Capitulo 26

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Caitlin corre. Ela corre em meio a um campo florido, com flores até a altura de sua cintura, em várias cores. O dia está ensolarado, e o sol brilha no céu acima dela, enquanto seu pai a aguarda, à distância. Mas enquanto corre, as flores se transformam em espadas, enfiadas na terra, com as pontas para cima e balançando com o vento. Ela corre através delas, cortando caminho em direção de seu pai. Desta vez, não há nada separando os dois. Enquanto ela corre sem parar, ele se aproxima. Ela corre o mais rápido que consegue, e logo está em seus braços. Ela não consegue acreditar, mas realmente está nos braços dele. Ele a abraça, e ela pode sentir a força dele cursando todo seu corpo. É o abraço de um pai a ama, o pai que ela sempre havia sonhado em ter.

Ela quer esticar o pescoço, olhar para o seu rosto, mas se contenta em simplesmente estar nos braços dele. “Estou orgulhoso de você,” ela fala, ainda a abraçando. “Você puxou para mim.” Ela sorri, completamente envolta pelo calor do corpo dele. “Quando verei você?” ela pergunta. “Amanhã,” ele responde com convicção. Ele a afasta um pouco, observando-a com atenção. A força dos olhos dele parecem queimar sua pele; seus olhos são como dois sóis, que enxergam através dela, e ela quase vira o rosto tamanha sua intensidade. “Amanhã. Ficaremos juntos, para sempre.” Caitlin se senta, ofegante. Ela olha a sua volta, e percebe que tinha sido apenas um sonho. Ela ainda está em sua cela. Ele tinha sido tão rela, como se seu pai realmente estivesse ali, ao seu lado, dentro da cela. Ela massageia seus braços e ombro, ainda sentindo o calor do corpo dele. O que significava aquele sonho? Ele tinha sido tão diferente dos outros. Ela nunca tinha sonhado assim antes.

Ela o veria no dia seguinte. Isso significava que esse seria seu último dia na terra? Que ela logo estaria cruzando para o outro lado, para encontrálo no céu?  Ela relembra o dia anterior, a difícil luta que tinha enfrentado. Ela fica em pé e alonga seus músculos devagar, sentindo dor em cada um deles. Ela está coberta de arranhões, hematomas e cortes  - feridas que, para um vampiro, deveriam ter cicatrizado mais rápido. Mas esses são ferimentos mais profundos: cortes feitos por espadas, perfurações por lanças e mordidas de leões. Ela está enferrujada, e apenas caminhar pela cela lhe causa muita dor. Ela não faz ideia como sobreviverá a mais um dia de batalha. Mais que qualquer outra coisa, ela sofre ao pensar em Blake. Ela se lembra de seus últimos momentos em vida, de seu sofrimento ao ser morto por aqueles vampiros. E de sua morte em seus braços, e suas últimas palavras.

Ela queria ter morrido junto a ele. Ela tinha estado tão enganada a respeito dele, deveria ter corrido para defendê-lo antes. Ela se culpa, e gostaria de ter levado o golpe em seu lugar. Caitlin olha para cima, e vários guardas vampiros aparecem de repente, com algemas de prata nas mãos. Eles abrem a grade de ferro, e ela sabe que dentro de instantes sera levada para cima para começar o segundo round.  Ela pensa em seu pai, e no fato de que estariam juntos em breve. Ao menos isso lhe serve de consolo. Talvez, tudo aquilo estava prestes a acabar. * Parada na entrada do túnel, Caitlin tem as algemas removidas pelos guardas, e caminha livremente até o centro da arena do Coliseu. Ela
não precisa de motivação desta vez, está animada para começar o dia, ansiosa para lutar de novo, para finalmente encarar o seu destino. Ela está cansada, profundamente exausta.

Todas as pessoas que ela amava, ela tinha perdido. Sam. Caleb. Blake. Seu pai. Rose. Jade… Suas perdas parecem não ter fim.

Ela está cansada de tentar controlar as coisas. Se este seria seu ultimo dia de vida – e ela sente que é – então ela está preparada. Ela morreria com estilo. Ela daria a estes vampiros macabros o espetáculo que tanto queriam, e lutaria com mais valentia e força do que jamais tinham testemunhado. Ao entrar no Coliseu, milhares de vampiros se levantam, chamando o seu nome: “CAITLIN! CAITLIN!” Caitlin olha para cima e vê o juiz ficar em pé em sua plataforma, com Kyle ao seu lado. Os dois fazem uma careta para ela. “E agora,” grita o juiz, “os elefantes!”
Um grito de excitação toma conta da arquibancada. Do outro lado do Coliseu, portas enormes são abertas. Caitlin não consegue acreditar. Correndo na direção dela, em fila única, uma manada de elefantes se aproxima. O chão treme a cada passo dos animais. Eles erguem suas cabeças e urram. O próprio barulho quase estoura seus tímpanos. A multidão, animada, atiça as feras. Em cima de cada elefante, há um vampiro perverso. Esses vampiros são diferentes – maiores que os outros, cobertos por uma armadura brilhante da cabeça aos pés, e máscaras grotescas em seus rostos. Eles carregam espadas longas, lanças, arcos e flechas, e todos os tipos de armamentos. Caitlin olha para sua espada insignificante, e percebe que absolutamente em menor número. Aquela não seria uma luta justa. Ela fecha os olhos e respira fundo. Ela tenta
entrar em outra dimensão, atingir um estado em que lutar significaria não lutar. Ela tenta se lembrar de todos os ensinamentos de Aiden. Quando estiver em menor número, quando a força inimiga superar a sua, não resista. Use a força do inimigo contra ele. Caitlin tenta bloquear todo o barulho, todo o movimento em volta dela.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Onde histórias criam vida. Descubra agora