9º Nariz quebrado e os irmãos perfeitos

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N/A: LEIAM AS NOTAS FINAIS!!

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"Há bastante deslealdade, ódio, violência, absurdo no ser humano comum para suprir qualquer exército"
- Charles Bukowski

Eu bufava, queria chorar de raiva, queria arranhar toda a cara da Rebeca, deixar ela sagrando até pedir arrego.
- Me dá a merda desse celular, ou vou quebrar sua cara - eu disse irritada, ela não se abalou como o esperado. Raquel agiu mais rápido e roubou o celular da irmã.
- Você pensa que é quem? Eu amo lembrar de que você não passa de uma estranha que nem faz a sobrancelha - Rebeca disse com deboche, fechei meu punho e ela direcionou o olhar para lá - Vai me bater, Mia? Você não é capaz...
Sem pensar duas vezes, minha mão fechada acertou o nariz dela em cheio, eu podia sentir a dor nos nós dos dedos, o grito dela e sangue pingando no chão.
- Se você pensa que eu sou a mesma menina de 10 anos, você tá completamente errada. Nunca ouse me desafiar, entendeu? - disse com raiva, Raquel apreciava a cena sem se mexer do lugar.
- Você é uma vadia - Rebeca gritou com o nariz sagrando enquanto tentava conter com a blusa de moletom.
- Vamos, precisamos limpar isso - Raquel pegou a irmã pelo braço segurando a risada, deu o celular na minha mão e saiu para algum lugar com a Rebeca urrando de dor.
Sorri por um momento. É tão bom extravasar a raiva que você sente por anos, uma das melhores sensações.
Certeza que minha mãe vai me dar sermão, eu realmente não me importo, até porque eu sofro com a Rebeca desde pequena. Estou no direito, né?
Me joguei na cama da Raquel, assim que fechei os olhos, abri rápido e assustada com os gritos da minha mãe
- MIA! POR QUE DIABOS VOCÊ BATEU NA SUA PRIMA? - gelei.
Desde quando ela tinha ficado tão brava? Logo atrás dela tinha minha tia com um bolsa de gelo no nariz de Rebeca, meu tio com olhar de poucos amigos e Raquel encolhida no meio deles.
- E-ela... Não quis devolver o celular e... Você sabe que ela me xinga e- minha mãe fez um sinal de pare com a mão e me encolhi na cama
- Eu não quero saber o que ela te fez, mas não foi essa educação que eu te dei. Estamos aqui por causa de um motivo e você TEM que se controlar - ela gritou. Ela nunca grita. Suspirei e assenti com a cabeça
- Vocês são primas... - minha tia resolveu se meter, para variar Rebeca riu e disse:
- Primas? Só se for em outras épocas, essa doida...
- Você para também, não é flor que se cheira - minha mãe disse. Essa sim é a dona Clara que eu conheço. Sorri de lado, levantei da cama e devolvi o celular para Raquel.
- Temos que conversar ainda - minha mãe me puxou pelo braço até o quarto onde estava hospedada e fechou a porta com tanta força que achei que iria quebrar.
- Você viu o estado do nariz da sua prima? - ela perguntou agora mais calma, sentei na cama enquanto ela ficava de pé, na minha frente - E aí, o que eu faço? Me diz! Não pode bater em todos quando ficar nervosa, igual aconteceu com aquela Giovanna.
- Eu sei, mas não consigo controlar.
- Vou te levar em um psicólogo assim que chegar em São Paulo. Parece excessos de raiva - abaixei a cabeça e tirei os restos de esmalte das unhas.
- Agora eu preciso que se desculpe com a Rebeca, para não ficar um clima chato. Por favor - ela pediu, bufei. Odeio me redimir, ainda mais com pessoas que eu odeio.
- Eu vou dar uma volta pela cidade, tô levando o cartão pra comer por lá mesmo - vesti uma calça jeans, calcei o par de botas que estava jogada do lado da cama e ignorei o máximo a cara de indignação da minha mãe por eu decidir sair logo no meio do sermão.
- Você não está fazendo isso - ela colocou a mão no rosto desacreditando, peguei meu cartão e o celular.
- Eu estou precisando respirar, pensar um pouco, ok? - ela assentiu, sai do quarto amarrando o rabo de cavalo e acabei trombando com Raquel
- Vai sair? - ela perguntou com a voz arrastada, assenti e os olhos dela brilharam - Posso ir com você? Por favor!
- Não sei, eu queria ficar sozinha um pouco - ela encolheu os ombros e disse tudo bem, senti que era a pior pessoa do mundo - Ok, vamos... Se arruma rápido.
- Já estou arrumada - ela pegou a blusa xadrez que estava na cintura e a vestiu.
Raquel era uma pessoa bem sensata para sua idade.
A garota tinha cabelos castanhos, igual ao meu, seus olhos eram grandes e fundos. Sobrancelhas grossas contornavam seu rosto e por último, ela tinha lábios cheios e rosados, que eu particularmente achava um charme.
Já eu tinha os fios do cabelo tingidos de ruivo alaranjado e nas pontas dos fios tingi de azul. Meus lábios eram grandes, porém, finos. Não havia perfeição no meu rosto, mas ele era tomado por sardas em baixo dos olhos. Eu amava os meus cílios serem enormes e bem chamativos, assim eu não precisava ficar horas passando rímel. Meu maxilar era alto e eu achava aquilo horrível. Meus olhos eram puxados, porém grandes assim como o da Raquel.
- Certo, você não jantou né? - perguntei à Raquel enquanto descíamos a larga escadaria da casa. Ela negou como esperado - Tem algum lugar bom para comer? Faz um tempinho que não venho aqui, acho que as coisas mudaram um pouco.
- Conheço um restaurante bem legal, tem pessoas da sua idade e é perto da sua antiga escola - ela disse e eu assenti.
Antiga escola.
Casa do Rafael.
Merda.
- Vão sair? Sem jantar? - meu tio perguntou indignado, Raquel assentiu, ele bufou e acenei com a mão - Cuidado na volta, hein?

(EM REVISÃO) Qualquer Negócio|Rafael Lange| CellBitOnde as histórias ganham vida. Descobre agora