio de tudo isso. Por que você não o deixou quieto? Você não conseguia, conseguia? Você não suportou ver ele feliz com outra pessoa. É sua culpa, tanto quanto minha." Grita Caitlin, igualmente irada. Sera treme de ódio ao responder. "Eu o trouxe de volta para ficar comigo, sua esposa fiel, e para que ele ficasse com o filho dele." "Você não é mais a esposa dele," Caitlin


responde. "E sei sobre o filho de vocês. Sei que ele morrei há centenas de anos. Você só sabe mentir." "Meu filho está vivo! Nunca mais repita isso!" berra Sera. Caitlin percebe naquele momento que Sera está fora de si, sem contato com a realidade, esmagada pela dor, que a tinha moldado. Ela enxerga o quão patética Sera é, e de repente, apesar de tudo, sente pena dela, e sua raiva é abatida. "Sinto muito pela sua perda," Caitlin diz, suavemente. Ela percebe que Sera não esperava por isso. Sua feição se abranda, e ela senta no chão de pernas cruzadas, segurando a cabeça entre as mãos e chorando. "Caleb, meu Caleb," ela soluça "como conseguiram te prender?". Caitlin pode ver o quanto Sera sente por Caleb, o que é de certa forma, desolador. Independente do quanto ela estava delirando, ao menos seu amor


por Caleb era genuíno, fazendo com que ambas tivessem algo em comum. Caitlin se senta ao lado dela, estica o braço, e coloca a mão em seu ombro. "Sera," Caitlin diz, "temos que encontrar Caleb antes que seja tarde demais. Não temos tempo a perder: Conte-me, onde está ele?" "O Coven Blacktide," Sera responde. "Eles o pegaram, - o exército inteiro, - nunca conseguiríamos resgatá-lo. Meu coven tem medo de ir, ninguém está sequer disposto a tentar. É inútil, somos em menor número." O Coven Blacktide pensa Caitlin, isso significa a Prefeitura. Ela sabe aonde ir, e se levanta. "Bem, eu não preciso da ajuda deles," Caitlin responde destemida. "Irei sozinha." Sera olha para ela, saindo do transe, com os olhos bem abertos, surpresa. "Você está de brincadeira? Você será trucidada," diz ela, "Seria uma missão suicida." "Então que seja," Caitlin responde. "Pelo menos


não ficarei aqui, sentada como uma covarde." Caitlin vira e se dirige até as escadas. Ela sente uma mão em seu ombro, "Espere," pede Sera. Caitlin vira e Sera olha dentro de seus olhos por diversos segundos, em profundo silêncio. "Você realmente se importa com ele, não é?" Sera pergunta. Caitlin simplesmente a observa. "Sim, posso ver que se importa." Sera continua a encarar e então concorda lentamente, tendo tomado uma decisão. "Muito bem, então," ela diz, "Eu irei com você." Caitlin está surpresa, "O quê?". "Iremos juntas," Sera explica, "Duas pessoas têm mais chances do que uma. Não que eu me importe se você morrer, mas não quero ver Caleb sofrer.". Caitlin encara Sera: Esta é a última coisa que ela esperava, mas quanto mais pensa a respeito, mais está certa de que seria inteligente ter alguém na


retaguarda. Afinal de contas, estavam fazendo isso por Caleb, e não por ela. "Está bem," diz ela. Sera então se vira e atravessa o quarto. Ela para diante de um pequeno sarcófago, grande o suficiente para uma pequena criança, e faz o sinal da cruz. Ela reza, inclinando a cabeça até tocá-lo. Caitlin a observa e então se dá conta de que aquele devia ser o túmulo do filho dela - do filho de Caleb. Ela percebe que mesmo após todas essas centenas de anos, Sera não tinha sido capaz de esquecê-lo. Para ela, ele ainda estava vivo. . Alguns momentos depois, Sera volta e caminha ao lado de Caitlin, enquanto as duas sobem os degraus. Ao chegar ao topo, Sera se encaminha para um corredor diferente. "Siga-me," Sera pede, "Se vamos morrer, pelo menos devemos levar armas apropriadas.".

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu