Especial de Ano Novo

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"Porque eu espero
Nunca me arrepender
Do que foi dito naquela noite
Que meus olhos sejam sempre seus
Saiba que,
Levarei o que puder
Quando disseram antes, suavemente
Conversando na calada da noite,
Que meus olhos são seus." (All eyes on you - St Lucia)

A prova estava um porre, eu me concentrei apenas na última questão.
Vamos lá, Mia.
Só essa questão para você ir embora e dizer tchau para o ensino médio.
Eu brincava com a borracha entre os dedos pensando em como eu ia resolver aquele problema de matemática.
Só tinha eu e o professor de Matemática na sala de aula.
Olhei para o teto tentando achar alguma luz de Deus e marquei qualquer questão.
Guardei meu material na mochila e fui até a mesa do professor entregar a prova.
– Tenha um bom Natal – ele falou com um sorriso do demônio no rosto e nem fiz questão de responder.
O colégio só não estava vazio graça aos meus colegas de sala que estavam preparando os últimos detalhes da formatura.
Avistei Mandy colocando um cartaz na entrada principal e corri até lá.
– Oi besha – gritei no ouvido dela que pulou de susto.
– Caramba, Mia.
– Me desculpa. Quer ajuda? – deixei minha mochila encostada na parede e arregacei as mangas da blusa jeans que eu usava.
– Não precisa, amiga – ela desceu da escada e ficou na minha frente com os braços cruzados.
– O que foi? – perguntei e ela negou com a cabeça.
– Que tal me contar sobre Miellbits? Eu esperei igual uma retardada ontem e nada – ela fez uma cara de triste e revirei os olhos – Não revira os olhos para mim.
– Tudo bem, mamãe – levantei as mãos como rendição – Eu acabei dormindo mais cedo, sabe como é.
– Sei sim, mas quando ia contar que gravou um vídeo com o Cellbit e o Felps – ela falou mais baixo por conta de uma turminha do primeiro ano que estava no corredor.
– Eu queria fazer uma supresa – dei de ombros e ela me deu um tapa na cabeça – Amanda!
– Isso é para você lembrar que eu e a Sah odiamos surpresas. Mais de 100 mil pessoas irão ver você.
– É, eu sei. Sabe o que mais eu tô com medo? – me encostei na parede.
– Das pessoas te xingando. Eu sei, amiga.
– Eu tenho medo de responder e elas me acharem um monstro – Mandy apoiou as mãos nos meus ombros.
– Eu xingo elas por você – comecei a rir e abracei Mandy de lado – E na hora que vocês se olham, foi tão fofo.
– Chega, por favor – cobri meu rosto com as mãos e Amanda começou a rir.
– Ok, desculpinha. Me diz como foi a prova, tava fácil?
– Aquele troço foi feita pelo demônio, consegui fazer mais da metade – peguei minha mochila do chão e Amanda desmanchou a escada que ela utilizou.
– Eu falei pra você estudar, mas a Mia escuta a Mandy? – ela pegou sua mochila também e seguimos para o pátio.
– Não, Mia não escuta a Mandy e acaba se fodendo – Amanda concordou rindo e finalmente saímos do colégio.

A formatura seria no domigo, uma semana antes do natal e claro, minha mãe me obrigou a participar.
Agora eu mal sei se ela vai querer mesmo vim, ou vai deixar que a tia Lilian (mãe da Mandy) agisse como minha mãe.
Eu espero de coração que ela venha, porque eu não vou entrar naquele vestido apertado por nada.
– O evento é quando mesmo? – Amanda perguntou e eu bati na testa – Você esqueceu né?
– Sim – ri junto com ela – Senão me engano é uma semana antes do Natal, ou seja, semana que vem. No sábado – Mandy sorriu animada e por fim, estávamos na entrada principal esperando a mãe dela.
– Você vai me levar né? – ela perguntou com aquela cara de cachorro que caiu da mudança – Diz que sim!
– Posso até levar, mas e sua credencial? – perguntei e ela fez um bico chatiada.
– É mesmo... O Rafa bem que...– eu a interrompi e olhei indignada para a cara da minha amiga.
– Eu não vou pedir outra credencial pra ele, amiga. Vai parecer que eu tô me aproveitando dele, entende? – falei com cautela e ela deu de ombros.
– Te entendo, mas eu vou de qualquer jeito – o carro prata da Tia Lilian parou na nossa frente e entramos.
– Oi meus amores – ela apagou o cigarro e jogou pela janela – Tudo bem?
– Oi mãe – Mandy fez uma careta por conta do cigarro e a tia Lilian forçou um sorriso.
– Oi tia, tô ótima.

(EM REVISÃO) Qualquer Negócio|Rafael Lange| CellBitOnde as histórias ganham vida. Descobre agora