17º Amanda, sua e nossa loucura.

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"Eu era apaixonada por você
Você costumava ser a primeira coisa que eu pensava
Eu sei que sou apenas uma amiga para você
Que eu nunca vou poder te chamar de meu" (Your Type - Carly Rae Jepsen

Algumas pessoas dizem que o aeroporto é um lugar muito melancólico.
Eu concordo.
O grande "problema" é que eu amo aeroporto, amo o ar melancólico que ele tem, amo as despedidas, amo os reencontros e amo viajar pelos os olhares de todas as pessoas ao meu redor.

Minha mãe passa uma imagem de que é uma pessoa bem liberal, mas se você a conhecer melhor começa a reparar que ela se torna bastante protetora com quem ela gosta.
Assim ela é comigo.
Eu olhava para o telão ansiosa e esperando dar 5:40 para poder embarcar.
Clara estava de pijama segurando minha bagagem de mão e mexendo algo no celular.
O aeroporto não estava vazio, tinha algumas pessoas dormindo nos bancos e outras esperando o mesmo vôo que eu.
Por fim chamaram meu vôo e me despedi de minha mãe.
– Cuidado na ida e na volta do colégio. Fica trancada ou pede para Amanda ficar com você no apartamento. Boa viagem – ela me deu um abraço e um beijo – Assim que eu tiver notícias da sua vó, te ligo.
Peguei minha mala de mão, dei um último abraço e entrei na sala de embarque.
Observei o local segurando o choro e a vontade de voltar.
Segui até o "túnel" que levava da sala de embarco para o avião.
Algumas pessoas sorriam para mim e outras apenas colocaram seus óculos escuros.
Meu assento era ao lado de um garoto da minha idade ou um pouco mais velho, sentei ao seu lado e coloquei minha bolsa no colo.
Ele tinha um livro da saga Harry Potter, meus olhos se fecharam para não gritar e agradecer a Deus por não ter companhia melhor para viajar.
Eu estava bem cansada, aliás eu tive que ir até a cidade do lado de Carazinho para pegar o vôo, foram 4 horas de viagem com a minha dizendo que devo manter a casa arrumada etc.

No meio da viagem tive que puxar meu livro para chamar a atenção do garoto ao lado e como vocês sabem, Mia Voltolini nunca tem tanta sorte várias vezes seguidas.
Acabou que o garoto dormiu do meio da viagem até o Aeroporto de Congonhas. Pelo menos ele não roncava, consegui dormir um pouquinho e por sorte não fiquei com dor de cabeça.
Com a mala em mãos atravessei o mar de gente para encontrar Amanda e meu pai.
Uma coisa que eu odeio é esperar, orando pada que os dois não estejam comendo ou algo do tipo.

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Mia: Onde vocês estão???? Tô do lado da livraria :)
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Como uma boa leitora, entrei na livraria desejando que meu pai e Amanda demorassem agora.
Agradeci a Deus pelo ar condicionado estar ligado. Sério, São Paulo é uma cidade mais bipolar do que eu, uma semana atrás estava frio e chovendo, agora está um calorasso.
A primeira coisa que eu procurei foi pelos livros da minha autora favorita. Tudo bem que todos seus personagens tem problemas com bipolaridade, mas quem liga? Foi por causa das histórias dela que eu ri a tarde toda.
Meus olhos se cruzaram com um pôster de Doctor Who, suspirei alto com raiva daquela merda de destino.
O grande problema de você gostar de alguém é que todas as coisas ao seu redor faz com que você se lembre dele, assim como o café aberto do outro lado da loja me fez querer gritar.
Deus, é pedir muito para que eu consiga não lembrar dele? Sei lá, apenas por DOIS MINUTOS.
Me escorei na estante de livros com um certo drama, deixei alguns livros caírem e tive que deixar minha cena de filme para mais tarde.
Assim que fui no caixa pagar pelo livro novo, dei de cara com uma Amanda alegre e com o sorriso do tamanho do universo.
– Miaaaaaaa – ela gritou me abraçando e fiz uma careta.
– Oi Mandy – abracei ela de volta e ela continuou gritando – Mandy, sei que você tá com saudades, mas sem gritar.
– Ai, como você é chata - ela desfez o abraço e pegou o livro da minha mão – Você adora essa autora né? Deus, essas personagens são loucas.
– Bipolares na verdade – a corrigi com um certo humor e saímos da loja – Ela escreve tão bem e os casais não são clichês.
– Isso é verdade, mas me diz, como está nosso otp? – ela me abraçou pelos ombros, mordi os lábios e ela riu – Beleza, me conta mais tarde.
– Sério, é tudo tão confuso que vou levar horas para explicar – procurei meu pai pela multidão até ver ele conversando com a garota da lanchonete.
O olhar da Amanda foi para mesma direção que o meu, ela abriu um sorriso e deu de ombros.
- Seu pai sendo seu pai - revirei os olhos e a puxei para ir comigo.
– Meu pai sendo o idiota de sempre – brinquei e ela concordou.
Andamos até meu pai e cutuquei seu ombro.
– Vamos? - perguntei, ele se virou e me deu um beijo na bochecha.
– Oi filha, vamos sim.
Ele pegou minha mala, Mandy me contava os babados do colégio e garantiu que as provas estarão fáceis, era só eu estudar.
Entramos no carro do meu pai ainda conversando até ele nos interromper.
– Para minha casa ou para sua? – meu pai perguntou e falei para ele ir para meu condomínio – Por que não vai para casa com seu pai?
– Eu tenho que pegar a Malu na casa da vizinha e porque eu não te aguento por três minutos – sorri forçado e ele revirou os olhos – Te amo, mas você é bem bagunceiro.
- Você parece sua mãe falando - ele acrescentou e olhei com uma cara feia – Tudo bem eu não falo dela.
– O mundo agradece.
– Podemos parar em algum lugar pra tomar café? - Mandy apareceu com o cabeção entre os dois bancos e com aquela de criança pidona.
– Boa ideia, tô morrendo de fome – fizemos HighFive e meu pai tentou achar alguma padaria aberta - Sabe, precisam melhor aquela comida do avião. Sei lá, colocar umas panquecas e lanches de verdade.
– Aposto que eles não tem culpa se você sente bastante fome - ela sorriu ironicamente e mostrei o dedo do meio pelo retrovisor.
- Bela amiga você, deveria me ajudar nessa causa - falei rindo e ela deu de ombros.
Meu pai parou em uma padaria perto de casa e fui a primeira a sair do carro.

(EM REVISÃO) Qualquer Negócio|Rafael Lange| CellBitOnde as histórias ganham vida. Descobre agora