22º Desde quando tem hora para café?

1.6K 111 37
                                    

"Imite o meu sotaque até eu rir e te pedir pra parar
Cante uma música que eu não estou acostumada a escutar
[...]
Abra um sorriso só pra eu te perguntar o motivo
Mas pense muito bem se você deve dividir isso comigo
Me abrace forte pra eu não ir, eu nem tento resistir
E você ri da minha situação
Me conte do passado, enquanto eu tento te decifrar
Me fale dos seus sonhos mais malucos
Dos seus planos de revolucionar
E por um segundo, só você e eu no mundo" (Clichê Adolescente – Manu Gavassi)

Estar no banco de trás do carro de Alan é como se tivesse assinando seu próprio atestado de óbito. Para falar a verdade só eu estava pensando daquele jeito, diferente da minha amiga que cantava junto com Alan.
Não importava o quanto Maethe chamasse sua atenção, seu namorado continuava fazer danças malucas e gritar pra qualquer um que buzinasse para ele.
A viagem até meu condomínio foi bastante agitada, Felps mandava áudio a cada três minutos o que fazia Alan mostrar o dedo pela janela.
Ok, isso era muito engraçado... Coloca engraçado nisso.
A verdade é que eu não sabia como agir com Rafael sendo que dois dos seus melhores amigos e as namoradas deles, assistiam praticamente tudo que fazíamos.

Porra, Mia. Você conheceu um dos seus Youtubers preferidos, beijou um deles e ainda reclama porque o Alan dirige igual um louco?

Oh, não estou reclamando. Para falar a verdade, obrigada Deus por ter me dado essa sorte tremenda.

O fato é que, me sentia extremamente desconfortável com as piadinhas dos meninos e as cutucadas na barriga das meninas.
Assim que consegui ver a portaria do condomínio, suspirei aliviado e tirei o cinto.
– Chegamos! – Mandy gritou animada – Mia, você desce lá pra falar com o porteiro?
– Claro – peguei minha bolsa, Alan destravou as portas e desci do carro – Já volto.
Caminhei até a entrada principal e o portão enorme foi aberto.
– Boa noite, Luís – cumprimentei o porteiro que me ajudou no primeiro dia de mudança.
– Boa noite, Mia – ele respondeu com o seu típico sorriso contagiante – Posso ajudar em algo?
– Pra falar a verdade eu queria saber se tem duas vagas sobrando – apontei para os carros dos meninos, Luís sorriu triste e negou com a cabeça.
– Eles não podem colocar na vaga da minha mãe e da dona Lilian? – perguntei ainda com esperança – Por favor!
– Mia, é contra as regras do condomínio, mas vou abrir uma exceção. Só dessa vez! – ele me entregou dois cartões de visitantes e dei um beijo na sua bochecha.
– Muito obrigada mesmo, Luís – sorri para ele que balançou a cabeça rindo – Manda um beijo para Laurinha.
A neta de Luís era a coisa mais fofa do mundo, ela parecia uma garotinha de desenhos animados.
Laurinha sempre que pegava o elevador comigo não esquecia de desejar bom dia, boa tarde e boa noite. Pelo o que eu sei, a criação da menina de 9 anos era bem rígida, mas ela não deixava de ser uma fofa.
Assim que saí da portaria, fui até o carro de Felps para entregar o cartão.
– Oi, Mia! – Rafael gritou pela janela, acenei para ele e dei o cartão a Gabs.
– Oi, Rafa! – falei mais baixo que ele, Felps mandou um beijo no ar e me abaixei para falar com eles – Certo, vocês sobem a segunda rampa da esquerda e estaciona na vaga 94 –Felps assentiu e ligou o carro novamente.
Corri para o carro de Alan e o portão se abriu para que pudéssemos passar.
– Estaciona no 84, Alan – apontei para a vaga e Alan fez o que eu pedi – Pronto, chegamos!

Já estava escuro, com o calor então, todas as crianças e adolescentes preferiam descer para aproveitar a noite.
De longe consegui ver o quanto a quadra estava cheia, a piscina ainda estava aberta e tinha muitas senhoras conversando nos banquinhos perto do parquinho.
O carro de Felps estacionou na vaga da Mandy, Alan começou a bater na lataria e gritava "Porra, esse carro parece uma tartaruga"

(EM REVISÃO) Qualquer Negócio|Rafael Lange| CellBitOnde as histórias ganham vida. Descobre agora