Capitulo 9

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Caitlin acorda, abrindo os olhos devagar e se sentindo completamente descansada e relaxada. É a primeira vez em muito tempo que Caitlin não havia sonhado com seu pai – na verdade, a primeira vez em muito tempo que ela não havia sonhado com qualquer coisa. Aquela também tinha sido a primeira noite, desde que ela conseguia se lembrar, em que ela não tinha acordado de repente, incapaz de dormir tanto quanto gostaria. Caitlin acorda com a luz do sol invadindo as janelas por todos os lados, e ao som das ondas do mar que ela ouve através das janelas abertas, e pode sentir o ar puro atravessando o quarto. Ela vê que está dormindo com a cabeça encostada no peito de Caleb. Ambos estão nus embaixo das cobertas, e ela está dormindo em seus braços.

Ela olha para cima, e vê que os olhos dele estão fechados, e que ele ainda dorme profundamente. Pela primeira vez em muito tempo, Caitlin se sente à vontade. Ali, naquele lugar, naquele momento e nos braços de Caleb, ela acha que tudo vai dar certo. Ela gostaria de poder congelar o tempo, agarrar-se a ele. Finalmente, ela sente que nada os ameaça, - que não há nada esperando para poder acabar com sua felicidade. Caitlin olha o quarto, e vê a caixa de prata que contém a carta de seu pai, ainda fechada. Ao olhar para ela, Caitlin por um instante se preocupa: ela sente que se abrir a carta, se ler a mensagem, ela terá que ir para algum outro lugar, e que as coisas inevitavelmente mudariam. Ela desvia o olhar, mais determinada do que nunca a não abri-la.

. Ela levanta da cama e atravessa o quarto. A sensação de seus pés descalços no chão frio de pedra é agradável, e ela pega a caixa de prata e a esconde atrás da Cortina. Ela não quer ter que olhar para ela e não quer que as coisas mudem - está determinada a não deixar que mudem. Caitlin lentamente se veste, colocando as roupas novas que a freira havia lhe dado. Ela as tinha lavado no riacho na noite anterior, e deixado que secassem penduradas em uma gárgula do lado de fora de sua janela. Ela se surpreende que tenham secado tão rápido, com a sensação ao colocá-las no corpo. Ela se sente pronta para encarar o novo dia.

Caitlin tem que descobrir um modo de renovar seu guarda-roupa. Agora que finalmente está instalada – e em um castelo com um closet enorme – ela tem certeza que conseguirá pensar em alguma coisa. Se fosse preciso, ela aprenderia a costurar, tricotar – o que fosse necessário. Com todas aquelas ovelhas, ela está certa de que deve haver algum fazendeiro que vende algumas roupas. Não seria a moda do século XXI, mas também não é isso que ela quer. Ela quer se misturar às pessoas, fazer parte da história deste lugar, deste período e destas pessoas. Mais do que qualquer outra coisa, ela quer viver ali, fazer daquele o seu lar.

O que eles vestissem, ela ficaria feliz em vestir também. Caitlin abre as grandes portas duplas de vidro e sai para o pátio. Ela ergue o rosto para o céu, apreciando a sensação do chão aquecido pelo sol sob seus pés. A freira havia lhe dado novas proteções para a pele e colírio para seus olhos, e o sol não a incomoda. Pelo contrário, ela gosta da sensação. Ela caminha até a beirada, colocando a mão na mureta enquanto olha para o horizonte. As brisas do mar acariciam seu rosto enquanto ela olha além do céu azul e das montanhas, para as ondas que
arrebentam à distância. A praia está completamente vazia.

Aquele lugar parece ser tão remoto, que ela se pergunta se alguém viria até aquela praia. “A, você está aí,” diz uma voz. Caitlin se vira e fica feliz ao ver Caleb, já vestido e caminhando na direção dela. Ele anda até ela com um sorriso enorme nos lábios, e ela começa a sorrir também. Ela dá dois passos na direção dele, e eles se encontram para um beijo apaixonado, abraçando-se. É muito bom estar em seus braços, especialmente logo pela manhã. Lentamente, eles se afastam, olhando-se nos olhos. “Sonhei com você,” ele diz. “Um sonho bom, eu espero.” Ele abre ainda mais o sorriso. “É claro.”

Ela está curiosa a respeito do sonho, mas ele não fala mais nada, e ela não quer insistir. Esse era o problema com Caleb: ele as vezes ficava em misterioso silêncio, e era difícil adivinhar os pensamentos dele. É claro, ambos tinham o poder de ler pensamentos, mas ela também havia percebido que, paradoxalmente, quanto mais próximos se tornavam, mais difícil ficava pra ler os pensamentos um do outro. Ela sentia quase como se quanto mais o amor deles crescia, mais este poder se obscurecia – como se certas coisas não devessem ser reveladas.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora