Capitulo 10

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Enquanto Caitlin, usando um vestido de festa elaborado, segue Polly pela porta, ela quase cai dentro da água.  Ela ainda não consegue se lembrar de que as portas abrem diretamente sobre a água, e que é possível cair dentro dela com a mesma facilidade que em outros lugares as pessoas saem caminhando pela calçada.  Parada ali, à beira da água sob o sol poente, Caitlin observa atentamente o movimento das águas, e consegue finalmente enxergar seu reflexo. “Veja!” Caitlin diz, admirada, pegando Polly pelo braço, encantada por estar conseguindo ver a si mesma. “Eu sei,” Polly diz, “usamos esse recurso o tempo todo, é a única forma de nos vermos. Não é exatamente um espelho, mas é o que temos.”.

Caitlin se surpreende com sua aparência: Ela
está usando um vestido enorme, amarelo, dourado e branco, bastante festivo e com várias camadas, estampando com flores.  Polly tinha feito tranças em seu cabelo, e Caitlin havia completado a fantasia com uma máscara veneziana. A parte que ela mais gosta é a máscara; com ela, Caitlin poderia ser quem quisesse. Vestindo a máscara, ela se sente misteriosa, magnificente, e até um pouco perigosa. Caitlin olha para cima e se dá conta que à sua volta, os membros do coven de Polly, dezenas deles, estão na beira da água, preparando-se para embarcar em suas gôndolas.

Ela se impressiona com a aparência deles: todos estão bem vestidos, com trajes e máscaras em todas as cores, tecidos e formas. Eles tinham passado a tarde inteira se preparando, e levavam a coisa a sério. Estão todos elegantes e refinados, e Caitlin considera como era sair à noite no século XXI. Ela passaria no máximo dez minutos se aprontando, talvez com um jeans e uma camiseta; e tudo aquilo lhe parece
entediante e comum – comparado a isso.  As pessoas neste século realmente encaravam a vida de frente. Subir na gôndola estreita usando seu enorme vestido é um desafio para Caitlin. Tyler, de outro barco, vê sua dificuldade e se apressa em aproximar-se para ajudá-la, estendendo sua mão. “Obrigada,” ela diz, aceitando a ajuda.

Ela dá dois passos no barco, cambaleando, mas consegue se equilibrar enquanto o barco continua a balançar.  Ela rapidamente se senta e arruma a saia do seu vestido, impedindo que se molhem.  Rose dá um latido, olhando para os barcos, obviamente com vontade de acompanhá-las.  “Desculpe, Rose,” Caitlin explica, “não vai ser desta vez, mas não se preocupe, voltarei logo.” Rose continua reclamando, querendo estar ao lado dela, e Caitlin se sente mal. Mas ao mesmo tempo, está feliz em ter Rose na ilha, sã e salva.  Em volta delas, membros do coven continuam embarcando em suas gôndolas.  Há uma pequena
frota de aproximadamente uma dúzia de gôndolas, com duas pessoas em cãs, uma sentada, e a outra em pé, remando. Caitlin reconhece vários deles: Taylor e  Tyler, Cain e Barbara, Patrick, Madeline, Harrison… Polly tinha passado a tarde toda apresentando Caitlin para eles.  Tinha sido muito estranho para ela ser apresentada a todas estas pessoas que ela já conhecia. Mas ela tinha ficado calada, e tudo havia dado certo. Até mesmo Cain havia sido mais simpático com ela desta vez.

Todos tinham lhe dado boas vindas como se ela sempre tivesse morado ali, e mais uma vez, ela se sente à vontade com eles. Ela está começando a sentir como se tudo que tinha perdido em Pollepel estivesse lentamente sendo devolvido a ela.  Ela já começa a se sentir em casa, mas tem receio da sensação: Ela tem a impressão de que todas as vezes que começa a se acomodar, algo acontece, forçando-a a se mudar de novo. Os barcos partem, cortando a água azul clara em direção ao baile, iluminados pela luz do luar.  A
água está mais agitada nessa hora, à noite, do que tinha estado mais cedo, e a gôndola se move para cima e para baixo.

Mas é um movimento repetitivo que a acalma, ajudando Caitlin a relaxar ao som das ondas que batem contra o casco. Caitlin reclina seu corpo e fecha os olhos, sentindo a brisa do mar em seu rosto, e respira fundo.  É uma noite agradável, e ela se sente completamente relaxada.   Ela escuta alguém começando a cantar, e abre os olhos para ver quem é.  Um de seus companheiros de coven, em outro barco, canta enquanto rema. É um idioma que ela não reconhece, e ele canta com uma voz profunda e afinada.  A música é lenta e triste, e se mistura ao som das ondas e do eventual pássaro que passa cantando sobre eles.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now