Capitulo 29

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Caitlin, Caleb, e Sam sobrevoam Roma, com pressa para percorrer a curta distância entre o Coliseu e o Vaticano. Caitlin nunca havia visitado o Vaticano antes, e segue os passos de Caleb. Ela tinha achado, por um momento, que Caleb não a acompanharia. Ainda no Coliseu, ele a princípio não queria partir; estava decidido a descer e encontrar Kyle no meio da multidão e conseguir sua vingança pela morte de Jade. Mas Caitlin havia implorado para que ele deixasse isso para outra hora. Ela havia argumentado que ele colocaria todos eles em risco ao se envolver em uma luta com milhares de vampiros, e que o que eles estavam buscando era mais importante para a espécie deles: encontrar o Escudo. Finalmente, e com relutância, ele havia concordado. Ao fazerem uma curva, a cidade do Vaticano surge no horizonte, e Caitlin fica espantada.

Poralgum motivo, ela esperava que o Vaticano fosse um único prédio, e se surpreende ao perceber que na verdade, é uma cidade inteira. De onde está, ela consegue ver vários prédios, dominados pelo grande domo da Basílica de São Pedro. A magnitude do lugar a deixa sem fôlego. “Teremos que descer na entrada principal,” Caleb diz. “O Vaticano é fortemente protegido por pessoas da nossa espécie. Não há como entrar ou sair sem permissão. É o coven mais antigo e poderoso de todos. Ninguém nunca tentou atacálos, - nem mesmo o coven de Kyle, e provavelmente nunca tentarão.

Eles guardam relíquias vampiras e segredos completamente desconhecidos pelo mundo exterior. “Eles também têm armas nunca antes vistas. Se chegarmos até a porta deles, e não conseguirmos sua permissão, eles podem nos matar ali mesmo; bater na porta deles não é algo que se faça sem pensar. A única maneira que eles nos deixarão entrar, é se eles a considerarem um deles, um membro do coven deles. Isso vai depender de quem era o seu pai. Vamos torcer.” Caitlin sente uma presença atrás dela e, ao virar para trás vê, no horizonte, uma nuvem negra. Centenas de vampiros do Grande Conselho os tinham seguido.

Caitlin vê Kyle à frente do grupo, com o braço sangrando e com o rosto contorcido pelo ódio. “Parece que temos companhia,” ela fala. Caleb e Sam se viram, e fazem uma careta. “Eles não perdem tempo,” Caleb comenta. Os três dão um mergulho profundo, direto para a entrada do Vaticano. Eles correm até as imensas portas, e elas se abrem de repente. Um homem velho, baixinho e vestindo um manto e capuz brancos, caminha até eles. Ele remove o capuz e revela lindos olhos verde claros, brilhantes. Ele observa os três, e então dá um passo na direção de Caitlin. “Você chegou,” ele diz a ela.

Está claro que ele a estava esperando. Os três trocam olhares, aliviados. O homem vira e eles o seguem, e a porta se fecha atrás deles. Alguns segundos depois, eles ouvem batidas fortes na porta, à medida que centenas de vampiros tentam entrar.  Caitlin, Caleb e Sam se viram, prontos para lutar. “Não se preocupem,” o homem diz, calmamente. “Vampiros comuns são impotentes contra este prédio.” Caitlin olha para cima, e vê vários vampiros tentando voar por cima dos muros, mergulhando. Mas quanto tentam fazer isso, eles são jogados para trás, como se batessem em um escudo invisível. “Estamos protegidos. Apenas pessoas do bem podem entrar.” Eles atravessam rapidamente um corredor, passando por um lindo gramado interno, com umfonte no meio.

O lado de dentro do prédio se parece bastante com um mosteiro, e eles passam por vários arcos de pedra. Eles seguem o homem até outro prédio, e descem por um corredor comprido. O teto do lugar é alto e arqueado, coberto de afrescos coloridos. Eles caminham por um tempo, em ritmo acelerado. O caminho parece não ter fim, até que finalmente chegam a outro corredor, sobem um lance de escadas, e chegam ao lugar mais incrível que Caitlin já tinha visto.

Ela olha para cima, admirada. “A Capela Sistina,” Caleb sussurra em seu ouvido. Os três entram na grande sala, e ela não consegue parar de admirar o trabalho de Michelangelo. Cada centímetro do teto, por vários metros, está coberto de cenas coloridas com maestria. É tão vibrante, tão real, que parece ser de verdade. Caitlin ouve um barulho e vê centenas de vampiros na sala, vestido de branco, com capuzes, alinhados pacientemente contra as paredes. No centro da sala, erguido sobre um pequeno trono, há um altar, e diante dele, mais três vampiros. A roupa deles é mais elaborada que a dos outros, seus mantos têm bordas douradas.

