Capítulo Trinta e Oito

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Notas

Que susto! Alguns de vocês viram que a história tinha sido removida. Não fui eu que removi. Parece que alguém denunciou e o Wattpad tirou do ar. Mas eu falei com o suporte e eles admitiram o erro e restauraram. Que sorte!

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Louis não fingiu que eu não existia hoje. Ele até me escolheu para fazer dupla de novo. Isso por um lado é bom, mas por outro é ruim. Não quero que ele pense que eu gosto dele. Cada vez que ele olhava para mim, eu aumentava a porcentagem de que ele gosta de mim. E isso é ruim. Tenho tantos problemas para resolver e meu chefe apaixonado por mim não pode entrar no meio deles.

Já chegamos no condomínio. Eu vou para o meu apartamento. Meus pensamentos borbulham enquanto estou subindo as escadas. Eu vou sair hoje. Vou para aquele armazém. Mas como vou sair do condomínio sem ser percebida? É quase impossível sair desse condomínio. Além disso, preciso levar uma pessoa que eu não sei mais se confio nela ou não. Harry.

A confiança passou a ser uma armadilha para mim. Não posso confiar em ninguém. Parece que estou sendo enganada por todos que conheço. Isso só dificulta as coisas. O condomínio não parece mais seguro.

Finalmente chego no corredor do meu apartamento e vejo Bia lá de novo. Ela está sentada na frente da minha porta. Então se levanta ao me ver. Eu não expliquei nada à ela e ainda não sei o que ela foi fazer na frente da minha porta mais cedo. Não tive tempo para nada, mandei todos para fora do meu apartamento e coloquei o uniforme de Sinistra. Esse dia está sendo muito longo.

— Desculpa eu não ir te ver no hospital quando seus amigos foram! — diz ela. — Eu não sabia que tinha acordado. E nem sabia que tinha sido liberada. Mas eu fiquei lá enquanto você dormia e...

— Tudo bem — digo.

Ela ainda não parece estar tranquila. Seus olhos fixam nos meus. São verdes. Igual os da mamãe. Ela me lembra bastante minha mãe e todos dizem que eu me pareço com o meu pai. O que era verdade. Meu pai sempre estava ocupado, igual minha mãe. Eu vivi praticamente me virando sozinha. Eu quase nunca tinha tempo de ver meu pai em casa.

Uma vez, ele conseguiu — implorando para seu chefe — férias por um mês. Aquele foi o melhor mês da minha vida. Meu pai era essencial no que trabalhava. Eu não sei até hoje no que era. Ele nunca me contou e eu não tinha interesse em saber. Além disso, não queria desperdiçar o tempo que tínhamos juntos fazendo perguntas sobre seu emprego.

— Claire, eu estou com medo — diz ela. — Eu sei que você vai sair do condomínio sem permissão. Você é a única família que me sobrou. Não quero te perder.

Percebo que ela está segurando lágrimas. Eu a entendo. Também estaria com medo se eu estivesse no lugar dela. Eu estou com medo.

— Vai ficar tudo bem — digo.

Eu a abraço. Ela me aperta fortemente em seus braços. Lembro-me quando tive que buscá-la na escola com dez anos. Ela correu para me abraçar. Seus braços eram tão pequenos e macios. Nunca pensei que enfrentaríamos isso tudo. Nunca pensei que ela iria crescer.

— Eu não quero que você vá... — fala ela.

Sua voz falha.

— Eu preciso ir — falo. — Tem muita coisa acontecendo. E uma dessas coisas tem a ver comigo.

Ela me aperta com mais força. Acho que ela nem pensa em me soltar mais. Eu tenho me metido em tanta encrenca. Ela já teve que ouvir duas vezes que eu estava fora do apartamento de tarde, quando os Sinistros não precisam sair. Isso deve ter a traumatizado. Provavelmente torce para que ninguém diga que eu estou morta.

SinistraWhere stories live. Discover now