Capituo 13

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Os olhos de Sam se abrem repletos de raiva. Ele olha ao seu redor pelo quarto, sem saber onde se encontra. Parece haver um pano em seus olhos, como um filtro. Algo está muito, muito diferente. Ele pode sentir que está dentro de uma grande câmara de pedra. Embora mal iluminada, ele pode ver tudo claramente. Como se tivesse visão noturna. Mas mais que isso. Ele não se sente como ele mesmo. Ele sente um novo tipo de poder cursando suas veias, em cada poro do seu corpo. Seu olfato também está apurado, assim como sua audição. Ele se sente enfurecido.

Preso. E ele quer quebrar alguma coisa. Com esse novo senso de tato apurado, ele sabe mesmo sem olhar que seus braços e pernas estão presos. Ele sente o metal gelado cortando sua pele. E sabe, instintivamente, que tem força para se soltar. Com um leve torcer de pulsos, ele arranca
as correntes da parede. Blocos de cimento caem com elas. A força dele é incrível. Ele olha a sua volta e, pela primeira vez vê, bem na sua frente, o que não tinha visto antes. Samantha. Parada ali. Uma parte bem pequena dele a reconhece, mas outra parte não.  Ele no fundo sabe que ela é familiar, mas a princípio, ele percebe outra coisa a respeito dela. Que ela é da sua raça. O que quer que isso signifique. Ela dá dois passos na direção dele e coloca suas palmas no rosto dele, tentando fazer com que ele se concentre. "Sam, você consegue me ouvir?" ela pergunta. "Preciso que você olhe pra mim. Concentre-se em mim. Preciso que me escute." Ele sente o toque das mãos dela em seu rosto, e não gosta daquilo, não quer ser tocado por nada nem ninguém. Com um golpe rápido ele bate no braço dela, tirando as mãos dela do seu rosto.
Ela recua um pouco e o encara de olhos abertos, em choque. Magoada. "Não encoste em mim," Sam grita. Ele está surpreso com o tom da própria voz. Era tão profunda, gutural. Como a voz de um animal. "Sam, por favor, preciso explicar o que está acontecendo com você," diz ela. "Não tenha medo" "Eu não tenho medo de nada," ele dispara, dando um passo na direção dela, deixando a raiva aflorar. "Eu poderia esmagar você em um segundo se eu quisesse." Ela dá outro passo atrás, e ele vê medo em seu rosto. "Sam, por favor, escute. Estou do seu lado. Confie em mim. Você tem que confiar em mim. Eu transformei você. Você está me ouvindo? Eu tive que transformar você." Me transformar, pensa Sam. O cérebro dele, sobrecarregado pela emoção e hormônios, tenta registrar o que ela estava
dizendo. Me transformar. Uma parte dele começa a se lembrar. Sendo acorrentado. Samantha entrando no quarto. As presas dela... Sim, ele se lembra agora. Ele a encara com recém-encontrado ódio. Ela recua ainda mais. "Por favor Sam, você tem que entender," continua ela. "Eu tive que fazer isso. Não tive escolha. Eles iam matar você. Você está me ouvindo? Eles iam matar você." Me matar, pensa Sam, enquanto se aproxima de Samantha, pronto para matá-la. Algo sobre o que ela diz, o tom que ela usa, faz com que ele pare. Me matar. Eles iam me matar. Agora ele se lembra.

Os vampiros. O Coven. Sendo levado como refém. "Eu salvei você," diz Samantha. "Eu impedi que você fosse morto. Eu não tive escolha." Me salvou, pensa ele. E então tudo começa a fazer sentido. Ela tinha salvado ele. Ele agora se lembrava. Ela não era a inimiga. Sam finalmente
para de se aproximar dela, e sente seu rosto relaxar à medida que o ódio diminui um pouco. Ela deve ter percebido, por que para de recuar. "O que está acontecendo com você é normal," continua ela. "Pode acontecer quando somos transformados. Com você está sendo mais intenso, porque eu tive que fazer tudo tão rápido. Não havia tempo." Sam de repente sente uma terrível dor atravessar a sua cabeça, pelos músculos. Ele se abaixa, segurando a cabeça nas mãos e gemendo de dor. Samantha vai até ele e se agacha, colocando a mão nas suas costas. "Sam, sinto muito," diz ela. "A dor, essa dor vai passar. Confie em mim. Tudo vai dar certo. Mas agora, precisamos sair daqui. Não temos muito tempo." Sam mal consegue ouvir o que ela diz, a dor é tão forte. É impossível se concentrar. "Sam, você está me ouvindo? Temos que escapar. Temos que fugir daqui! Só nós dois. Não há...". De repente, eles ouvem batidas na enorme porta de carvalho. Samantha olha na direção do barulho, enquanto Sam simplesmente o ignora, ainda com a cabeça nas mãos. As batidas aumentam. Com cada batida, Sam estremece. A dor está arrebentando a cabeça dele. Ele não consegue suportar aquele barulho. "Sam, eles estão aqui," grita ela. "Eles vão nos matar. Preciso que você acorde. Preciso da sua ajuda. Nós precisamos lutar!". As batidas continuam, e a dor ricocheteia na cabeça de Sam. Ele não consegue mais aguentar. Ele salta de repente, avançando em direção à porta e, com sua força sobre-humana, arranca ela da parede. Do lado de fora da porta há um grande grupo de vampiros, perversos executores que obviamente já tinham visto os dois guardas mortos ao lado da
entrada. Eles estão ali para matar Sam e Samantha, isso está claro. Mas Sam não lhes dá uma chance. Enquanto olham boquiabertos, surpresos que ele tenha força suficiente para arrancar a porta, Sam ergue o pedaço maciço de madeira com ambas as mãos, e quando os vampiros o atacam, ele se vira com ele em punhos. Ele bate neles com força com a porta, lançandoos para trás, para o outro lado do quarto. Ao baterem na parede, caem atordoados.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now