O vampiro que os lidera faz um gesto para que os três se aproximem do altar. Caitlin caminha lentamente até o trono e fica diante dos três vampiros, acompanhada por Caleb e Sam. Seu coração está disparado. Seu pai era um daqueles homens? Que coven era esse exatamente? Ela se sente mais próxima de seu pai do que jamais havia estado, tem a sensação de que eles está ali naquela sala com ela.  O vampiro do meio remove seu capuz devagar, e a encara com olhos azuis brilhantes. Seu olhos são tão grandes, tão translúcidos, que ela tem a sensação que eles não fazem parte desse mundo. “Nós somos os membros do coven mais sagrado, mais antigo e mais poderoso de todos os tempos.

Vivemos milhares de anos mais que todos os outros, e guardamos segredos que ninguém mais está à altura para guardar. É graças a nós que a raça humana e vampira conseguiram sobreviver tanto tempo. Poucos sabem de nossa existência – e muitos menos fazem parte de nosso grupo. Seu pai é um de nós. O que significa que você também é uma de nós.” O coração de Caitlin bate dentro de seu peito. As consequências de tudo aquilo lhe parecem não ter fim. Esse era o coven de seu pai; ali, no Vaticano. Ela sente tanto orgulho dele, e também se sente um pouco especial. Mas ela ainda tem milhares de perguntas.

Ele de repente estende uma pequena caixa, incrustada de joias. “Sua chave, por favor,” ele diz. Caitlin olha para ele, confusa. Chave? Ela não tem nenhuma chave. Ela tinha sido confundida com alguma outra pessoa?

Ele olha para ela e aponta para seu colar. Caitlin coloca a mão no pescoço e o sente, tendo se esquecido de sua presença. Seu colar. Ela remove o colar, dá um passo a frente, e lentamente o insere na pequena fechadura. Ele vira e, para sua surpresa, a caixa se abre suavemente. Dentro dela, há outra chave, grande e dourada. “Pegue,” ele diz. “Ela pertence a você.” Caitlin estica o braço e pega a chave, com os pensamentos a mil. Ela é pesada, e lisa. Caitlin pode sentir o grande poder que ela detém. “Essa é uma de quatro chaves,” o homem diz. “Somente você pode encontrar as outras três. Quanto tiver as quarto chaves, conhecerá seu pai. E ele lhe dará o Escudo.” “Você tem uma missão sagrada,” ele completa. “Você tem que encontrá-lo. Por todos nós.” “Mas onde ele está?” ela pergunta. “Ele não vive nesta época,” ele responde. “Você terá que voltar no tempo, ainda mais.”

A mente de Caitlin dá voltas. Voltar no tempo? De novo? O vampiro assente, e as centenas de vampiros em volta deles se aproxima, fazendo um círculo. Os três vampiros dão um passo à frente, e cada um deles estende um cálice incrustado de joias, e cheio de um líquido branco. “Sangue branco,” Ele diz. “O sangue mais sagrado. Cada um de vocês deve dar três goles.” Caitlin, Caleb, e Sam pegam os cálices. Caitlin bebe, dando três goles, curiosa sobre o que iria acontecer. Ela se surpreende com o gosto adocicado. Cada vez mais vampiros se aproximam deles. Eles abaixam as cabeças, como se estivessem rezando, e começam a cantar. “…para ressuscitar outro dia,” eles terminam a invocação, “com a graça Divina.” Não, Caitlin pensa. Ela começa a ficar tonta. Isso não pode estar acontecendo. Não agora. Há tantas perguntas que ela quer fazer. Quem eram aquelas pessoas? Quanto tempo tinham vivido? Como conheciam seu pai? Como ele era? Qual era o próximo passo de sua missão? Para que época a estavam mandando? E ela tem tantas perguntas para fazer para Caleb. Do quanto ele se lembrava? Ele voltaria junto com ela dessa vez? Ele se lembraria? E acima de tudo, ele ainda a amava? Ele a amaria de novo? - Teriam outro filho? Ela precisava de tempo para se preparar para a transição, apenas alguns minutos. Mas não é assim que as coisas aconteceriam.  Enquanto os vampiros continuam a cerimônia, repetindo os versos pela segunda vez, ela se sente cada vez mais tonta. Ela segura a mão de Caleb com força, e sente que ele também aperta sua mão. A sensação de estar perto dele é boa, faz bem estar ao seu lado. Ela espera que nunca mais se separem; espera que desta vez, voltem no tempo junto e nunca maissaiam de perto um do outro.

Ela não quer ficar longe dele nunca mais. Ao repetirem os versos pela terceira vez, ela sente ele se aproximar e sussurrar, “Eu amo você, Caitlin. E sempre a amarei.” Ela sente seu corpo ficando cada vez mais leve, levitando na direção do teto, subindo para o céu, até o lugar distante onde céu e terra se encontram. E ela sabe - simplesmente sabe - que há algo maior neste mundo. Uma abertura no universo onde o destino e o amor prevalecem. E que não importa o que acontecesse, ela e Caleb ficariam juntos novamente.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now