Capitulo 15

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Caitlin corre. O sol está alto enquanto ela corre em meio a um campo de flores, milhares de rosas, incrivelmente altas, que chegam até sua cintura. Elas são de cores diferentes, vermelhas e rosas, brancas e amarelas, e batem suavemente em suas pernas enquanto ela corre. Surpreendentemente, elas não têm espinhos, e a sensação delas em suas pernas é macia e seu perfume preenche o ar. No horizonte está seu pai, mais alto do que nunca, mais perto do que ela se lembrava. Ela quase consegue identificar os traços de seu rosto e, à medida que corre, sente como se estivesse prestes a alcançá-lo.

Mas ao olhar para baixo, o campo de flores tinha desaparecido, sendo substituído por umapequena ponta dourada. Seu pai também desaparece, e no horizonte ela vê uma cidade, com prédios baixos, todos com telhados vermelhos. A pequena ponta dourada eleva-se como um arco, e desce no lado oposto. Ela a atravessa correndo, e sob seus pés, ela vê a água transparente como um cristal, com um brilho azul. Ao atravessar a ponte, quando está prestes a entrar na cidade, seu pai aparece mais uma vez, nos portões da cidade. Ele está em pé do lado de dentro, e quando ela corre até ele, duas portas imensas aparecem no meio da rua, bloqueando sua passagem. Ela sabe que é impossível atravessá-las. As portas são altas, três vezes a sua altura, e ao parar diante delas, ela se surpreende ao ver que são feitas de ouro maciço. As portas são detalhadamente entalhadas com belas ilustrações, ilustrações que ela não consegue compreender. Ela sabe que seu pai está atrás delas, do outro lado. Ela sabe que se conseguirabrir as portas, poderá alcançá-lo, que ele está esperando para poder abraçá-la. Ela procura em todos os lugares possíveis, mas não encontra a maçaneta.

Ao invés disso, ela estica o corpo, passando os dedos ao longo das figuras douradas esculpidas. Ela sente o contorno suave, e se surpreende com a profundidade dos detalhes, como em uma obra de arte. “Caitlin,” diz uma voz. Ela sabe que se trata da voz de seu pai. É uma voz profunda e suave, muito relaxante. Ela anseia por ouvi-la de novo.  “Estou esperando por você,” ele diz, “abra a porta.” “Eu não consigo” ela grita, desesperada. “Caitlin!” Caitlin abre os olhos e vê Polly parada sobre a cama dela, chacoalhando-a. Caitlin acorda, desorientada. Aquela voz tinha sido de seu pai? Ou era a voz de Polly? Ela se senta e olha ao seu redor, procurando pelopai.

Mas tinha sido apenas um sonho. O sonho tinha sido vívido, como um encontro. Sentada, ela esfrega os olhos, e se retrai por causa da luz do sol que entra pela janela. É dia. Ela tenta se lembrar. Quando ela tinha adormecido? Ela tinha dormido o dia todo?  Rose se aproxima, lambendo seu rosto. “Que horas são?” Caitlin pergunta, sonolenta. “Já estamos no fim da tarde,” Polly diz, “você dormiu quase o dia todo. Eu não quis acordá-la. Deixei que dormisse o máximo possível, mas, agora, a maior parte do dia já se foi, então pensei que não houvesse problema em acordá-la. Você dormiu o suficiente, certo? Estou morrendo de vontade de conversar com você. Como foram as coisas a noite passada? Blake te trouxe até aqui? Vocês se divertiram?” Como sempre, Polly dispara pergunta atrás de pergunta, mal dando tempo para que Caitlin consiga pensar. Ela não sabe qual pergunta responder primeiro.

“Eu não voltei para casa com ele," ela responde, “resolvi voltar sozinha. Contratei um barco para me trazer até aqui.” Polly arregala os olhos de raiva. “O que aconteceu?” A expressão dela é sombria. “Se ele por acaso te abandonou lá, juro que irei matá-lo—” “Não, não,” Caitlin diz, “não é nada disso; ele queria ter me trazido de volta. Pedi a ele que não no fizesse.” “Por quê?” A expressão de Polly se transforma mais uma vez. “Ah, entendi,” ela diz, “as coisas não deram certo? Você não gosta dele? Por que, o que foi que ele disse? O que aconteceu?” “Não, não é nada disso também,” Caitlin diz. Ela se levanta, esticando as pernas, precisando respirar um pouco, processar tudo aquilo.

Ela gostaria de poder responder a pergunta de Polly, mas ela mesma não sabe as respostas. “Acho que eu só… precisava de mais tempo,” ela responde, “para pensar sobre tudo queaconteceu, entende? Na verdade eu… eu… encontrei outra pessoa a noite passada... alguém que eu costumava conhecer.” Polly hesita. “Aquele tal de... Caleb que você mencionou?” Caitlin desvia o olhar, com o coração apertado simplesmente ao ouvir o nome de Caleb. “Sim,” Caitlin responde, afinal. “E aí? O que aconteceu?” Caitlin pensa.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now