Capítulo Cinquenta e Quatro

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— Por que ainda tenta? — ele fala. — Não vai conseguir.

Eu o encaro. Não consigo fazer nada. Meu coração bate forte. Acorde, Claire.

— Você é mesmo ingênua — a cada passo que ele dá para frente, eu dou um para trás. — Matou Rodrigues e eu ainda sou obrigado a ouvir você se culpando.

Minhas costas encostam contra a parede do fim do corredor. Não tem escapatória.

— Acha que eu gosto de você? Acha que alguém gosta de você? — seus passos se tornam mais pesados e lentos. — Você mata todos ao seu redor. Por que não faz algo de útil logo?

Encolho-me quando percebo que ele já está bem perto. Meu coração bate forte. Harry está cada vez mais perto e eu cada vez mais perto do chão.

— Acorde, Claire — eu o vejo se agachar perto de mim. Ele inclina seu corpo em minha direção. — ACORDA!

Então, eu vejo que seus olhos não estão mais vermelhos. O chão não é o mesmo. A parede é de outra cor. Estou no banheiro de novo. Harry está abaixado e inclinado em minha direção, mas eu sei que esse é o real.

Ele me ajuda a me levantar. Então, eu vejo a porta arrombada e os cacos de vidro do boxe no chão.

Demi e Bia me olham ser retirada do banheiro com Harry.

***

— Não acredito que ele fez isso. — Bia fala após eu contar toda a história para eles.

Ainda me sinto mal. O fato de amanhã ser o dia que eu vou embora nem me incomoda mais. Na verdade, não sei se é amanhã, mas acho o mais provável. Ele falou três dias, e se estiver contato com o de ontem, amanhã será o terceiro.

Já está anoitecendo. Então tenho pouco tempo com meus amigos.

— Eu também não — digo.

Lágrimas escorrem por meu rosto. Não queria que eles me vissem chorar. Mas não estou nem ligando agora.

Harry está deitado comigo na cama enquanto Bia e Demi nos observam de pé.

— Preciso descansar — falo. — Amanhã será um dia longo. Preciso tentar esquecer isso.

— Tudo bem... — diz Harry. — Descanse...

***

Acordo já no outro dia com os alto-falantes do prédio.

— Hoje, os Sinistros não trabalharão. Todos irão assistir à saída de Claire Roberts ao meio dia. E que fique bem claro, não desobedeçam as regras. Bom dia.

Harry também parece acordar ao meu lado. Meu coração acelerado deve ter o despertado.

— Repetindo, hoje os Sinistros não trabalharão. Todos assistiram à saída de Claire Roberts. Bom dia.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Harry me abraça fortemente. Eu me sinto um pouco melhor em seus braços. Mas ainda estou preocupada. Não quero sair. Não quero deixá-lo. Não quero deixar minha irmã.

— Está tudo bem — diz Harry. — Você vai ficar bem.

***

Enquanto estamos tomando café da manhã — sendo observado por todos, é claro — eu só consigo pensar em deixar Bia aqui dentro.

Demi percebe meu desespero e pega a minha mão. Ela sorri e eu tento retribuir, mas não sei do jeito que queria.

Harry pega minha outra mão. Fazia tempo que eu não tomava café da manhã. Mas não estou com fome. Só desci para acompanhar os outros.

De repente, sinto uma mão em meu ombro. Viro-me. Louis.

— Claire... Me desculpe... — ele fala, gaguejando.

Meu coração dispara. Imagens da minha quase queda me vêm a cabeça. Começo até a ficar tonta. Aqueles olhos. Tentaram. Me. Matar.

Harry se levanta e tudo que vejo é seu punho acertando o rosto de Louis.

O garoto cai no chão imediatamente. Harry sobe em cima e levanta o punho para soca-lo novamente. Todos viram seus olhares rapidamente para eles. Vejo um Guarda correr em nossa direção e tudo que penso é em uma das regras.

"BRIGAS SÃO EXTREMAMENTE PROIBIDAS!"

Pulo do banco e puxo Harry rapidamente.

— Seu desgraçado! Filho da puta! — ele grita. — Eu vou te matar!

— Harry, para! — eu o tiro de cima de Louis.

O nariz do monstro sangra. Seus olhos estão cheios de lágrimas.

O Guarda finalmente chega e empurra Harry.

— Algum problema? — ele fala.

— Já acabou. — Falo para o Guarda — Por favor, finja que não viu. Só essa vez.

Ele me encara, furioso.

— Só dessa vez, Styles — ele aponta o dedo para Harry. — E você, aproveite seu último dia.

A última frase foi para mim. Então ele sai, sem se importar com Louis no chão.

Puxo Harry comigo.

— Vamos — falo.

Nós passamos pelo garoto caído e andamos até as escadas, onde não há ninguém.

Nós nos viramos um para o outro e eu me jogo em seus braços.

— Ele é horrível — falo enquanto solto minhas lágrimas, molhando seu ombro. — Mas não precisava ter feito aquilo. Mesmo assim, obrigada. Acho que eu estava com vontade de ver aquele nariz sangrando.

Harry me aperta com seus braços.

— Está tudo bem — ele fala. — Louis mereceu. Ele merece muito mais.

Aperto Harry mais forte ainda. Não quero me soltar de seus braços. Me sinto triste. Como se eu estivesse sozinha. Como se não tivesse ninguém.

Me sinto destruída. Parece que algo dentro de mim explodiu e espalhou tristeza para todas as partes do meu corpo.

— Atenção a todo condomínio! — ouço os auto-falantes. — Desçam para se prepararem para a despedida de Claire, enquanto ela arruma suas coisas para ir embora.

Meu coração aperta.

*Ultimo capitulo se aproxima gente... Vão sentir saudades?*

SinistraWhere stories live. Discover now