Capítulo 7

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Sam acorda ao som de sinos de igreja. Ele nunca imaginou que sinos pudessem ser tão altos, e sente como se estivesse dentro do próprio sino. Seu corpo todo treme com o barulho, e ele abre os olhos na escuridão absoluta. Ele estica o braço e sente a pedra na frente dele. Ele se vira freneticamente para todos os lados, e se vê dentro de uma caixa de pedra. Está deitado de costas; ele tenta se virar para o lado, mas não consegue, e é quando percebe: Ele está dentro de um caixão. Em pânico, Sam estica os braços com toda sua força, e após alguns segundos, finalmente consegue mover a tampa de pedra; com um barulho irritante, ela desliza apenas alguns centímetros, e luz e ar fresco entram pela fresta. Ele respira fundo, percebendo o quanto estava

precisando de ar.

Ele enfia os dedos na fresta e, concentrando suas forças, empurra a tampa para o lado. Mais uma vez ela raspa, protestando, mas logo consegue enfiar todos os dedos no espaço, e depois as mãos. Dentro de instantes, ele empurra completamente a tampa de pedra, e com um ultimo empurrão, ela cai ao chão, partindo-se em um milhão de pedaços. Ele sem senta, lutando por ar, e protege os olhos da luz do sol. Sam pula para fora do caixão e, cambaleando com as pernas fracas, se arrasta até o canto, se escondendo da luz direta. Ele vasculha os bolsos e logo encontra as proteções de pela, e envolve seus braços e ombros com elas. Ele pega o colírio no bolso também, e pinga duas gotas em cada olho. Após uns instantes, sua respiração se normaliza. Ele começa a se acalmar, a se sentir normal de novo.

Ele olha a sua volta.

Ela está em uma espécie de sepultura, um velho túmulo empoeirado. Ele vê uma porta aberta, que leva até o lado de fora. Sam junta coragem e se encaminha para fora, para o sol, e percebe com surpresa onde se encontra. Em cima de uma colina, do lado de for a do mausoléu de uma igreja, centenas de degraus levando até uma cidade - Roma.

A cidade inteira se desdobra à sua frente, e ele tem uma vista magnífica da paisagem. Ele se volta e examina a igreja de onde acaba de sair, e depois se vira e analisa mais uma vez os degraus. Tudo aquilo de repente faz sentido: Ele sabe onde está. Ele tinha visto esta foto muitas vezes em cartões postais: Os degraus espanhóis de Roma. A viagem no tempo tinha dado certo. Ele não sabia exatamente por que ele tinha vindo parar neste lugar, ou em que ano estava, mas espera que não seja o mesmo ano em que Kyle se encontra. Sam não consegue se lembrar de muita coisa - as lembranças de seu tempo em Nova Iorque ainda

estavam um pouco confusas, como um sonho - mas ele certamente se lembra de uma coisa: sua busca obsessiva por Kyle. Ele se lembra de ter descoberto que Kyle tinha voltado no tempo para matar sua irmã, e que desde sua descoberta, não tinha conseguido descansar.

Ele está determinado a encontrar Kyle, não importa o quanto isso lhe custe, e matá-lo antes que ele possa machucar sua irmã. Antes de descobrir isso, Sam tinha estado deprimido, contrariado, em profundo desespero pelo que tinha feito com sua irmã, e com Caleb. Essa nunca tinha sido sua intenção. Quando descobriu os planos de Kyle, ele tinha identificado uma chance de compensar seus erros - e de se vingar de Kyle. Sam sabe que não deve esperar o perdão de Caitlin. Mas no mínimo, talvez, ele pudesse ajudá-la de alguma forma. Ao descer os degraus, passando no meio de grandes grupos de gente, Sam percebe que muitos abrem caminho para ele, olhando-o ressabiados.

Outros apontam para ele, olhando para o topo da colina. Ele se dá conta de que deve ter sido uma visão estranha, em cima da colina, coberto de poeira. A alguns deles devem tê-lo visto saindo do túmulo, e provavelmente escutaram o barulho da pedra se partindo. Ele aperta o passo, tendo chegado a conclusão de que seria melhor não se demorar muito, descendo os degraus em ritmo acelerado, três de cada vez. Sam atravessa a multidão, perguntando-se sobre qual direção tomais.

Ele pode sentir a presença de Kyle na cidade. É difícil não senti-lo - o homem emana o mal, deixando um rastro de maldade por onde passa. Sam segue o rastro, usando seus sentidos, navegando pelas ruas e vielas de Roma. Ele mal consegue registrar onde está, tamanha sua determinação em completar sua missão.. Sam se sente atraído para uma determinada rua, e então na direção de determinado beco. Ele para bem a tempo, quase tropeçando: ali, embaixo dele, há dois corpos em decomposição, o

corpo do que parece ter sido uma prostituta, e outro de um homem que parece um cafetão. Seus sentidos lhe dizem que Kyle tinha passado por ali, e feito aquilo. Sam segue seus sentidos através de várias outras ruas e antes que se dê conta, se vê em uma grande praça antiga: The Piazza Della Rotonda. E ali, diante dele, o lugar que ele procura: O Partenon. Sam olha para a construção, impressionado.

O lugar é magnífico. Suas enormes colunas se estendem diante da entrada, ao redor do domo circular; é impressionante e grandioso. Ele já o tinha visto online, mas a vista não era nada comparada à estar ali. Online, ele pensa, e quase ri alto. Ele avalia o lugar onde se encontra pela primeira vez, e vê pessoas vestidas com roupas antigas, a ausência de carros e confortos da era moderna, e se espanta ao constatar quantos anos ainda faltam para que essas pessoas saibam o significado de online. Sam se concentra. Ele sente Kyle atrás daquelas


portas. Ele cerra os punhos, preparando-se para a batalha. Sam dispara em direção à estrutura. Ele sente que, no fundo, é pelo menos tão forte quanto Kyle, e se for morrer lutando com ele, é melhor acabar logo com isso.

Sam sobe os degraus correndo e bate com os ombros nas enormes portas; estranhamente, elas estão apenas encostadas. Ele se vê correndo pelo corredor, direto até a grande sala principal do Partenon. Ele se prepara, pronto para a luta, pronto para enfrentar Kyle e começar a atacar. Mas ao terminar de entrar na sala, quando para e olha ao seu redor, para sua surpresa, ele vê que a sala está completamente vazia. Seus passos ecoam pelas paredes, no enorme domo e no chão de mármore. Ele se vira para todos os lados, procurando por Kyle, procurando seu adversário. Ele está atordoado. Ele tinha certeza que Kyle estava aqui, e seus sentidos nunca tinham errado

tanto. Aquilo era algum truque? Antes que ele possa terminar de se perguntar, Sam sente algo se movendo em sua direção, incrivelmente rápido, e no último segundo, ele olha para cima para ver o que é. Centenas de vampiros, com asas como as de morcegos, estão pendurados no teto, esperando por ele.

Eles pulam no chão como aranhas, mergulhando para cima dele, centenas deles, a apenas alguns metros dele. É tarde demais para que ele possa reagir. Tudo que Sam vê é a terrível escuridão causada por centenas de vampiros, descendo para devorar sua presa. Seus gritos e rosnados são horríveis, e quando suas asas batem ao redor dele, em todos os lados, ele não pode evitar se perguntar se aquilo seria a última coisa que veria na vida.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now